IX Coloquio Internacional de Geocrítica

LOS PROBLEMAS DEL MUNDO ACTUAL.
SOLUCIONES Y ALTERNATIVAS DESDE LA GEOGRAFÍA
Y LAS CIENCIAS SOCIALES

Porto Alegre, 28 de mayo  - 1 de junio de 2007.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul


LATIFÚNDIO, ASSENTAMENTOS RURAIS, FLORESTAMENTO:

qual identidade regional da Campanha GaÚcha no sÉculo XXI?



Marcelo Cervo Chelotti[1]
Universidade Federal de Uberlândia
mchelotti@hotmail.com
Vera Lúcia Salazar Pessôa
Universidade Federal de Uberlândia
vs.pessoa@terra.com.br

Latifúndio, assentamentos rurais, florestamento: qual identidade regional da Campanha Gaúcha no Século XXI? (Resumo):

No mundo contemporâneo, com a globalização da economia, as regiões “perderam” sua identidade em muitos casos sucumbindo aos interesses do capital. A Campanha Gaúcha (Rio Grande do Sul, Brasil), historicamente se consolidou na sociedade regional, com uma forte identidade associada ao espaço latifundiário, ligada a elementos simbólicos que cultuam o modo de vida campeiro. Com a desestruturação de sua economia regional no início dos anos 1990, sua matriz produtiva latifundiária foi afetada diretamente. No mesmo período, ocorreram na região intensos conflitos fundiários que, posteriormente, resultaram em centenas de assentamentos rurais. Portanto, milhares de sem terra foram re-territorializados no espaço latifundiário. Outro marco na reestruturação do espaço regional se dá, a partir dos interesses multinacionais, ligados ao setor de celulose, na captação de grandes extensões de terra para o cultivo de florestas exóticas, transformando a fisionomia da paisagem do pampa gaúcho. Portanto, há uma latente questão. De que maneira ocorrera à manutenção da identidade regional, alicerçada no espaço latifundiário frente às transformações em curso?

Palavras-chave: identidade, latifúndio, assentamentos rurais, florestamento, Campanha Gaúcha.


Latifundium, rural settlings, forestation: which regional identity of the Campanha Gaúcha in century xxi? (Abstract):

In the contemporary world, in the global economy, the regions “lost” its identities in many cases succumbing to the capitals interests. The Campanha Gaúcha (RS State, Brazil), historically was consolidated in the regional society, with a strong identity associated to the latifundium space, linked to the symbolic elements that keep the countryside life style. With the regional economy weakness beginning in the 1990's, the latifundium matrix was affected directly. At the same moment, intense rural conflicts occurred in the region resulting subsequently in hundreds of rural settlements. Therefore, thousands of landless people had been re-territorialized in the latifundium space. Another mark in the regional space reorganization was consolidated, by the multinationals interests, of the cellulose sector, in the capitation of large land extensions to culture exotic trees, transforming the landscape physiognomy in Pampa gaucho. Therefore, there is a latent question. How would occur the maintenance of regional identity, based in the latifundium space with this transformations occurring?

Key-words: identity, latifundium space, rural settlings, forestation, Campanha Gaúcha (Brazil).



A Campanha Gaúcha[2] enfrentou no início da década de 1990 uma considerável crise socioeconômica em sua cadeia produtiva alicerçada na pecuária de corte e na lavoura empresarial do arroz irrigado, reflexo da abertura econômica da economia brasileira que provocou significativas transformações em determinadas economias regionais. Assim, foram lançadas distintas políticas públicas por parte do Governo Estadual visando a reestruturação socioeconômica da região.

Nesse sentido, o Governo Estadual, na gestão de Olívio Dutra, durante o período de (1999-2002), instituiu uma política de desenvolvimento regional, especialmente na questão agrária, que considerou a Campanha Gaúcha enquanto região prioritária para a realização de sua política de reforma agrária, transformando o espaço latifundiário em assentamentos rurais.

No governo de Gernano Rigotto (2003-2007) foi incentivada uma nova concepção de política de desenvolvimento regional, visando transformar o espaço latifundiário da Campanha Gaúcha em áreas de florestamento, favorecendo a vinda de empresas multinacionais para o cultivo de florestas exóticas, numa tentativa de diversificação da matriz produtiva regional.  

