Menú principal

Índice de Scripta Nova

 

Scripta Nova 
REVISTA ELECTRÓNICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES 
Universidad de Barcelona. 
ISSN: 1138-9788. Depósito Legal: B. 21.741-98 
Vol. VIII, núm. 170 (23), 1 de agosto de 2004

AEROPORTO REGIONAL E BUSINESS PARK: LOGÍSTICA E NEGÓCIOS NA 
GEOGRAFIA URBANO REGIONAL DE JUIZ DE FORA, BRASIL

  

  
Maria Lucia Pires Menezes

Universidade Federal de Juiz de Fora, Brasil.



Aeroporto Regional e Business Park: logística e negócios na geografia urbano regional de Juiz de Fora, Brasil. (Resumo)

No município de Juiz de Fora  tem se configurado uma série de investimentos em fixos territoriais para atender a demanda local e regional por negócios, valorização do espaço, ampliação do consumo e ofertas alternativas de emprego. Fruto de uma política estruturada há cerca de sete anos, este processo tem no Plano Estratégico do governo local, com assessoria do Programa Centro Ibero-americano de Desarrollo Estratégico Urbano (CIDEU), a tarefa  de organizar e garantir as condições políticas para implantação de vários projetos. Dentre eles destacaremos a construção do Aeroporto Regional e de um “bussines park”, incluindo inovações na logística dos fluxos para atender o circuito das economias regional, nacional e do MERCOSUL. No setor das comunicações,  as inovações incluem a reformulação da rede de comunicação Panorama, afiliada da rede Globo e que atua como estruturadora do mercado e da identidade regional da Zona da Mata mineira. Tais processos contabilizam um importante incremento no mercado de terras e na extração de renda urbana setores tradicionalmente importantes na economia municipal e regional.

Palavras-chave: Juiz de Fora- Minas Gerais- inovação – gestão do território - planejamento.


Regional aeroport and business park: logistics and business in the urban geography of Juiz de Fora, Brazil (Abstract)

A series of territorial investments has been taking place in Juiz de Fora district in order to meet the local and regional demand for business, space valorization, consumption increase and alternative job offers. Engendered through a structured politics that was established about seven years ago, this process has,  according to the Plano Estratégico, and with the assistance of the Programa Centro Ibero-Americano de Desarrollo Estratégico Urbano – CIDEU, the task of organizing and assuring the political conditions to the implementation of several projects. Among them, the building of the Regional Airport as well as the business parks can be highlighted as innovations in the logistics of the flows to support the regional, national and MERCOSUL economies network. Concerning the communication sector, the innovations include the reformulation of Panorama Communication Network; a Rede Globo’s affiliated which acts as an element that structures the regional market and identity of Zona da Mata mineira. These processes amount to a significant development in the land market, a traditionally important sector in the regional and municipal economy.

Keywords: Juiz de Fora – Minas Gerais – innovation – territory management – planning


Juiz de Fora cidade e município de 460 mil residentes nasceu moderna. Alçada em menos de 50 anos à cidade mais populosa e importante da Província de Minas Gerais construiu seu espaço a partir de inovações que estruturaram rapidamente o espaço urbano entorno da função de centro agrícola, industrial, financeiro e atualmente o mais importante centro regional prestador de serviços do sudeste de Minas – a  Zona da Mata Mineira. Recentemente a administração pública e o empresariado local aliançados e apoiados em modelos de gestão do território racionalista e de orientação neoliberal tentam atrair novos investimentos para a cidade e garantir a reprodução ampliada a partir, principalmente, da realização do empreendimento imobiliário numa junção inédita e inovadora de investimento em infraestrutura logística, novas tecnologias e um cardápio variado de tipos de equipamentos imobiliários.

Ao longo do texto são destacados os principais momentos atuais na geografia urbana da cidade, quando de um modo geral, a inovação (ou ausência de) foi capaz de articular com o mercado de terras e o capital imobiliário novos territórios a partir da incorporação de terras ou da requalificação do uso intensivo do solo urbano em Juiz de Fora.  Na história do espaço urbano é possível identificar a importância estratégica para a economia urbana e regional do capital imobiliário.

Atualmente uma nova configuração no arranjo espacial urbano-regional se articula sobre as áreas de expansão da cidade que seguem os principais eixos da malha viária urbana e rodoviária. Presentes estão diversas instâncias de poder e construção do espaço, dentre elas se destacam: o governo federal alocando recursos financeiros na duplicação da rodovia BR-040, também presente na operacionalização técnica do Aeroporto da Zona da Mata e a Universidade Federal de Juiz de Fora produzindo conhecimento, ciência e tecnologia com política voltada para a cultura, para a sociedade e a economia regional. Ao governo do estado de Minas Gerais cabem investimentos diretos e,  através de programas e políticas, a orientação do aproveitamento econômico e das potencialidades de articulação com a economia nacional e internacional. São os supracitados agentes os responsáveis pelos maiores empreendimentos em curso no momento. Destaque para a  iniciativa privada que em consórcio e/ou com o apoio da  prefeitura, esta devidamente legitimada  pelo Plano Estratégico municipal, assume a competência de regular e normatizar a instalação dos novos equipamentos territoriais sobre o município,  e apoiar politicamente empreendimentos para a região. E, especificamente, os empreendimentos imobiliários, os quais são beneficiados, direta e indiretamente, por todos os principais projetos de impacto territorial. Assim, quanto à iniciativa privada, salientamos sua condição beneficiária dos empreendimentos que tem impactado a cidade e a região de modo a movimentar investimentos que atendam ao mercado local, regional, nacional e internacional.

