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X Coloquio Internacional de Geocrítica

DIEZ AÑOS DE CAMBIOS EN EL MUNDO, EN LA GEOGRAFÍA Y EN LAS CIENCIAS SOCIALES, 1999-2008

Barcelona, 26 - 30 de mayo de 2008
Universidad de Barcelona

NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DA FORMAÇÃO DE "TERRITÓRIOS CONSERVADORES DE PODER": O EXEMPLO DE GUARAPUAVA/PR – BRASIL

Márcia da Silva
Universidade Estadual do Centro-Oeste
msilva@unicentro.br

Nociones introductorias de la formación de "territorios conservadores de poder": el ejemplo de Guarapuava/PR – Brasil (Resumen)

Buscando profundizar las relaciones entre poder y espacio, el objetivo principal de este texto es comprender como se da la formación de los denominados territorios conservadores de poder. Aborda tres líneas principales, en sentido amplio, que fundamentan la formación de esos territorios. La primera de ellas dice respecto a la ocupación histórico-geográfica que, se entiende, se dio de manera diferenciada regionalmente. La segunda se motiva en las características socio-económicas recientes, producto de ese primer proceso y de otros que ayudaron a evidencar sus diferencias y similitudes. La tercera línea está asociada a la vinculación política y a las relaciones conservadoras de poder, con elementos referidos a las prácticas clientelistas, a la política sostenida en el cambio de favores con elevada asociación personificada del poder en oposición A la poca o la ninguna mediación de las instituciones. Así, son dos los abordajes vinculados al conservadurismo: una en el sentido de relaciones económicamente menos dinámicas y otra en el sentido de relaciones de poder políticamente arcaicas o tradicionales.

Palabras-clave: Territórios conservadores de poder, redes sociales de poder, Guarapuava-PR

Notions introductory from the formation as of "territories conservative of power": the example as of Guarapuava/PR – Brasil (Abstract)

Fetching to deepen the amidst relations power and space, the objective to understand is the one of realizing the formation of the territories, named conservative of power. Approaches three main master lines, in an extensive sense, that justify or substantiate the formation of these territories. The first of them concerns to the historical-geographical occupation that, as understood, happened regionally by a distinguished way. The second motivates itself in the recent social-economic characteristics, as a product of this first process and others which helped to evidence their differences and similarities. The third line is motivated in the political link and power conservative relations, with elements referred to clientele practices, the politics supported by exchange favors, with high association personified of power, in opposite of little or no mediation of the institutions. So, two approaches are linked to the conservatism: one in order to relations economically less dynamics and other in order to power relations politically archaic or traditional.

Key-words: Conservatism territories of power; social nets of power; Guarapuava-PR

As discussões sobre poder ou poder local[1], elemento essencial neste estudo, não se constituem tradição na Geografia, apesar de serem realizadas há muito por estudiosos de outras áreas científicas. Afirma Raffestin (1993, p. 5) que isso ocorre em função da Geografia ter sido quase sempre “rebelde à introdução de noções que não são objeto de uma tradução espacial imediata”, fato que tem se transformado nas últimas décadas.

Neste trabalho a hipótese é a de que as relações que ocorrem na sociedade supõem um sistema no qual circula o poder. Sendo "consubstancial a toda relação (...) o poder não é uma categoria espacial nem uma categoria temporal, mas está presente em toda ‘produção’ que se apóia no espaço e no tempo" (Raffestin, 1993, p. 6).  É em conseqüência de premissas como esta que a discussão da formação de "territórios conservadores de poder", núcleo central de análise, se fundamenta. Afirma-se, com isso, que o poder se reproduz espacialmente e, portanto, está presente também nas formas espaciais.

Assim, as pesquisas sobre poder, mesmo o poder local, não devem limitar-se a fronteiras político-administrativas, embora sendo nelas, com a existência de diversos poderes legitimados, como o próprio poder público, as associações de municípios, por exemplo, que o poder político é mais bem estruturado. Nesse sentido, para Davidovich (1993), a viabilidade de uma escala local de poder está, mesmo numa economia capitalista e ainda que articulada a outras instâncias de dominação, no suporte de bases sociais locais, sustentado pelas elites (como na teoria das elites)[2], grupos econômicos, políticos e instituições.

Essas bases interferem na organização e na construção do espaço em seu conjunto, levando-se em conta que suas ações estão inseridas no contexto mais dinâmico de relações de poder. Como Davidovich, Daniel (1988, p. 30) discorre que os grupos dominantes locais

“se representam como portadores da tradição local e do esclarecimento, razão pela qual se percebem como responsáveis pela condução do município e pelo seu futuro. (...) Na medida em que sua constituição se dá no nível simbólico [são formados] por agentes sociais de raízes heterogêneas: profissionais liberais, membros do empresariado local, das classes médias assalariadas do município, etc.”