Dessa forma, no século XXI, o espaço agrário da Campanha Gaúcha não se apresenta tão homogêneo como indicaria o discurso da identidade regional do século passado. Embora continue sendo o cerne do espaço latifundiário gaúcho, do tradicional camponês fronteiriço, do arrendamento capitalista da terra, é também palco de novas experiências oportunizadas a partir da reterritorialização de milhares de Sem Terra, e novos investimentos/experiências na diversificação de sua matriz produtiva.

Nesse contexto, o espaço agrário da Campanha Gaúcha está mais complexo e antagônico, tornando-se necessário entender quais são as novas relações sociais estabelecidas no regional a partir da instalação dos assentamentos rurais, da resignificaçao do espaço latifundiário para o florestamento, capazes de configurar novas territorialidades na esfera da produção, da política, do social e também da identidade regional.


Apontamentos sobre a identidade nos estudos geográficos

O resgate dos elementos subjetivos na geografia passou a ocorrer com maior ênfase após a década de 1990, onde os fundamentos estritamente vinculados ao econômico, ao concreto, começaram a perder seu poder explicativo, ou serem questionados.

Duas décadas atrás, ninguém queria ser geógrafo cultural. A geografia cultural cobre numerosas questões, desde as análises dos objetos do cotidiano, representação na arte até estudos do significado de paisagem e a construção social de identidades baseadas em lugares. (SEEMANN, 2003, p. 261).

Entretanto, engana-se quem acha que fazer uma geografia pela perspectiva cultural é algo do momento, um modismo. Ao investigar a evolução da geografia enquanto área do conhecimento verificamos, que desde La Blache, pai da geografia humana francesa, e que influenciou a brasileira, os aspectos culturais, simbólicos, imateriais estavam presentes nas descrições das paisagens.

No entanto, a geografia cultural ficou muito tempo fora das discussões teóricas sobre cultura, em função de acreditarem que tal discussão já estava resolvida. O que aconteceu com o passar dos anos é que todo o conhecimento que se pretendia ser considerado científico deveria obedecer alguns princípios, leis, dogmas, e na geografia não foi diferente. Com isso, passou-se a abandonar algumas características clássicas da geografia, como a observação, o empírico, o trabalho de campo, e incorporaram-se modelos matemáticos, ditos “científicos”, afastando-se o geógrafo do espaço social, e principalmente do imaterial.

Acreditamos que a geografia pagou um preço muito caro por isso, pois as análises e estudos passaram a ser realizados com mais objetividade e pouca subjetividade. No entanto, muitos processos sociais passaram despercebidos, camuflados, pois os geógrafos não o entendiam enquanto científico.

Por isso, quando na década de 1990 ressurgem com força os estudos culturais, muitos geógrafos falaram em ser mais um modismo. No entanto, acreditamos que foi um ressurgimento pautado na crítica a uma geografia eminentemente economicista e que estava negando suas raízes empiristas e descritivas.

No entanto, a incorporação da categoria identidade nos estudos sobre a produção do espaço é relativamente recente[3]. Sendo assim, na geografia brasileira destacam-se alguns autores como Haesbaert (1988, 1997) e Rosendahl (2001, 2002, 2004).

Wasserman (2001) destaca que a identidade constitui-se como um termo polissêmico, está relacionada tanto ao indivíduo num âmbito pessoal, e também às relações entre o indivíduo e à coletividade. Assim, as subjetividades individuais e coletivas são matéria-prima das identidades.

No âmbito da geografia nos interessa as identidades coletivas, ou seja, da espacialidade dos fenômenos sociais, sendo abordada a partir do significado que cada grupo social expressa no espaço, tradicionalmente denominado de identidade territorial.

Partimos do pressuposto geral de que toda identidade territorial é uma identidade social definida fundamentalmente através do território, ou seja, dentro de uma relação de apropriação que se dá tanto no campo das idéias quanto no da realidade concreta, o espaço geográfico constituindo assim parte fundamental dos processos de identificação social.[…] De forma muito genérica podemos afirmar que não há território sem algum tipo de identificação e valoração simbólica (positiva ou negativa) do espaço pelos seus habitantes. (HAESBAERT, 1999, p. 172).