Nesta conjuntura, emerge uma nova cartografia que redesenha a cidade e seu entorno e segue geograficamente nas direções oeste-nordeste e sul-noroeste revelando as principais áreas de expansão dos investimentos na  cidade. Finalizamos com o mapeamento dos principais empreendimentos – os que aliam tecnologia, logística e negócios imobiliários atualmente em implantação exatamente sobre o nó rodoviário em que se localiza Juiz de Fora. A malha viária articula e insere o espaço urbano da cidade com os eixos das rodovias nacionais  BR-040: ligação entre Rio, Belo Horizonte- Brasília  e a BR-267 – principal ligação entre o sul de Minas, São Paulo e a Zona da Mata oriental, esta enlaçando com o eixo da BR-116 em Leopoldina, principal ligação entre o sul e o nordeste do país e a rodovia estadual MG- 353 em direção ao interior da Zona da Mata (Piraúba) e ao estado do Rio de Janeiro.

Inovações e origens do espaço urbano de Juiz de Fora

Elevada, em 1850 à categoria de município e vila nasce juntamente com a Lei de Terras, que passa a regular o florescente e ávido mercado de terras brasileiro. Como margem de caminho ou de caminhos, por isto, talvez, seja tão difícil compor a geografia histórica da cidade, esta que a principio se referenciava sobre o Morro da Boiada na margem esquerda do rio Paraibuna. Mas, imediatamente surgem outras localizações ou outros três  núcleos: Alto dos Passos, Rio Novo (ou Juiz de Fora e atualmente Mariano Procópio) e o  centro da cidade batizado como Santo Antônio do Paraibuna, o qual  se estendia entre o Morro de Santo Antônio e a atual rua Halfeld. Disputas políticas envolvendo Henrique Halfeld, José Antônio da Silva Pinto – o Barão de Bertioga e Mariano Procópio Ferreira Lage, todos com interesses latifundiários e imobiliários,  resultaram na votação na Câmara Municipal em 1865, sob a defesa do Barão de São Marcelino (Marcelino Assis Tostes, filho de Manoel Dias Tostes) do projeto que incluiu as três últimas localidades acima mencionadas num perímetro urbano único e sob a mesma denominação de Juiz de Fora em detrimento a Santo Antônio do Paraibuna.

Do encontro dos que vieram subindo a serra da Mantiqueira acompanhando a frente de expansão do café com aqueles que vinham das áreas mineradoras estagnadas, rapidamente, em menos de meio século, surge a aglomeração urbana de Juiz de Fora. O processo estruturador do espaço urbano e as formas que emergem se relacionam com o aporte  das mais contemporâneas inovações urbanas protagonizadas por  burgueses, religiosos, liberais  e imigrantes, juntamente e ao lado do conservadorismo católico dos proprietários cafeicultores e escravistas, escravos e agregados rurais. O que é hoje sua área central foi  rapidamente loteada numa operação consorciada envolvendo Halfeld e os fazendeiros donos das terras.

Henrique Halfeld  - ex-militar prussiano e contratado pelo império como engenheiro de Minas na região de São João del Rei, onde a lavra tinha recentemente escasseado, torna-se por decreto imperial Chefe de Polícia da capital Ouro Preto. Em seguida, foi encarregado de melhorar as condições de acesso entre a capital da Província e a capital do país. Assim que cumpriu o primeiro trecho do caminho para a corte aporta e se baseia em Juiz de Fora. Casando-se com uma herdeira da família Tostes, latifundiários locais, logo enviúva. Sobre o espólio de sua esposa negocia a  troca da  parte de terras com o cunhado, transferindo a que lhe cabia: da margem esquerda do rio Paraibuna pela várzea mais ampla da margem direita em direção às colinas que antecedem a encosta do Morro do Imperador, exatamente na porção circundante ao trecho em que estava processando a recente modernização do Caminho Novo. Inicia-se, assim, um florescente mercado de terras que anos mais tarde receberia um plano urbanístico.

Na verdade a cidade foi paulatinamente se estruturando e ampliando seu espaço ocupado entorno dos três sub-núcleos, todos localizados na beira das rotas de trânsito para a região. O movimento de residentes e passageiros na cidade aumentava na medida em que se expandia a comunicação entre a Província do Rio de Janeiro e a hinterlândia produtora de café. Tanto o Alto dos Passos como  a estalagem do Rio Novo eram opções de pouso para os viajantes, fazendeiros e comerciantes em trânsito. Entre os núcleos oriundos dos pousos, localizavam-se as terras da família Tostes: mais  precisamente a  região no entorno da colina de Santo Antônio - rua Halfeld. Nos interstícios entre os três núcleos a Igreja vai sucessivamente ocupando vastas extensões de terras.