Mas o essencial para o controle político hegemônico de alguns grupos nem sempre se encontra no interior desses limites e, muitas vezes, não tem nem existência física nos mesmos, muito embora sua influência seja decisiva.

Tendo como suporte esses pressupostos, este texto está centrado nas discussões sobre os grupos de poder local e os "territórios conservadores de poder" em Guarapuava, no estado do Paraná-Brasil. A busca é pelo aprofundamento e compreensão do que torna ou "aflora" em um determinado território para que o mesmo possa ser considerado "conservador". A partir de algumas leituras entende-se o termo/conceito conservador como resultado da tradição, das relações de tempo lento, da observação cotidiana de certos hábitos de vida, de valores morais etc. Assim, a princípio e como objeto de estudo, qual é a singularidade do centro-sul do Paraná e de Guarapuava para que sejam considerados "territórios conservadores de poder"? Na abordagem exposta a possível "resposta" está na formação histórico-geográfica regional e nas próprias relações de poder político, além dos instigadores desses processos, ou seja, as formas de produção e seu viés econômico.

Abaixo (Figura 1) é possível acompanhar a linha de pensamento que trouxe inquietações e permitiu a estruturação da hipótese de estudo. O caminho teórico-metodológico apresentado, na seqüência, direcionou sua construção.

 


Figura 1. Esquema interpretativo: questionamentos que conduziram à pesquisa.
Fonte: Elaboração própria.

 

Poder e espaço - teorias e metodologias para o estudo dos "territórios conservadores de poder"

A metodologia para esta reflexão foi elaborada a partir das análises em jornais locais, de entrevistas e das redes sociais. 

Em relação aos jornais, foram pesquisados aqueles com circulação periódica (diária ou semanal), nos períodos pré e pós-eleições municipais, buscando identificar a imprensa como fonte de pesquisa, mas também concebê-la como um meio que concentra grande capacidade de produzir significados hegemônicos e que possui interesses próprios em decorrência de sua posição como instrumento de poder em razão das fortes relações existentes entre os proprietários desses meios de comunicação e as elites políticas e econômicas, em especial as locais (Silva, 2002, p. 203).

Assim, é preciso ficar atento para o que os jornais reproduzem, a quem protegem e a quem aniquilam. Nesse sentido, a análise procura ver e entender os jornais enquanto veículos de divulgação e peças importantes no jogo do poder, já que proporcionam aspirações, comportamentos e valores diversos, bem como levam a referências de grupos sociais pelas imagens e idéias que divulgam e pelos discursos que reproduzem, "pois suas matérias exaltam alguns indivíduos, como rechaçam outros" (Silva, 2002, p. 64). Além desse processo, a investigação propiciou uma abordagem interdisciplinar histórica e geográfica, demonstrada a partir do momento em que os jornais apontam a perspectiva através da qual o próprio campo de prática social passa a emprestar a voz que consubstancia o conhecimento produzido. Como o jornal apresenta certo grau de autonomia que o faz sujeito histórico revela, por meio do discurso que formula, uma rica trama social.

Mesmo sem tratar a postura político-ideológica dos mesmos, a escolha pela pesquisa em jornais se justifica por serem eles meios de expressão de parte da sociedade, desvendando, em sua materialidade, a voz daqueles que, de alguma forma, podem exteriorizar seus pensamentos como um caminho para entender a história vivida, apesar do acesso ainda restrito aos mesmos. Além dos jornais, os meios de comunicação oral, de abrangência mais ampla, como o rádio e a TV (apesar de não ponderados como fontes para o estudo) têm papel muito importante como formadores de opinião, sendo uma via consubstanciosa para a criação e a circulação de conteúdos simbólicos. 

Em relação às entrevistas, elas vêm sendo utilizadas intensamente e de forma inovadora em diferentes áreas da ciência, como afirmam Tompson (1992), Hall (1992) e Janotti (1993), conformando-se na principal técnica das pesquisas da história oral. O próprio Hall (1992), no entanto, alerta para alguns elementos que precisam ser considerados quando do uso dessa metodologia, já que a mesma se fundamenta em estudos referentes à experiência social de pessoas e de grupos, portanto, das experiências de vida que devem ser respeitadas. Mas há formas mais específicas de análise a partir da história oral, como a que utilizamos, que se restringe ao estudo de um tema ou parte da experiência de vida do entrevistado. Nesse caso, a história oral é denominada de história oral temática (Meihy, 1994 e 1996).

Para este trabalho os entrevistados foram escolhidos a partir dos seguintes critérios: aqueles considerados formadores de opinião e, portanto, com papel social relevante; aqueles com participação política importante junto aos poderes político-econômico-sociais locais e/ou; aqueles que possuem algum tipo de ligação (na atualidade ou no passado) com a política local.