Portanto, não podemos associar identidade como algo estanque, imutável, pois ela também é transitória, faz parte da dinâmica social. Dependendo da época, dos lugares e da idade cronológica de cada grupo, a identidade se apresentará de maneira diferente. 

A identidade aparece como uma construção cultural. [...] Ela o faz selecionando um certo número de elementos que caracteriza ao mesmo tempo, o individuo e o grupo: artefatos, costumes, gêneros de vida, meio, mas também sistemas de relações institucionalizadas, concepções da natureza, do individuo e do grupo [...] a identidade deve ser analisada com um discurso que os grupos têm sobre eles mesmos e sobre os outros, para dar sentido a sua existência. (CLAVAL, 1999, p.15).

E mais adiante o autor prossegue:

o sentimento identitátio permite que se sinta plenamente membro de um grupo, dotá-lo de uma base espacial ancorada na realidade [...] os problemas do território e a questão da identidade estão indissociavelmente ligados: a construção das representações que fazem certas porções do espaço humanizado dos territórios é inseparável da construção das identidades. Uma e outra, estas categorias são produtos da cultura, em um certo momento, num certo ambiente [...] (CLAVAL, 1999, p. 16).

Portanto, há no espaço geográfico, não uma, mas várias identidades. A identidade tem um vínculo muito forte com a questão espacial, pois os indivíduos se reconhecem a partir da sua territorialização num determinado lugar: por exemplo, sou do bairro x, do estado y, do país z.

Para Le Bossé (2004) o lugar apresenta-se como suporte essencial da identidade cultural, pois tem uma ligação emocional, carregado de valor e de sentido, pela subjetividade dos indivíduos e dos grupos. Assim, os lugares de memória são parte integrante de uma territorialidade simbólica pela qual os grupos se afirmam e reivindicam sua identidade cultural e política em relação com o seu lugar próprio.

A identidade é construída a partir de subjetividades individuais e coletivas, e pode estar relacionada a grupos sociais ou ao pertencimento territorial. Portanto, percebe-se que a incorporação da dimensão simbólica, do imaterial no discurso geográfico, tem possibilitado uma enorme riqueza nas análises sobre a produção do espaço, das paisagens, das territorialidades.

O espaço agrário tradicionalmente analisado sob um olhar mais econômico, ao incorporar novas abordagens, como a cultura, amplia seu leque explicativo. Nesse sentido, todo espaço agrário é uma formação econômica, mas também política e cultural, pois os grupos sociais que ali atuam, também desempenham essas outras dimensões.

Os próximos itens do artigo abordarão num primeiro momento, a formação socioespacial do espaço agrário gaúcho, representado pelo latifúndio e a construção de uma identidade territorial associada a ele; passando num segundo momento, pelo papel desempenhado a partir dos movimentos sociais na década de 1990, capazes de reconstruir/questionar essa identidade; chegando, num terceiro momento, nos anos 2000 quando novamente o espaço latifundiário se resiginifica a partir do interesse das grandes empresas de celulose para o cultivo de florestas exóticas.


A formação do espaço latifundiário na Campanha Gaúcha

Ao estudar o espaço agrário do Rio Grande do Sul, deve-se analisar a forma como ocorreu a ocupação desse território, estabelecendo-se suas diferenças, principalmente no quesito sociocultural. A primeira diferença refere-se basicamente a ocupação do território gaúcho durante o império, em que as lutas entre Portugal e Espanha eram constantes para a conquista e anexação de terras.

Assim, a primeira diferença a ser destacada, refere-se ao fato de que o Brasil meridional emergiu como um foco de tensão entre estes dois impérios. Desta maneira, a área que corresponde ao atual território gaúcho, foi colonizado por militares ligados ao governo imperial, que receberam grandes glebas de terras, denominadas de sesmarias. As pessoas que foram contempladas com as sesmarias tinham a função geopolítica de realizar a proteção das fronteiras do território que estava sendo formado. Assim, percebe-se nitidamente a forma de ocupação da posse da terra nas regiões fronteiriças do Brasil meridional, na qual a sesmaria representou o acesso a terra, e a estância [4] a unidade produtiva.