Esta ordenação territorial vai se configurando em função do controle e da urbanização das terras e do forma do arranjo espacial que expressava as particularidades das relações entre o campo, a capital da província e do império e a nascente cidade. Enquanto sede municipal a cidade pressupõe a presença do aparato burocrático, jurídico e administrativo que foi localizado exatamente na região circundante a Rua Halfeld, onde hoje se encontra o Parque Halfeld. Além da organização do  espaço intra-urbano, a produção rural ao se avolumar vai requerer uma logística de comercialização, atendimento ao estoque e ao escoamento do volume da produção, principalmente se considerarmos que inicialmente ainda não havia a malha ferroviária a serviço da circulação do produto e da força de trabalho. Assim, a infraestrutura no espaço urbano, no caso as terras localizadas nos aforas da região central,  precisou atender a função de Juiz de Fora como florescente entreposto comercial da região e,  consequentemente,  gerando a necessidade da organização de novo espaço,   em função da intensificação do movimento mercantil e financeiro na cidade. Novos estabelecimentos surgiram e localizaram-se na rua Halfeld. Paralelamente, crescia a pressão sobre a moradia, surgiam novas atividades e profissões urbanas, enquanto consolidava-se variados tipos de  prestação de serviços.

De início, do estoque de terras mercantilizáveis fazia parte, conforme supracitado,  as propriedade dos Tostes e de José Antônio da Silva Pinto, este latifundiário da região do Alto dos Passos e urbanizador da área, além de fazendeiro em terras do município de Simão Pereira, limítrofe a Juiz de Fora. Juntos Halfeld e Silva Pinto construíram a rua Principal, atual avenida Rio Branco e que na verdade era o prosseguimento da estrada que Halfeld estava remodelando. Segundo Blasenheim (1996) Silva Pinto ganhou um contrato do governo provincial para ampliar o Caminho Novo: de Juiz de Fora até a fronteira com o Rio de Janeiro, transformando o povoamento do Alto dos  Passos e dos arredores, o que viria a ser mais tarde a cidade de Juiz de Fora. Esta cresceu em função do intercâmbio comercial, sendo o principal mercado para as 150 000 mulas que chegaram à Zona da Mata entre 1852 e 1862.

O crescimento da cidade redunda na intensificação da especulação de terras e impulsiona o empreendedorismo com fins de  loteamento e implantação de infraestrutura. Enquanto Henrique Halfeld – investia na várzea e no trecho compreendido pelo Morro de Santo Antônio e a rua da Califórnia (atual rua Halfeld),  Mariano Procópio implantava na região da estalagem do Rio Novo,  uma urbanização moderna que tentava se diferenciar da “velha”, ou seja, a cidade entorno da rua Principal (atual Rio Branco). Em suas terras, construiu o solar que seria sua casa e que recepcionou o imperador Dom Pedro II, fundou uma colônia de imigrantes trabalhadores da nova Estrada União Indústria por ele construída e localizou a antiga fábrica têxtil dos Ingleses. Em 1876, na vizinhança entre sua residência e a fábrica, Mariano Procópio inaugurou a estação ferroviária de Rio Novo. O controle de terras significava a consolidação do poder político local, embora as relações de Mariano Procópio com outros políticos locais não foram tão amistosas. Oriundo de Barbacena, proprietário de terras e cafeicultor em direção de Goianá, antigo distrito de Rio Novo, era deputado imperial com forte influencia na capital do Brasil. Talvez tal fato explique o antagonismo local, ao ter Ferreira Lage  “roubado” o protagonismo sobre a construção de estradas antes de Henrique Halfeld e seu “novo” Caminho Novo, ao em seguida se tornar o empreendedor e construtor da moderna  – União Indústria, nova estrada que passou a ligar Juiz de Fora a Petrópolis, em terras do Imperador, e mais adiante tornar-se diretor da  Estrada de Ferro Central do Brasil.

São, portanto, as rotas o  mote simbólico da criação e recriação da história e da geografia da cidade. Ferreira Lage ainda tentou criar uma Sociedade para melhoria da cidade, mas Silva Pinto foi escolhido como presidente e Halfeld como secretário, o que segundo Pedro Nava avaliou, revelava que a cidade era dominada por dois grupos sociais bem distintos: de um lado pessoas vinculadas à antiga tradição senhorial aristocrática e católica e do outro membros da nova burguesia emergente. “Esses aspectos ficam bastante evidenciados através da análise dos quatro pontos principais que serviram de núcleo ou eixo para o desenvolvimento urbano: o Alto dos Passos, o morro de Santo Antônio, e rua Halfeld e a estação Mariano Procópio.” (1). A rivalidade descamba, conforme supracitado, na disputa entre o núcleo de Juiz de Fora (Mariano Procópio) e Santo Antônio do Paraibuna. Face à posição política contra Mariano Procópio que resultou no impedimento a qualquer manifestação de secessão - a medida do  Barão de São Marcelino, deputado provincial redunda na  anulação do nome de Santo Antônio de Paraibuna e impõe o nome de Juiz de Fora (1865) como era então conhecida a área em torno do palacete de Mariano Procópio. De uma só penada Marcelino Tostes retira o nome de Santo Antonio do Paraibuna, impõe o nome de Juiz de Fora que era exclusivo da localidade comanda por Ferreira Lage, amalgamando o território urbano em torno de um só topônimo.