Assim, foram entrevistados empresários atuantes no comércio, nos serviços e na indústria, com empresas consideradas de grande porte (o critério foi o número de funcionários) e de capital local, de preferência, mas não exclusivamente, em virtude do número inexpressivo das mesmas; proprietários rurais de porte médio-grande, tanto os considerados latifundiários tradicionais, como os "novos" latifundiários, dentre estes os Suábios do Danúbio[3], ponderados como responsáveis pela modernização da agropecuária da região (apesar de também serem responsáveis por uma recente concentração de terras) e migrantes sulistas; pessoas que ocuparam/ocupam cargos políticos no município (como ex e atuais prefeitos e ex e atuais vereadores) ou em outras escalas, como os deputados estaduais (ex e atuais) e os deputados federais (ex e atuais); algumas pessoas foram entrevistadas, ainda, por constarem na lista oficial da Justiça Eleitoral, do município, como colaboradores das campanhas para prefeito e outros, notadamente os empresários do setor madeireiro.

Apesar de abertas, as entrevistas foram norteadas por um rol de questões que obrigatoriamente deveriam ser feitas, quais sejam, aquelas que serviram de “matéria-prima” para a caracterização e a compreensão das relações entre os grupos político-econômicos locais e para a detecção das redes sociais. O objetivo era o de fazer com que a rede, como aporte metodológico, ajudasse a explicar a problemática estabelecida, a da formação de "territórios conservadores de poder", pela sua representação, tanto a partir dos vínculos (e da intensidade dos mesmos) entre os grupos político-econômicos, quanto no interior dos grupos e nas suas relações imediatas (políticos, empresas privadas e órgãos representantes desses grupos), bem como na rede em conjunto.

Entrevistar ou conversar com as pessoas possibilitou, assim, o registro do fato e a possibilidade de desconstruí-lo no seu próprio tempo, descobrindo situações novas, não no sentido de apontar o excepcional, mas de se chegar ao que era inatingível, pelo menos pelas outras formas de olhar. "Neste caso, percebe-se a história oral como uma manifestação coerente com o tempo em que vivemos, como forma de captar um instante da nossa própria história" (Meihy, 1994, p. 54).

A análise dos jornais e das entrevistas nos remete a outro elemento analítico significante, prioritariamente em estudos como este: o discurso. Ele se faz presente, de forma perspicaz, nos objetos de divulgação social, se manifestando através de diferentes formas de poder e se transformando, convenientemente, através do tempo. A análise, assim, foi importante no sentido de desvendar o que expressam (ou ocultam) estes discursos, dependentes, na forma e no conteúdo, do poder político-econômico ou simbólico por eles acumulado. Assim, é o discurso do poder que o concebe como verdadeiro, sustentando-se no ocultamento do contra-discurso. 

De acordo com Silva (2000), se é o discurso que assegura ao poder legitimidade, ao trabalhar com um conjunto desses discursos, faz-se necessário pensá-lo além escrito, ouvido, sentido. Como os discursos apreendem a realidade, possibilitando o “refazer” do passado, assume-se que exercem papel primordial nas práticas sociais. Importa, pois, saber como vão produzindo efeitos de poder e controle, fazendo com que  as coisas sejam pensadas de um jeito e não de outro.

A revelação de contra-discursos, inerentes aos discursos elaborados pelos grupos ou indivíduos ocorre na análise de suas práticas e ações, já que, a priori, não há uma divisão entre discursos aceitos e não aceitos ou discursos dominantes e dominados. O que há é uma multiplicidade de elementos discursivos que atua ora em razão de uma estratégia ora em razão de outra, independentemente do grupo que os elabora. E aí é possível lembrar Bakhtin (1992), que afirma que o homem aprende a ver o mundo pelos discursos que assimila. Então, é pelos valores incorporados de seu mundo que o sujeito é orientado em sua ação, individual ou coletiva. Mas é preciso ficar atento, pois se evidencia quase sempre o discurso dos grupos ou dos atores dominantes, indicando que o poder é constituído e legitimado pelo discurso.

Diante dessas premissas, foi possível construir algumas noções da formação de "territórios conservadores de poder", sendo elaborado o trabalho que aqui se apresenta. Na análise do Paraná Tradicional, os campos de Curitiba e os Campos Gerais são outros.  É neles que o "moderno" se encontra com o "tradicional"; dos campos de Guarapuava e de Palmas, no entanto, permanecem relações políticas conservadoras e economia ainda pouco dinâmica baseada, prioritariamente, na agropecuária e na extração e algum beneficiamento da madeira. O Paraná “moderno” chegou com a urbanização, resultado da concentração fundiária e da modernização agrícola que produziu novas relações de produção e de trabalho no campo e expulsou seus moradores, e aí são exemplos tanto o Norte, com Londrina e Maringá, como o Oeste, com Cascavel.