Para Haesbaert (1988, p. 36) o processo de ocupação da posse da terra na região fronteiriça do Brasil meridional deu-se da seguinte maneira:

 apropriado o território, fixada a fronteira, articulavam-se nitidamente uma base econômica específica (a pecuária), um grupo hegemônico regional (o caudilhismo militar-pastoril) e uma identidade cultural-ideológica forjada no espaço latifundiário e nas práticas sociais a ele vinculada.

Desta maneira, articula-se na região, uma economia alicerçada na pecuária extensiva baseada na sesmaria como forma de posse da terra. Assim, pode-se inferir que a presença da grande propriedade latifundiária no sudoeste gaúcho encontra-se na gênese da ocupação territorial.

Nesse contexto, a Campanha Gaúcha é o cerne do espaço latifundiário gaúcho, pois se caracteriza pela presença de grandes propriedades rurais que se dedicam à criação extensiva de bovinos e ovinos. Enfim, essa região é caracterizada por apresentar altos índices de concentração da posse da terra no Estado do Rio Grande do Sul, como apontam Riedl e Navarro (1998, p. 223):

o latifúndio, entendido como uma forma de propriedade típica do meio rural brasileiro, caracterizado por exercer padrões de dominação política clientelista e exploração econômica extensiva, de baixa produtividade, tem diminuído em número no Estado, em razão do processo de modernização. Hoje não são muitas as regiões onde é possível identificar um maior número de propriedades com tais características – são por exemplo, as regiões formadas pelo triangulo Cruz Alta – Santiago – São Gabriel e, certamente, em muitos municípios da fronteira [...]

A segunda diferenciação da ocupação do território gaúcho refere-se às áreas florestais que foram, no decorrer do processo de ocupação, desprezadas pelo latifúndio pecuarista. Portanto, estas áreas somente começaram a ser ocupadas em meados do  século XIX com o estimulo governamental à imigração, formada basicamente por italianos e alemães.

A ocupação das áreas florestais com imigrantes europeus, organizada a partir das pequenas propriedades familiares, desenvolveu a agricultura de subsistência, chamada também de agricultura colonial.  Assim, as áreas de colonização ao norte do estado, começaram a diferenciar-se, por produzir os produtos que a grande propriedade latifundiária não produzia.

A diferenciação na ocupação da posse da terra no Rio Grande do Sul possibilitou o surgimento de uma dicotomia muito marcante em sua estrutura fundiária. Ou seja, nas áreas de fronteira, a propriedade da terra estava associada à sesmaria, enquanto que as áreas coloniais, ao norte do estado, uma estrutura fundiária alicerçada na pequena propriedade familiar baseada na imigração ítalo-germânica.

Essas duas formas de ocupação do território gaúcho materializou no seu espaço agrário diferentes formas de uso da terra. De um lado, ocorreu o pleno desenvolvimento das atividades pastoris com a grande ascendência das charqueadas e, por outro, uma produção familiar estruturada na policultura e a presença da pequena propriedade rural.

No entanto, a partir de meados da década de 1960, com o desencadeamento do processo de modernização da agricultura brasileira, o Rio Grande do Sul se inseriu nesse contexto produtivo, levando à profundas transformações no seu meio técnico, modificando o  espaço agropecuário.

As transformações que ocorreram no campo brasileiro nesse período e, em especial, no Rio Grande do Sul, promoveram uma grande concentração das terras em todo o estado, levando à expropriação de grande parte dos pequenos produtores familiares. Dessa maneira, a terra tornou-se ainda mais concentrada nas áreas de pecuária, enquanto que, nas áreas de colonização, predominantemente agrícolas, começava a concentrar-se, ocorrendo assim, a formação e consolidação das empresas rurais produtoras de soja e trigo (BRUM, 1988).

No decorrer do processo de consolidação da modernização da agricultura na década de 1970, grandes levas de produtores familiares oriundos das áreas coloniais do norte do Rio Grande do Sul, tornaram-se sem terras, e outra parcela, direcionou-se para as áreas de expansão das fronteiras agrícolas.

Nesses quase trinta anos, a luta pela terra no Rio Grande do Sul, registrou um movimento geográfico. Inicialmente gestadas no norte do estado, depois se dirigindo à parte central (já em 1987/88), e no período pós 1990 concentrando-se no sul do estado, ou seja, na região dos latifúndios e de ocupação antiga.