Na verdade, o sucedido revela um processo em curso, que  é a reconversão da renda da terra e formação inicial do mercado imobiliário urbano, isto é,  negócios de terras, envolvendo o espolio da família Tostes e Souza Pinto através de seus herdeiros e projetos de urbanização em torno dos núcleos e localidades originais e o incremento do mercado de terras, responsáveis por  impulsionar a vida urbana e configurar a cidade. Assim que,  do espólio dos Tostes que em 1837 por meio de seu patriarca – Antônio Dias Tostes – divide a Fazenda do Juiz de Fora entre seus quatro filhos: Custódio, Manoel, Antônio Jr. E Cândida Maria Carlota – ficando os três primeiros com as propriedades da margem direita e Carlota com a margem esquerda. Manoel e Antônio ficaram com a parte da encosta em direção a serra e Custodio com a várzea, a quem mais tarde vendeu a Halfeld para um projeto ambicioso: o de fazer a variante do Caminho Novo pela várzea, enquanto que os outros dois negociaram as terras do Alto dos Passos para Antônio da Silva Pinto e do Morro de Santo Antônio para Halfeld e a administração da capela de Santo Antônio também para Antônio de Souza Pinto.

A importância econômica  do lugar e a valorização das terras explicava-se pela riqueza do café que dava poder político a região, sob e a influência da capital do Império. Desde seus primórdios até os dias atuais Juiz de Fora é a cidade mais importante economicamente e mais próxima da cidade do Rio de Janeiro e região. Naquele momento o grande movimento em direção à vila de Juiz de Fora se dava porque o café trazia lucratividade. Sobre a base urbana mais coesa, nas proximidades de onde se localizava a Câmara Municipal, identifica-se cada vez mais a presença dos cafeicultores e da elite política inserida no projeto de modernização imperial, que se revelava na “transformação da cidade de Juiz de Fora num símbolo do seu poder e do sucesso de seu estilo de vida  - leia-se, da economia cafeeira de exportação baseada na exploração do trabalho escravo. A pretensão é tornar o centro urbano um lugar atraente, para o bem viver de uma elite poderosa  e em sintonia com as modernas noções de higiene, planejamento urbano, transporte, cultura e segurança. Uma cidade moderna, uma cidade oitocentista” (2).

Em 1860 a Câmara Municipal contrata o engenheiro Gustavo Dotti para alinhar e  nivelar as ruas e em 1868 a partir do cruzamento das ruas Principal e Califórnia novas ruas foram abertas.

Em Menezes (2003) expusemos como foi se ampliando o espaço urbano a partir da modernização dos eixos viários interligando a capital do país e da província, a introdução da malha ferroviária e a organização dos primeiros espaços fabris de Juiz de Fora entorno do seu núcleo central, mais precisamente nas margens do rio Paraibuna e entorno do atual bairro Mariano Procópio e do Alto dos Passos. A imigração iniciada por Mariano Procópio – para construção da estrada União Indústria e para um núcleo rural familiar de suporte aos trabalhadores - fixa-se principalmente entorno da cidade contribuindo para a formação de um exercito industrial de reserva que vai ser paulatinamente encorpado com os egressos rurais da abolição da escravatura e com o êxodo rural, processo que se acentuaria sobremaneira com a crise cafeeira e a substituição paulatina pela pecuária extensiva de base leiteria anos mais tarde. Tal processo se coaduna com a implantação da vida escolar capitaneada por setores da Igreja católica e protestante, assim como de instituições técnicas da iniciativa privada.

Inovação e organização do espaço urbano-industrial

A reinversão de capitais na indústria com o apoio do capital financeiro representado na região, principalmente pelo Banco de Crédito Real de Minas Gerais, seguindo modelo autoexplicativo em outras regiões cafeeiras do país iniciam o comando da economia sobre base urbano-industrial.

A cidade de Juiz de Fora veio  paulatinamente consolidando-se como centro regional da Zona da Mata (3) Centro médio fabril, prestador de serviço e polarizando uma região agrícola tradicional, Juiz de Fora sentirá os efeitos sobre o espaço urbano de um crescimento acelerado e constante.