Convém lembrar que esse é o Paraná divulgado pelos seus governantes, pela mídia e até mesmo pelos paranaenses. O Norte pujante e dinâmico e a capital, conhecida e reconhecida mundialmente por uma série de melhorias que atendem, na verdade, a poucos. É o Paraná da soja, do trigo e do milho produzidos para a exportação e o do quarto maior parque industrial do país. É a imagem expressa por um símbolo, o da modernidade. Assim, esses espaços tornaram-se simbólicos, posto serem "vendidos" através de uma imagem construída, real para poucos. Contrariamente, o que se expressa neste artigo é um outro Paraná, vivido por muitos.

A partir do exposto a abordagem tem como objetivo compreender a formação de "territórios conservadores de poder", identificados a partir das condições históricas de ocupação e formação territorial, das características socioeconômicas daí decorrentes e dos grupos de poder político locais e seus discursos legitimadores de ideologias e de práticas sociais determinadas. A organização desses grupos pode ser observada pela análise das redes sociais, representativas de alianças e de dissidências dos atores políticos hegemônicos.

Redes sociais e "territórios conservadores de poder" em Guarapuava-PR

A pesquisa realizada utiliza-se da rede social como aporte metodológico a partir dos critérios de análise de jornais e de entrevistas, mas também como uma forma de leitura da realidade investigada, permitindo melhor intensificar e entender os "territórios conservadores de poder".

As redes sociais são formadas a partir de relações ocorridas em um determinado momento e, por isso, muitas vezes, limita o estudo, demandando constantes reelaborações. Neste sentido, a finalidade foi a de construir uma metodologia para a análise dos grupos de poder que permitisse representar as relações entre os mesmos, seus vínculos mais estreitos e os atores centrais ou que possuem maior capacidade de comunicação e informação, portanto de poder, na rede. Destaca-se o fato de que sua análise permite enxergar mais que a intersecção de pontos e linhas. Comporta os silêncios, os acordos tácitos, quase nunca confessos, por isso a rede é o percebido. 

A rede é, ainda, uma forma de avaliar, sem constrangimento dos atores, suas relações mais próximas, aquelas que, por vezes, estes não desejam explicitar. Nesse ínterim, a análise da rede social desvenda a realidade, sendo sua representação. E se representa os acordos e os conflitos das relações de poder entende-se que representa, também, os "territórios conservadores de poder", já que são formados tendo por fundamento o universo simbólico conservador que os institui.

A rede social de poder, em Guarapuava, é internamente composta por quatro grupos, com atores que transitam, a todo momento, de um grupo a outro. Nos grupos e na rede o que fazem estes atores é buscar assegurar funções, influenciar, se aproximar e fortalecer primeiramente seu grupo, sua rede imediata e, somente num segundo momento, a rede em conjunto. É formada por um grupo seleto de políticos e empresários locais que se “auto-ajuda” para a manutenção do poder ou para a sua conquista, mesmo que as relações sejam bem mais amplas, como é o caso dos políticos e suas vinculações com os eleitores.

A existência na rede social de poder é também primordial para os mesmos pois, em sua maioria, é somente através dela que se mantém enquanto grupo (e no contato com os outros grupos da rede) com participação efetiva nesta. Mas, nesse território de conflitos, as lutas são travadas muito além da dimensão política e da dimensão econômica. As lutas são também simbólicas, como aquelas ocorridas no “campo de batalhas” abordado por Pierre Bourdieu (2000).

Aqui, os discursos são de "renovação" e da tradição dos principais grupos de poder político local como forma de apoderar-se do imaginário social para a permanência ou para a conquista do poder. Foi também a partir daí que se oportunizou o aprofundamento do termo/conceito de "territórios conservadores de poder" já que, no nosso entender, apesar dos elementos histórico-econômicos apresentados em sua formação, é na vinculação política e nas relações conservadoras que se torna possível sua existência.

"Territórios conservadores de poder": do que estamos falando?

Na Geografia, que "se arroga o privilégio de ser a disciplina do espaço social" (SOUZA, 1995, p. 81), as discussões sobre o território[4] têm como marco as pesquisas de Robert Sack[5] e Claude Raffestin. Raffestin (1993, p. 144) discute a relação e a distinção entre território e espaço. Para esse autor, o espaço "é, em primeiro lugar, um dado que antecede à invenção humana" (Raffestin, 1993). Então é formado pela expressão, pelo que se vê. Mas há outro, o espaço em seu conteúdo, aquele que tem seu significado dado pelos atores sociais, pelo percebido. Há, deste modo, um espaço visível e um espaço abstrato, simbólico, ligado às ações e às relações que se inscrevem como território. O território, daí, "é um espaço onde se projetou um trabalho, seja energia e informação, e que, por conseqüência, revela relações marcadas pelo poder. O espaço é a ‘prisão’ original, o território é a ‘prisão’ que os homens constroem para si".