Portanto, as propriedades rurais da Campanha Gaúcha passaram a ser vistoriadas pelo INCRA, em função de apresentarem baixos índices de produtividade. Apesar da forte resistência regional às vistorias, o instituto realizou uma série de desapropriações, com o objetivo de implantar assentamentos rurais de reforma agrária.


Reforma agrária e a Política de Desenvolvimento Regional

O acirramento da luta pela terra no Rio Grande do Sul no decorrer da década de 1990, entre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (FARSUL), fez com que no plano das políticas públicas, principalmente por parte do Governo Estadual (1999-2002), ocorresse a oficialização da Campanha Gaúcha enquanto região prioritária para a realização de reforma agrária no estado.

Na concepção do Governo Estadual (1999-2002) além das atividades específicas para uma região, o enfoque regional deveria estar presente, principalmente nos programas gerais de governo, de todos os órgãos e secretarias. Assim, foram embutidas intencionalidades nestes programas e ações com vistas à mudança do paradigma de desenvolvimento regional, como a priorização da reforma agrária na Campanha Gaúcha.

A política de reforma agrária estadual (1999 - 2002) priorizou algumas áreas nas proximidades de municípios como Bagé, Sant’Ana do Livramento, Candiota, Hulha Negra, onde essas áreas tornaram-se prioritárias para a realização da reforma agrária, em função dos conflitos fundiários entre o MST e a FARSUL.

A escolha desses municípios encontra-se associada a fatores como a existência de concentração fundiária, qualidade dos solos que possam permitir o desenvolvimento de uma agricultura familiar, além da já existência de assentamentos rurais, possibilitando, dessa maneira, a consolidação de núcleos de assentamentos rurais nessas áreas.

A política de reforma agrária proposta pelo Governo Estadual potencializou a agricultura familiar em áreas típicas de pecuária de corte extensiva, transformando aos poucos essa região através das chamadas áreas reformadas, ou seja, áreas nas quais os assentamentos estão sendo estabelecidos uns próximos dos outros, fazendo com que os investimentos públicos no sistema viário, de comunicação e de educação, bem como rede de serviços, comércio, dentre outros, tenham um custo reduzido para o estado.

Sendo assim, até o ano de 2005 a Campanha Gaúcha possuía 61 assentamentos rurais, distribuídos por vários municípios. Porém, a maior concentração ocorre basicamente, em Sant’Ana do Livramento com 23 assentamentos, e Hulha Negra com 25 assentamentos (Tabela 1).


TABELA 1 – Campanha Gaúcha: número de assentamentos, famílias e área ocupada em hectares (2005)

.

Microrregiões Geográficas

Número de assentamentos

Número de famílias

Área ocupada

(ha)

Campanha Ocidental

7

363

8.433

Alegrete

0

0

0

Barra do Quarai

0

0

0

Garruchos

1

44

722

Itaqui

0

0

0

Maçambará

0

0

0

Manoel Viana

1

227

6.118

Quaraí

0

0

0

São Borja

4

77

1.512

São Francisco de Assis

0

0

0

Uruguaiana

1

15

81

Campanha Central

25

795

23.081

Rosário do Sul

1

48

979

Sant’Ana do Livramento

23

682

20.609

Santa Margarida do Sul

0

0

0

São Gabriel

1

55

1.493

Campanha Meridional

29

1.140

31.026

Aceguá

3

162

3.930

Bagé

1

80

4.022

Dom Pedrito

3

102

1.707

Hulha Negra

25

796

21.367

Lavras do Sul

0

0

0

Total da Mesorregião

61

2.298

62.540

Fonte: www.ra.rs.gov.br (2005). Org.: Chelotti, M.C. (2005).


Nesses quinze anos foram instalados mais de sessenta assentamentos rurais nessa região em áreas anteriormente ocupadas pela pecuária de corte. Assim, municípios como Hulha Negra e Santana do Livramento tiveram mais de 17.000 hectares destinados a reforma agrária. No entanto, esse processo não é uniforme em toda região. Portanto, em áreas anteriormente pouco povoadas do meio rural, foram assentadas milhares de famílias provenientes dos mais diversos municípios do Rio Grande do Sul, num processo de repovoamento dessas áreas.