A economia urbana cresce apoiada na difusão da indústria fordista e no mercado imobiliário criando bairros, vilas operárias e adensando a ocupação da área central da cidade. A princípio os vales laterais a calha do Paraibuna são ocupados e depois na medida em que a demanda aumenta, a meia encosta das elevações no entorno da várzea são paulatinamente loteados. O transporte de bondes chega à cidade em 1880, quando foi criada a CIA. Ferro Carril de Bondes de Juiz de Fora. A  geografia de suas linhas é capaz de revelar a estrutura urbana da cidade, a complexificação do espaço da área central da cidade e a formação dos bairros mais afastados ou ainda não totalmente urbanizados como Tapera de Baixo – onde existiu a hospedaria dos imigrantes Horta Barbosa (Santa Terezinha), Tapera de Cima (Bandeirantes), Pito Aceso (Bonfim), Manoel Honório (homenagem ao dono da Fazenda da Divisa  que tinha sede na atual rua Américo Lobo), José Weiss- ponto da cervejaria e mais tarde por causa do bonde – Fábrica, Passarela (final do São Mateus), Lamaçal, (futuro Bom Pastor), Creosotagem (Francisco Bernardino), e aqueles que se estendiam numa primeira expansão urbana ao longo de ambas as margens  do rio como Poço Rico (Três Pontes) na margem direita e Costa Carvalho (Bota N´Água de baixo) – antigo Caminho Novo de Garcia Paes,  Vitorino Braga (Bota N´Água de cima) dentre outros.

A Companhia Bernardo Mascarenhas, empreendimento que reuniu investimentos em produção de energia e iluminação pública criou as bases para uma série de inovações urbanas a partir da atividade industrial (Cf. Menezes, 2003): a primeira usina hidrelétrica da América do Sul passa a atender à fábrica e à iluminação pública da cidade ao mesmo tempo. Assim como fez Mariano Procópio, Bernardo Mascarenhas cria a Associação Promotora da Imigração, sociedade particular que reunia os financiadores e interessados no projeto, principalmente os mais importantes fazendeiros. A abolição da escravatura e a crescente urbanização demandam força de trabalho. A subvenção governamental apoia o projeto e uma nova onda de imigrantes chega à região e, em sua maioria, instalam-se em Juiz de Fora. Afora os bairros de São Pedro (Colônia de Cima) e Borboleta (Colônia de Baixo) sempre muito referenciados como localização da população  alemã;  acredita-se que outros grupos de imigrantes (portugueses, sírio-libaneses e italianos, por exemplo) se alojaram na cidade obedecendo e promocionando o mercado imobiliário, incluindo pequenos promotores particulares e, assim, disseminando-se pelos bairros que surgiam no entorno da área central da cidade original.

A cidade passa próspera pela década de 20, progressista, liberal, católica, conservadora, protestante, imigrante, negra e acolhedora de migrantes de toda a região. Do ponto de vista da cidade formal e oficial a cidade se modernizou, se aculturou e se embelezou.

Os anos 30 marcam o início da inflexão da cultura cafeeira, mas a atividade urbano-industrial foi capaz de manter a poupança interna pelo crescimento dos setores secundário e terciário da economia urbano industrial e, principalmente, pelo crescimento da infraestrutura da cidade física.

Um marco na historia e geografia urbanas de Juiz de Fora foi a enchente de 19 que desalojou a população pobre que morava em suas margens, além de atingir o setor comercial da “parte baixa” da cidade. O rescaldo desta tragédia refletiu-se no mercado imobiliário de baixa renda quando surgiu o bairro Vila Furtado de Menezes que abrigou inicialmente os flagelados da enchente de 19. O governo local conseguiu verbas do governo federal para retificação do rio, liberando assim mais terras as margens do rio e, principalmente na margem direita aumentando o espaço que foi sendo ocupado por fábricas e grandes armazéns, constituindo o setor atacadista da cidade, em virtude da proximidade com a  estação ferroviária.

Do ponto de vista das mudanças estruturais, Juiz de Fora subsistiu e ampliou o setor industrial, sua base industrial era a de substituição de importação, sendo a indústria têxtil e alimentar as de maiores expressões na cidade. No entanto, nos anos 50 quando a base industrial nacional muda para privilegiar o setor de bens de capital e bens de consumo durável, outra geografia regional tinha se delineado na Zona da Mata Mineira e a cidade de Juiz de Fora, estabelece novas relações de centro com sua região.

Uma das expressões espaciais mais reveladoras das novas interações espaciais se expressam na falência gradativa da rede ferroviária e sua substituição pela malha viária rodoviária. A maior acessibilidade dada pelos transportes terrestres e novos eixos de rodovias federais marcam uma série de clivagens na dinâmica regional e em especial refletem sobre Juiz de Fora de duas maneiras bem importantes.

A primeira com a construção da rodovia Rio-Bahia que adentrou na Zona da Mata no sentido longitudinal e que vai estabelecer a ligação entre o Sudeste Oriental e o Nordeste, a leste da Zona da Mata e impulsionam as cidades sobre este eixo, dentre elas Leopoldina, Cataguases e Muriaé, Caratinga e Manhuaçu, todas oriundas da produção cafeeira e interligadas a época por malha ferroviária.

A segunda diz respeito ao eixo com Belo Horizonte, como eixo preferencial, o que ocasionou a decadência e muitas vezes o isolamento das ligações mais interiores com municípios próximos a Juiz de Fora. Ligações que passam a ser vicinais, quando órfãs da decadência ferroviária. As ligações se tornam mais difíceis, mesmo cidades próximas devido à precariedade do sistema de comunicação terrestre se tornam quase que inacessíveis.