De acordo com Haesbaert (2002), o território surge quando, dentre outros, um indivíduo ou um grupo busca atingir, influenciar ou controlar pessoas, fenômenos e relacionamentos em determinada área geográfica. É a área de atuação de uma ação política ou político-econômica ou de proeminência de relações simbólicas. Com isso, é essencialmente um espaço definido e delimitado em razão de relações de poder.

Ainda segundo o autor, o território se constitui como relações sociais projetadas nesse espaço, que podem formar-se e dissolver-se em escalas temporais muito rápidas ou não, ter existência regular ou periódica, ainda que o substrato espacial seja o mesmo. Por isso afirma que os territórios podem, também, ser estruturados ou desestruturados. Assim, o sentido relacional presente no território traduz a incorporação simultânea do conjunto das relações sociais e de poder, e da relação complexa entre processos sociais e espaço geográfico, este entendido como ambiente natural e ambiente socialmente produzido. Além do mais, o sentido relacional implica que se considere o significado do território não apenas como vinculado as idéias de enraizamento, limite, estabilidade, fronteira, fixidez, mas também como vinculado as idéias de movimento, de fluidez, de conexão (Haesbaert, 2002).

Importa ainda, para o autor, perceber que a medida que as noções de controle, de ordenamento e de gestão espacial não se restringem  apenas ao Estado, mas igualmente a outros distintos grupos sociais, bem como as grandes corporações econômicas e financeiras, o território deve ser apreendido como resultado da interação entre múltiplas dimensões sociais. Teórico-metodologicamente, o território é estudado, segundo Haesbaert (1997), de diferentes formas. Para ele o estudo passa pela sua compreensão enquanto instrumento do poder político e enquanto espaço de identidade cultural, instrumento de um ou de vários grupos culturais e/ou religiosos, como apropriação simbólica do espaço. Neste caso se prevalece de diversas análises, como os de Knight (1982), Tuan (1982) e Guatarri (1985).

O autor (1997, p. 40-1) então agrupa, após o compartilhamento dessas leituras, as abordagens conceituais de território em três vertentes: 1. a jurídico-política: “o território é visto como um espaço delimitado e controlado sobre o qual se exerce um determinado poder, especialmente o de caráter estatal; a cultural (ista): "prioriza sua dimensão simbólica e mais subjetiva (...)"; "a econômica (muitas vezes economicista), minoritária, que destaca a desterritorialização em sua perspectiva material, concreta, como produto espacial do embate entre classes sociais e da relação capital-trabalho". O mais comum, no entanto, afirma ele, são as posições múltiplas, que o entendem a partir das interfaces dessas vertentes.

Mediante essa discussão, Haesbaert (1997) afirma que o território deve ser visto "não apenas como um domínio ou controle politicamente estruturado, mas também como uma apropriação que incorpora uma dimensão simbólica, identitária e, porque não, afetiva". É a dimensão político-cultural[6], também por ele priorizada em detrimento ao caráter econômico de análise do território. Compreende-se, assim, como Haesbaert (2002), que o território pode ser reapropriado e, portanto, vivenciado distintamente, o que permite designar sua territorialidade, na qual os atores sociais “vivenciam, simultaneamente, o processo territorial e o produto territorial através de um sistema de relações produtivas (ligadas ao recurso) ou existenciais (relevando a construção idenditária, portanto da memória coletiva e da representação)” que são, por diversas vezes, mediadas por redes.

Por isso, demonstra o autor que território e rede se encontram articulados, embora analiticamente separados na maior parte dos estudos. Assim, as redes devem ser vistas também como fortalecedoras do território e não apenas como destruidoras, podendo ser "tanto um elemento fundamental constituinte do território como até mesmo se confundir com ele, como na noção de território-rede" (Haesbaert, 2002). E essa junção se efetiva em virtude das interações, em cada momento, em cada escala e segundo cada dimensão do espaço (econômica, política, cultural) dos múltiplos intercâmbios entre territórios e redes. Assim, há território-rede em função da atuação de relações de poder em rede, constituídas como domínio e apropriação num determinado território. Mas Haesbaert (2002) alerta sobre a afirmação de Raffestin (1993, p. 185): "a rede faz e desfaz as prisões do espaço tornado território: tanto libera como aprisiona. É o porquê de ela ser o ‘instrumento’, por excelência, do poder".