A concentração de assentamentos rurais em determinados municípios ocorreu por influência de diferentes processos políticos, sociais e econômicos. Pode-se citar, como exemplo, dois casos bem específicos como o município de Sant’Ana do Livramento e Bagé[5]. Os assentamentos localizados nas proximidades do município de Bagé são fruto de muitas disputas entre o MST e pecuaristas. Através de sucessivas ocupações o movimento começou a espacializar a luta pela terra nessa área. Após sucessivos conflitos e negociações entre o INCRA, MST e pecuaristas surgiram os primeiros assentamentos na década de 1990.

Nas áreas onde foram realizados assentamentos rurais pelo INCRA, ou pelo Governo Estadual, ocorreu a divisão do latifúndio pastoril, em pequenas unidades de produção familiar, que variam de 15 a 30 ha. Na medida em que os assentamentos foram instalados, as primeiras transformações ocorrem na paisagem regional. Assim, ocorre uma ruptura na paisagem homogênea, característica da região, dominada até então, pelos grandes propriedades, pastagens e criação extensiva de gado de corte.

As principais transformações na paisagem podem ser vistas principalmente na estrada que liga o município de Rosário do Sul/Sant’Ana do Livramento/Dom Pedrito. Ao longo dessa estrada, no decorrer da década de 1990, foram instalados inúmeros assentamentos rurais, visivelmente perceptíveis nas novas formas de ocupação e produção da área. Onde até então somente existiam grandes propriedades e criação extensiva de gado, surgem várias pequenas propriedades rurais desenvolvendo uma agricultura familiar, destoando totalmente da tradicional paisagem regional.

Mas, cabe destacar que grande parte desses assentamentos criados são espacialmente dispersos, dada a grande dimensão territorial da Campanha Gaúcha, onde muitas vezes apresentam uma infra-estrutura viária deficiente, dificultando ou mesmo inviabilizando mercados para os produtos oriundos dos assentamentos. A instalação de assentamentos rurais tem fortalecido a produção familiar em âmbito regional, transformando a paisagem regional.

Nessa tarefa de desvendar os assentamentos rurais, constatamos também que nem tudo é feito de adaptação. Existem elementos culturais que são mantidos pelos Sem Terra, como a  maneira de construir suas casas e organizar seus lotes. Assim, a arquitetura das casas mantém um padrão associado a seus antigos lugares de residência. São pessoas que estão reescrevendo a história de suas vidas, e também remodelando a geografia da Campanha Gaúcha. Daí a razão de consideramos os Sem Terra como os novos atores sociais inseridos no espaço agrário dessa região na década de 1990.


O florestamento resignificando o espaço latifundiário

A demanda mundial por celulose cresce proporcionalmente à necessidade de preservação das florestas naturais, principalmente as tropicais. Nesse sentido, o reflorestamento tem ganhado significativos espaços, e despertado interesses dos grandes grupos produtores de celulose por áreas disponíveis para cultivo de florestas exóticas. No caso brasileiro, destaca-se o estado do Espírito Santo, onde as imensas florestas de eucaliptos geram controvérsias entre os interesses econômicos, áreas remanescentes de quilombolas e terras indígenas.

Na busca de novas áreas para o cultivo de florestas exóticas, o estado do Rio Grande do Sul lançou uma política de incentivo ao florestamento (eucaliptos, pinus e acácia), utilizando-se do discurso da promoção do desenvolvimento regional, principalmente na Campanha Gaúcha, onde empresas como a Aracruz, Stora Enso e Votorantim começaram a fazer maciços investimentos na aquisição de terras para o cultivo de florestas. As significativas transformações em curso são percebidas, a partir da seguinte notícia:

 [...] apesar das grandes extensões de terra disponíveis, o Estado [Rio grande do Sul] tem menos de 350 mil hectares de área cultivada. Esse número, no entanto, deve mudar em breve - e os ventos de transformação sopram precisamente sobre o território gaúcho mais conhecido por seu apego à tradição: a Metade Sul, famosa pela presença do "pampa" e por sua vigorosa vocação agropecuária. Em alguns anos, o retrato econômico dessa região - caracterizado por plantações de soja e arroz e carros cheios de bois - deverá incluir bosques de eucaliptos e filas de caminhões transportando toras de madeira. Tudo graças aos anúncios bilionários feitos nos últimos meses por duas das maiores empresas de celulose e papel no mundo. No final de setembro, a sueco-finlandesa Stora Enso anunciou os planos de investir US$ 50 milhões no plantio de árvores para produção de papel na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul- o nome dos municípios escolhidos ainda não foi divulgado. Além disso, nos próximos sete anos a multinacional deve erguer na região uma fábrica de celulose avaliada entre US$ 900 milhões e US$ 1 bilhão. (www.clipping.ufrgs.br/online<16/01/2006>)

Portanto, se na década de 1990 as vistorias realizadas pelo INCRA despertavam um certo incômodo à classe latifundiária da região, tendo em vista as desapropriações que estariam por ocorrer em função do aumento dos conflitos fundiários no Rio Grande do Sul, a política governamental de florestamento, iniciada nos anos 2000, representou uma alternativa de reprodução do espaço latifundiário regional, ou seja, veio respaldada pela classe latifundiária.

Nesse cenário, terras que aparentemente despertavam interesse por parte do INCRA, para serem futuros assentamentos rurais, passaram para as mãos das grandes empresas da celulose. Para INCRA esses grandes projetos de reflorestamento em execução no Rio Grande do Sul estariam inviabilizando o processo de reforma agrária, uma vez que áreas que seriam destinadas a este fim, mas ainda não tinham sido desapropriadas, também estariam sendo usadas no projeto.


No Uruguai a política de florestamento encontra-se mais adiantada que no Rio Grande do Sul e, por isso, seus impactos socioeconômicos são mais visíveis territorialmente. Assim, torna-se evidente que a “onda” do florestamento não é algo pontual aplicado ao caso gaúcho, tendo efeitos também nas áreas de pampa da Argentina e, especialmente no Uruguai. Essas evidências são perceptíveis na fala do ambientalista uruguaio Carlos Santos, da Rede Amigos da Terra:

O efeito que vai ter não é só para o Uruguai, porque a demanda é tão grande que vai demandar eucalipto não só do Uruguai, mas também do sul do Brasil e da Argentina. Isso vai provocar um efeito muito grande no modelo de desenvolvimento de toda região. Além das duas fábricas finlandesas que devem se instalar, nós temos informações que existem pelo menos outras duas plantas previstas. Uma seria a Stora Enso, que está se instalando no Rio Grande do Sul, e outra seria de capital estadunidense. Mas há gente que fala em até sete fábricas de celulose para o Uruguai. Vamos deixar de ser um país que produz carne e alimentos, para ser um país produtor de monocultivo árvores. Para nós, a preocupação não é apenas com os efeitos ambientais desse modelo, sobre a água e sobre o ecossistema do pampa, mas com os efeitos sociais que esse tipo de cultivo gera. Está se expulsando os trabalhadores do campo porque os donos vendem a terra e os trabalhadores que a ocupam se vêem obrigados a sair, ou porque os trabalhadores se vêem rodeados de eucalipto e não conseguem mais trabalhar, porque crescem as pragas e afeta-se a água. Ademais, está gerando um processo de concentração da terra que jamais havíamos visto no Uruguai. São novos latifúndios, mas muitos mais extensos. Os tupamaros, a guerrilha uruguaia, enfrentaram um dos maiores latifúndios do país na década de 1960, que tinha 33 mil hectares. Atualmente, uma empresa estadunidense tem 120 mil hectares no Uruguai, ou seja, está ocorrendo uma latifundização e uma estrangeirização do país. Os proprietários dessas plantações de eucalipto são estadunidenses, espanhóis, finlandeses, chilenos, argentinos. Portanto, está ocorrendo uma das transformações mais fortes no meio rural uruguaio e, se permitir a entrada de todas essas fábricas, esse processo será irreversível
(www.mst.org.br/mst < 21/03/2006>).