O resultado para a economia municipal se dá em função de uma combinação de fatores que incidem sobre uma política nacional que não reverte investimentos para a região e que articulam outros espaços com investimentos de ponta, sendo o caso modelar o governo Juscelino Kubitschek (1956-60) e a montagem do arcabouço da indústria automobilística, indústria motriz para o complexo industrial que irá consolidar a liderança da economia paulista, a partir da expansão, articulação e funcionalidade da região metropolitana de São Paulo.

A mudança da capital para Brasília inicia um processo de desmobilização geopolítica e conseqüente desaceleração econômica para o Sudeste Oriental. Para Juiz de fora, e obviamente para o estado do Rio de Janeiro tal fato gerou um espaço de transição, onde uma economia regional sem fôlego de competição e cuja base agrária sobrevivia com problemas de renovação, ausência de inovações, inexistente processo de beneficiamento, frágil organização de circulação e distribuição de bens e produção. Paulatinamente se consolidam no país as multinacionais do setor de laticínios. Localizadas no sul mineiro e em São Paulo foram uma concorrência agravante para com a economia da Zona da Mata e em especial para Juiz de Fora. Enquanto isto a maior parte da distribuição da produção agro-pastoril passa a ser dominada pelo Central de Abastecimento da Grande São Paulo (CEAGESP), capturando, inclusive a região metropolitana do Rio de Janeiro, antes mercado consumidor preferencial da produção agropecuária da Zona da Mata.

A crise regional dos anos 50 se somaria a crise nacional dos anos 60 acrescentando um quadro de  crise industrial local. Na verdade, a indústria e mais amplamente a economia regional estavam à deriva na divisão interna do trabalho. A região perde participação na produção e competitividade no mercado interno.

“Nos anos 50, os setores que passaram a liderar o crescimento econômico brasileiro foram os de bens de capital e de bens de consumo durável (siderurgia, metalurgia, química e automobilística), em detrimento dos setores tradicionais. Juiz de Fora esteve ausente dos grandes projetos de investimentos idealizados pelo Plano de Metas, sendo apenas beneficiada marginalmente com a instalação da Facit S.A. Máquinas de Escritório e da Becton and Dickinson Indústrias Cirúrgicas Ltda., de capital internacional, sem alterar a tendência de decadência industrial da cidade. O capita local entrou num processo de falência, com várias indústrias tradicionais fechado suas portas e os novos empreendimentos não foram seguidos de similares, razão pela qual não possibilitaram a dinamização da estrutura produtiva da cidade.” (4)

Os anos 70 são um importante marco para a economia da cidade, pois significaram a inserção do território municipal na economia regional do estado de Minas, através de incentivos propostos pelo II Plano de Desenvolvimento Nacional. Neste processo, o espaço juiz-forano passa a compor uma complementaridade com o setor metalúrgico da   região de Belo Horizonte, integrando-se, pela primeira vez, à economia de Minas Gerais. A instalação da siderúrgica Mendes Jr, atual  Belgo Mineira e da Paraibuna de Metais – metais não ferrosos foram capazes de revitalizar parcialmente o mercado de empregos e a dinâmica interna da economia urbana. Além destas plantas o município recebeu uma unidade da White Martins multinacional no setor de gases químicos e a Paraibuna de Papéis fábrica de embalagens situada no distrito industrial no bairro de Benfica e primeira indústria a receber e ser atendida, recentemente, pelo gasoduto Rio – Belo Horizonte.

Na verdade, a crise da indústria tradicional, a nova política industrial brasileira, a centralização fiscal e administrativa do Estado nacional pós-64, a decadência rural e a perda de hegemonia do Rio de Janeiro, aliados a emergência do Região Metropolitana de Belo Horizonte ancorado no novo modelo da indústria de transformação reverberaram na organização espacial da Zona da Mata.  Juiz de Fora como centro regional constrói novos espaços de expansão, acompanhando o modelo dominante da América Latina, ou seja, a constituição de uma imensa  periferia social ocupando cada vez mais espaços precários e sem infraestrutura, cujo resultado é o padrão de crescimento urbano acelerado sobre uma base econômica setorizada cada vez mais concentrada e especializada.

Coube ao Estado autoritário (ditadura militar 1964-85) a função de interventor no acoplamento de infraestruturas de inserção numa nova dinâmica baseada no capital monopolista de base urbano-industrial. Portanto, a mudança de modelo incorreu na necessidade de regular as forças de mercado, implantar os setores de indústria estratégica, balizando o modo do desenvolvimento sob um aparato técnico centralizado e um modelo “planejado”.

Qual o lugar da região – Zona da Mata  neste modelo? Quais os efeitos sobre a cidade de Juiz de Fora?

O plano adotado foi o das Cidades de Porte Médio (5). Inicialmente concebida como “periferia estagnada” à Zona da Mata Mineira coube a função e a necessidade de ordenar a força de trabalho e imputar a sua cidade polo e centro regional-Juiz de Fora, a função de reter o fluxo migratório que congestionava os espaços metropolitanos do país. No âmbito rural o governo estadual lançou o PRODEMATA, programa destinado a recuperar a produção agropecuária em áreas de concentração de pequenos agricultores, mas de atuação pífia. Como articulação regional nenhum programa contemplou especialmente a Zona da Mata. O resultado não tardaria se apresentar na paisagem urbana.