Por isso há a possibilidade das redes sociais, sob o viés geográfico, não se constituírem espacialmente a partir de linhas e pontos e, portanto, não terem dimensão diretamente espacial. Entende-se que as redes sociais, formadas pelas relações entre indivíduos e grupos (direta ou indiretamente) podem se manifestar no território, mas essa manifestação se dá em sentido abstrato, em razão de um único ponto (ou não), no qual se estabelecem os embates e conflitos, as lutas, derrotas e vitórias. Esse é o caso da rede social de Guarapuava. É como se ela, de imediato ou num primeiro momento, abarcasse apenas um “grande ponto”, o demarcado por sua trama de linhas e nós simbólicos.

O abalroar das relações que constituem a rede ou o território-rede pode formar, como já mencionado, um "campo de batalhas" (Bourdieu, 1999), no qual as relações operam também pela força do sentido. Nesse campo, práticas, grupos de poder e decisão e níveis de discurso se enfrentam por intermédio de interesses e reivindicações. "As posições que esses grupos ocupam configuram um campo de batalhas ideológico, expressão da luta de classes e do processo prevalecente de dominação". A dinâmica, afirma Micele (1999, p. 25) na introdução do livro "A economia das trocas simbólicas", nesse campo depende das transformações por que passa a estrutura social, seja pelo surgimento de novos grupos com interesses determinados, seja pela ruptura ou crise do sistema de dominação, seja pelas novas alianças entre os grupos e/ou frações que detêm o papel hegemônico (Micele, 1999, p. 25).

Para além das lutas no espaço inclusivo do mercado (material), onde o critério decisivo é a propriedade, há um conflito entre valores que se materializam através de um estilo/modo de vida balizado no prestígio e na dominação. Esse estilo/modo de vida se apresenta através de instituições que dividem entre si o trabalho de dominação simbólica, com imposição de ideologias, culturas e práticas de grupos particulares. É assim que as estratégias discursivas dos diferentes atores dependerão das relações de forças simbólicas entre os grupos e dos interesses específicos que lhes são garantidos pela posição de seus membros nos sistemas de relações que se estabelecem entre os diferentes campos dos quais eles participam.

Assim, importa dimensionar a força desses atores de gerar mudanças ou permanências no poder político local, seja em Guarapuava ou em Presidente Prudente, por exemplo. O território, todavia, em sua relação com as redes, "um binômio de grande utilidade na Geografia", de acordo com Haesbaert (2002), deve ser compreendido, assim como os territórios conservadores, também no sentido de novas perspectivas teóricas de análise. Os territórios, então, além de dominados, instrumentos de controle e exploração, são também diferentemente apropriados, concreta e simbolicamente, numa infinidade de significados. Com isso, podem ser diversos: geográficos, sociológicos, afetivos, identitários, conservadores etc.

O estudo apresentado teve por fundamento, a partir da temática e da problemática expostas e das fontes utilizadas, dois momentos justapostos, que possibilitaram uma melhor compreensão do centro-sul do Paraná pela formação de "territórios conservadores de poder", bem como o entendimento do termo/conceito permitiu conhecer melhor aquela realidade.

Neste sentido, o estudo da ocupação e da formação territorial de Guarapuava e suas singularidades demonstrou um grande empobrecimento e um atraso socioeconômico quando comparado a outros municípios de similar importância regional, considerando os seus quase 190 anos: uma estrutura de produção tradicional, voltada à pecuária (com início no tropeirismo); o isolamento decorrente da inexistência de vias de transporte adequadas e meios de comunicação até os anos 1970, aproximadamente; uma indústria ainda vinculada ao extrativismo da madeira e da erva-mate, esta última em processo de reestruturação ou de decadência, com baixo valor agregado; bem como aspectos sociais, como índice de mortalidade infantil elevado etc. Então, chegou-se a um primeiro aspecto. Conservadoras, como sinônimo de atraso econômico-tecnológico, são algumas formas de produção, reflexo das ações de parte da sociedade, e não a sociedade guarapuavana.

Em um outro momento, complementar ou implícito às questões socioeconômicas citadas, buscou-se compartilhar elementos vinculados ao poder político e as contradições/disputas existentes entre os principais grupos políticos locais que, em alguns casos, limitam o desenvolvimento. Isso porque a sustentação dos mesmos no poder depende da permanência e não da mudança da estrutura existente, por isso buscam "conservá-la", mesmo que para isso preguem a mudança, numa contradição “novo” versus “velho”, ou transformações versus permanências.

Mas, como afirmar que relações conservadoras levam à constituição de territórios conservadores?  Os territórios são, então, conservadores por serem apropriados com base em interesses e conflitos de grupos político-econômicos hegemônicos conservadores, estes relacionando concreta ou simbolicamente, com o território, o resultado de suas ações e práticas contraditórias.