Alguns impasses estão ocorrendo na Campanha Gaúcha, principalmente pelo embate no modelo de desenvolvimento regional: assentamentos rurais x florestamento. Dessa forma, os interesses do MST em conquistar novas áreas na região é confrontado com os da FARSUL, que apóia o cultivo de florestas exóticas, enquanto alternativa de renda para o latifundiário. Esse embate pode ser percebido a seguir:

o plantio de eucalipto realizado pela empresa Votorantim Celulose nos municípios de Candiota e Hulha Negra, no Rio Grande do Sul, tem trazido problemas às populações locais. As cerca de dezoito famílias que moram no assentamento Terra Livre, em Candiota, temem que fungicidas e dessecantes, produtos químicos utilizados na monocultura da árvore, possam contaminar a produção agroecológica dos agricultores. Na área, que fica ao lado da propriedade da Votorantim, eles produzem leite, legumes, frutas e sementes sem o uso de herbicidas e adubos químicos. A Votorantim se instalou no local no final de 2004. Atualmente, 8 mil dos 15 mil hectares pertencentes à empresa já estão ocupados pela monocultura do eucalipto (www.mst.org.br/mst <15/05/2006>).

Nesse contexto, torna-se perceptível que o modelo em curso de apoio maciço ao florestamento no pampa gaúcho atende aos interesses da classe latifundiária regional, que vislumbra sua reprodução econômica e social associando-se aos interesses das empresas de celulose, que capturaram significativos espaços do latifúndio para seus projetos de florestamento. Ao contrário dos assentamentos rurais que representam a antítese do latifúndio, os projetos de florestamento, resignificam o espaço latifundiário regional.


Algumas considerações

A identidade de um determinado lugar, território, região é construída a partir dos interesses (econômicos, políticos, culturais) que os grupos sociais imprimem num determinado espaço, num dado momento histórico.

Portanto, se no século XX formou-se uma identidade na Campanha Gaúcha, a partir do espaço latifundiário, é porque ocorreu a captura desse território a partir dos interesses da classe latifundiária, sufocando os demais interesses e outras identidades sociais, como por exemplo, a agricultura familiar.

Na medida em que os movimentos sociais, em especial o MST, passaram a atuar na região no decorrer da década de 1990, conotaram um novo interesse, ou seja, o da reprodução da agricultura familiar a partir dos interesses do movimento em conquistar novas áreas para a agricultura familiar, imprimindo uma nova identidade, ou seja, a de região foco de assentamentos rurais no Rio Grande do Sul.

No entanto, quando nos anos 2000, o projeto de florestamento vem a tona no Rio Grande do Sul, essa região é novamente capturada para atender a interesses específicos, nesse caso do grande capital de empresas multinacionais ligadas ao setor de celulose, possuindo o aval da classe latifundiária regional.

A necessidade de diversificação da matriz produtiva regional é consenso, tanto para os latifundiários, quanto para os movimentos sociais. No entanto, o que está em jogo, seria qual modelo de desenvolvimento seria mais eficaz para a real transformação da base econômica regional, alicerçada na pecuária de corte e na monocultura do arroz irrigado.

No espaço agrário da Campanha Gaúcha, que no século XXI nada tem de homogêneo, passam a coexistir diferentes identidades sociais, como a latifundiária e a camponesa, que permanecem em plena conflitividade pela conquista/manutenção/expansão de seus territórios.


Referências

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Notas:

[1] Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Uberlândia/MG/BR. Bolsista da Fundação de Amparo a Pesquisa de Minas Gerais – FAPEMIG

[2] Nesse artigo estaremos utilizando a denominação de Campanha Gaúcha enquanto sinônimo de Pampa, por corresponder em termos paisagísticos e de ocupação socioespacial uma continuidade do pampa argentino e uruguaio.

[3] Na literatura estrangeira, com muito mais tradição, destacam-se Claval (2004), Cosgrove (2000), Le Bossé (2004), Sauer (2000), dentre outros.

[4] Em função da influência espanhola, denominam-se estâncias as fazendas dedicadas à criação de bovinos e ovinos no Rio Grande do Sul, principalmente na Campanha Gaúcha.

[5] Do município de Bagé desmembraram-se dois novos municípios no início da década de 1990, Hulha Negra e Candiota, que juntamente com Sant’Ana do Livramento constituem nos maiores focos de assentamentos do Rio Grande do Sul.


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