Dos resultados da ação do projeto Cidades médias a cidade promoveu a expansão da Cidade Alta, contemplada inclusive com um plano diretor específico, intervenções sobre no centro da cidade como urbanização de ruas de pedestres e o alargamento da avenida Rio Branco, incluindo a construção de uma pista seletiva para o transporte público. Além da melhorias de acesso a universidade situada na Cidade Alta, incluindo a avenida Independência e a melhoria de acesso pela avenida engenheiro Gentil Forn no acesso ao bairro Martelos e a região do São Pedro, dentre outras ações urbanísticas de extrema importância para a cidade.

Sobre a organização interna da cidade assistiu-se nos últimos 20 anos a busca de modelos e as tentativas de implantação de políticas e projetos de regulação da pobreza urbana. Efetivamente foram realizadas obras de infraestrutura viária, marketing e inovações no mercado imobiliário de alta renda (6), com a implantação de novos bairros exclusivamente residenciais, os primeiros condomínios fechados e  a ordenação da expansão urbana em eixos de alcance da rodovia BR-040, na direção oeste do município. Funcionalmente a expansão urbana estruturou e equipou novos subcentros dentro da cidade, como o bairro Benfica (antigo e importante subúrbio militar e industrial da cidade) no setor noroeste e uma região de modernidades e inovação que compreende o espaço entre o Alto dos Passos, o São Mateus, o bairro Cascatinha e a Cidade Alta no setor sudoeste da cidade.

Atualmente, ao longo do  processo de espacialização verifica-se  a implantação de novos empreendimentos que operam com agentes complementares e que envolvem a ação e reação do mercado imobiliário local com a introdução de novos equipamentos territoriais e sua consequente inserção no livre mercado da economia globalizada. A cidade passa a ser servida pelo sistema de cabos de fibra ótica e por gás natural. O gás natural associado (quando no reservatório está dissolvido no óleo ou sob a forma de capa de gás e sua produção é condicionada a produção de óleo) que é comercializado em Juiz de Fora é processado na bacia de Campos (PETROBRAS/RJ) e bombeado até Minas Gerais, através de uma rede que liga Rio de Janeiro a Belo Horizonte. Atualmente a maior consumidora de gás natural é a siderúrgica Belgo Mineira.

Os novos tempos da economia aberta e da chegada de novas tecnologias parecem redundar no abandono por parte do inconsciente coletivo do ideal da industrialização fordista, perfeitamente compreensível e muito desejado por sua capacidade de empregar força de trabalho. Mas, segue preponderante a estratégia do investimentos em terras e patrimônio. A permanecia histórica do setor de bens imóveis, feliz em tempos de bonança e seguro em tempos de desânimo, segue como agente fundamental sobre o espaço urbano com sua generosa capacidade de açambarcar alianças com diferentes agentes sociais e econômicos legais e ilegais. Seu ethos incentiva o prazer juizforano de cultuar a casa e o seu patrimônio imobiliário.

Casamento duradouro... mesmo porque,  ambos, ampliam a reprodução do capital. Sua contraface é a necessidade premente e constante da regulação do espaço geográfico sobre o uso e a ocupação do solo.

Escalas de embate: possibilidades de inserção regional e nacional rumo aos negócios globais

Em tempos de inovação e renovação realiza-se uma nova rodada de reestruturação e reincorporarão dos espaços e territórios nas regras e modos operacionais do modelo econômico em curso. Após os anos 90 com a abertura da economia, a redemocratização do país e a nova constituição alicerçada pelas novas tecnologias de mídia e informação, cidades e regiões transitam para novas inserções no sistema espacial brasileiro. Lugares emergentes, ranking de cidades, qualidade de vida são temas midiáticos que logram apresentar novos lugares de investimentos para as mais diversas gamas de empresários e corporações econômicas. As listas das “mais mais” cidades que abundaram em tempos do governo de Fernando Henrique Cardoso ( 1995-2002)  e o sucesso da estabilização monetária do Plano Real na imprensa baseavam-se em critérios cuja base seria a infra-estrutura implantada pelas cidades para aportarem novos investimentos e empresas. Do ponto de vista financeiro, o fator fundamental seria que dispor  o município de poupança, além da existência de recursos recicláveis de uma para outra atividade, através de privatizações, parcerias e concessões. Tudo isto somado ao cuidado e à revalorização do meio ambiente e, também,  à cultura criavam uma  conjuntura favorável ao desenvolvimento do turismo.