Além da premissa de que os territórios conservadores se constituíram historicamente, procedentes de formações sociais mais arcaicas, com fortes tradições rurais (áreas pecuaristas e agrícolas pouco modernizadas ou modernizadas recentemente), a existência destes justifica-se, também, por relações políticas conservadoras, cuja articulação pode ser representada por meio de redes sociais de poder. Então, chegou-se a um segundo aspecto. Conservadoras são as relações políticas, sustentadas nas práticas clientelistas, na troca de favores, com elevada associação personificada do poder, sem ou com pouca mediação das instituições, bem como no desejo de preservar a “ordem” estabelecida, e não a sociedade guarapuavana.

Considerações finais

As considerações finais implicam uma indicação das possibilidades de interpretação do mundo sensível e de explicitação do objeto que tomou forma no decorrer do estudo e ao longo da exposição textual. Aqui, além disso, a intenção é a de fazer alguns alertas no sentido de contribuir para o estudo futuro do tema que sugere questionamentos para ser melhor aprofundado.

Como pesquisar é criar meios para compreender e explicar a realidade, as abordagens aqui realizadas foram fundamentais para pensar numa forma não só de adjetivar o território, mas de entendê-lo a partir dessa adjetivação, ou seja, dos aspectos do real. Assim, ao observar o esquema interpretativo que conduziu o estudo (Figura 1) e os questionamentos ali citados, percebe-se que alguns deles não foram plenamente respondidos. E não o foram porque nos faltam ainda elementos teóricos para tal. Mas esses elementos somente surgirão quando debates ocorrerem e, a partir deles (ou não), outras contribuições forem possíveis. Assim, apesar do que foi construído no tratamento da temática, há ainda muito que fazer para melhor explicitar, conceitualmente, os "territórios conservadores de poder". O estudo, afinal, permitiu inserir o tema na Geografia e chegar a algumas considerações significativas.

A primeira delas é a de que os "territórios conservadores de poder" são formados historicamente, ou seja, tendo como base um processo de formação socioeconômico diferenciado no interior de um todo. Esse é o caso da região centro-sul do Paraná, posto esta não ter passado por alguns processos que foram importantes para o desenvolvimento de outras regiões do estado. Os principais elementos de sua gênese se reproduziram até aproximadamente os anos 1950, quando foram inseridos aí outros elementos que, não voluntariamente, foram modificando o que se apresentava. Dentre eles estão a chegada de imigrantes estrangeiros ("alemães" suábios, poloneses, ucranianos, russos, franceses etc.) e de migrantes sulistas (a maioria imigrantes e descendentes de imigrantes, numa migração interna), ausentes até então e que transformaram a estrutura agrária e a economia regionais.

Além dos aspectos econômicos, foram importantes também na inserção de novos valores culturais. Os "estranhos" podem ser os que chegam ou os que acolhem. Neste caso, o estranhamento foi geral, mas superado com o passar do tempo, havendo uma ainda restrita, mas já significativa integração entre imigrantes, migrantes e a sociedade tradicional campeira, aquela historicamente hegemônica político-economicamente.

Os fatores históricos e socioeconômicos mencionados, então, estão interligados a relações políticas, porque não se distinguem, na essência, poderes econômico, político, cultural, simbólico, a não ser como formas analíticas, como ocorre ao longo deste texto. Nele, as relações de caráter político fazem parte de uma análise mais ampla e mais complexa, envolta na abordagem do poder local. O poder de natureza local foi analisado, assim, a partir dos grupos político-econômicos. A conclusão é a de que as relações de poder entre eles e no interior de cada grupo são conservadoras, com predominância do clientelismo, da troca de favores e do tradicionalismo político, como demonstram seus discursos. E é no conflito dessas relações que os grupos ou seus atores se apropriam do espaço tornando-o território, como forma de imprimir, nele, suas idéias e práticas. Neste processo de apropriação e de dominação formam territórios também conservadores. Se os processos de apropriação e de dominação são relacionais, cabe instigar: são os territórios conservadores ou as relações de poder explicitadas no território que assim o constituem?

Mas, tratar das relações entre os grupos de poder no sentido de melhor explicitar suas vinculações, em especial as políticas, é sempre uma tarefa complexa, até porque demanda aniquilar certas resistências dos políticos. Neste caso não foi diferente. A análise, no entanto, teve como subsídio para a identificação dos conflitos e sua compreensão, a metodologia das redes sociais, o que permitiu uma investigação mais aprofundada dos atores/instituições e seus diversos vínculos.

Assim, espera-se que a utilização dessa metodologia na análise de grupos/instituições sociais e suas relações políticas possam contribuir para o aprimoramento das futuras pesquisas do tema no âmbito da Geografia Política, até porque não se trata somente de redes de poder (Estado versus sociedade civil), mas de redes sociais como interligação mais ampla do cotidiano dos atores e de suas vinculações institucionais. Nesse sentido a rede social, por representar as conexões entre os grupos/instituições e as relações conservadoras por eles estabelecidas, representa, também, os "territórios conservadores". Mas, a rede social, apesar de composta mediante articulações existentes em um território, não é o território, e sim sua representação.

Faz-se necessário destacar, ainda, que as relações de poder não estão em oposição de exterioridade a outros tipos de relações (econômicas, sociais etc.) ou a outros grupos/atores existentes no conflito político, mas são imanentes, não havendo, diretamente, uma oposição binária entre dominantes e dominados, mas sim relações de poder que ora favorecem a um ora a outro sujeito/coletivo.

Com isso, os estudos a partir das duas últimas décadas têm se diversificado com a difusão de outras posturas interpretativas (em maioria francesas, deixando-se em segundo plano as versões americana e inglesa) para as relações entre poder e espaço ou para a análise geográfica do poder, especialmente as originárias de novos conceitos e categorias de análise, como as de regionalismo, identidade e outras formas de leitura do território, como a aqui proposta.

 

Notas

[1] A Sociologia e a Ciência Política desenvolveram três linhas explicativas principais das dinâmicas políticas e das políticas locais: a teoria das elites, o pluralismo e o marxismo. Cronologicamente, a teoria das elites (investigada a partir dos métodos posicional ou reputacional) foi a primeira a se destacar, com o estudo de Floyd Hunter (1953) sobre o governo urbano na cidade de Atlanta (EUA). Em contraposição a ela se desenvolveu, ao longo dos anos 1950, a perspectiva pluralista (investigada a partir do método decisional), com Robert Dahl (teoria publicada em 1961). A teoria marxista se constitui na terceira vertente, compreendendo a sociedade não como elites e massa, passivas entre si, com a existência de conflitos apenas no interior das elites, mas como conjunto de relações entre grupos/indivíduos dominantes e dominados, ou seja, a partir de duas classes antagônicas que conduzem, por meio de contradições, o cerne do movimento histórico. Essas teorias, assim, enfocaram fenômenos particulares e atores específicos, por isso representam visões difíceis de se conciliarem em termos teóricos.

[2] A teoria das elites foi desenvolvida a partir da definição clássica de elite, que afirma que em toda sociedade existirá sempre uma minoria que é detentora de poder em contraposição a uma minoria que dele está privada, de Gaetano Mosca (1896). A partir de Mosca surgiram os trabalhos de Vilfredo Pareto (Itália), Robert Michels, Harold Lasswell e Wright Mills (EUA). Este último com o clássico “A elite do poder”, no qual afirma só haver três grupos de poder comandando os Estado Unidos, ligados aos setores da economia, do exército e da política (Mills, C. Wright. A elite do poder. Rio de Janeiro: Zahar, 1962).

[3] Os Suábios do Danúbio formam o grupo de "alemães" das Colônias de Entre Rios, distrito de Guarapuava. As guerras austro-húngaras contra os turcos, ocorridas entre 1683 e 1718, resultaram na expansão territorial e na emigração de alemães de suas terras, dentre eles os moradores do estado da Suábia, que então se estabeleceram na parte baixa do rio Danúbio por mais de 250 anos. A Suábia é uma região histórica da Alemanha (de dialeto suábio) e que, nesse período, localizava-se onde atualmente encontra-se grande parte da Suíça e da Alsácia (França). Considerados excelentes agricultores transformaram, ali, uma terra inóspita em uma fértil região agrícola. Com a Primeira Grande Guerra a região  do  baixo  Danúbio foi  dividida entre Hungria,  Iugoslávia e Romênia, separando também esses povos. Na Segunda Grande Guerra, com o avanço do Exército Vermelho, novamente perderam suas terras e o lugar de vivência, tornando-se expatriados. Com isso, muitos fugiram, alguns permaneceram na Europa e outros foram ajudados a mudar de país, sendo o caso do grupo chegado ao Brasil e a Guarapuava, que assim o fizeram a partir de um programa do governo alemão de repatriamento (Cooperativa Agrária, s/d). A interessante e até certo ponto sofrida história dos Suábios do Danúbio está expressa em livros, pesquisas acadêmicas, documentários e outros trabalhos da e sobre a região. Um exemplo é: Elfes, Albert. Suábios do Paraná. Curitiba: Banco Lar Brasileiro, 1971.

[4] A Ciência Política também estuda o território, em função, especialmente, da utilização do conceito de poder.

[5] Para Sack (1986), todavia, o território é definido, sobretudo através de um de seus componentes, a fronteira, numa visão preponderantemente política do território. Além disso, afirma que o território é uma invenção de uma classe social para seu próprio benefício. Optou-se, aqui, diante das duas vertentes, em trabalhar com Raffestin porque ele aborda a questão do território apropriado, o que se dá além das relações político-econômicas.

[6] Essa idéia é fundamentada em Lefebvre (1986), a partir da diferenciação entre espaços dominados e espaços apropriados.

 

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Referencia bibliográfica

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