Tal discurso encontra uma matriz geral, européia e globalizante, onde a cidade estratégica se confunde com a cidade sustentável (7). Estratégia e sustentabilidade são entendidas como  modelo exemplar na forma de um sistema  retroalimentador de sinergias positivas. Trabalha-se com a perspectiva de realização de negócios, atração de investimentos e competitividade baseados na exploração máxima das vantagens comparativas locais. O discurso incorpora a qualidade de vida e a participação cívica de todos os setores sociais como metas a alcançar permanentemente, de modo que a cultura cidadã e urbana possa ser revertida em fonte de atração e se possível incremente o turismo. A gestão urbana muda radicalmente de escala passando da organização interna da cidade para a preocupação com possíveis investimentos estratégicos em sua região de influência direta. Concomitantemente busca a adequação à demanda das empresas não locais às necessidades de equipamentos territoriais de logística. Objetiva-se através da operacionalização dos fluxos a inclusão regional nos circuitos nacionais e internacionais.

Estudos efetuados pelo Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a universidade de Campinas (UNICAMP) em 1998 sobre a rede urbana brasileira  classificou Juiz de Fora como centro regional que, porém, não constitui aglomeração urbana.  Segundo o estudo, os critérios de classificação das aglomerações urbanas busca verificar em que grau referida aglomeração atende aos chamados aspectos fundamentais de natureza demográfica, de estrutura ocupacional e de integração entre os núcleos. Numa aglomeração urbana os municípios integrantes devem apresentar minimamente as seguintes características: densidade de 60hab./km² por espaço urbanizado contínuo e um mínimo de 65% de PEA nos setores secundário e terciário e conurbação urbana interna. Os município de Ewbank da Câmara e Matias Barbosa sobre os quais avança a mancha urbana de Juiz de Fora ainda não constituem processo de conurbação completa, sendo mais provável esta configuração, do ponto de vista da maior densidade demográfica em direção ao município de Chácara que funciona com  mais um bairro de periferia de Juiz de Fora. Na verdade o exemplo acima se insere na problemática apontada pelo IPEA e que diz respeito ao processo de aglomeração urbana se fazer por periferização baseada no empobrecimento, no desemprego na não requalificação da força de trabalho, o que vem implicado da “ocupação informal” dos centros urbanos, nas áreas centrais e periféricas, agravada pela dificuldade do acesso a terra e por deficiências jurídicas e políticas para legalização das áreas ocupadas. (8), contexto que os municípios limítrofes a Juiz de Fora se inserem perfeitamente.

Assim, os municípios do entorno de Juiz de Fora, Ewbank da Câmara e Santos Dumont, cuja sede municipal dista cerca de 35 quilômetros ao norte, ambos no eixo da BR-040 apresentam inicio de conurbação. Ewbank constitui um pequeno município de origem rural e hoje funciona como área de expansão urbana de Juiz de fora com característica de periferia social e Santos Dumont um município com pequena atividade industrial, onde se destaca a Companhia Brasileira Carbureto de Cálcio. Ambos constituem parte do movimento pendular de trabalhadores para Juiz de Fora.

 Mas, é no município de Juiz de Fora entorno do entroncamento da BR – 0 e da BR 267 (rodovia longitudinal ligando Mato Grosso do Sul a Zona da Mata mineira, passando por São Paulo e o sul de Minas), que se encontram  importantes indústrias, entorno das quais se organiza um sub-eixo de expansão da cidade. Neste perímetro localiza-se desde os anos 80 a planta da Paraibuna de Metais do grupo Votorantim, de origem paulista - empresa dedicada à indústria, importação e exportação de minério de zinco e seus metais associados, ligas, produtos e subprodutos. Próximo, na BR-040 localiza-se a Mendes Júnior Siderúrgica arrendada pela Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, fabricante de aços para a construção civil e implementos agrícolas para o mercado interno nacional. No antigo distrito industrial, no bairro de Benfica,  ainda dentro deste eixo, porém já em área urbana contínua encontra-se a Paraibuna de Papéis. Embora citadas as principais plantas industriais nesta região, também aí se localizam inúmeras outras indústrias dos ramos de bens de consumo. E no novo distrito industrial entre o rio Paraibuna e a BR-040 localiza-se a fábrica da Mercedes Bens, instalada na segunda metade dos anos 90.

Adentrando no perímetro urbano de Juiz de Fora este eixo se prolonga até o centro da cidade acompanhando a margem direita do rio Paraibuna onde se localizam o “velho” distrito industrial da cidade, outros bairros industriais e vias urbanas importantes que, na verdade funcionam como continuação da BR-267, já que a cidade não dispõe de um arco de contorno para esta rodovia. É importante acrescentar que a geomorfologia da área urbana de Juiz de Fora em face da declividade e dos movimentos de massa contribui para acentuar a orientação das áreas de expansão da cidade sobre a várzea do rio Paraibuna interconectando-se ao restante da malha viária tanto no sentido Rio - Belo  Horizonte, quanto no sentido Juiz de Fora – sul de Minas – São Paulo, e também no sentido Juiz de Fora, Ubá – Viçosa- Ponte Nova interiorizando-se sobre a Zona da Mata.

Mas, como complementaridade na escala regional é o eixo entorno da BR-040 que vai aceleradamente se consolidando como área linearmente ocupada desde o Rio de Janeiro passando por  Petrópolis, Itaipava, Areal, Três Rios- Paraíba do Sul, Simão Pereira e Matias Barbosa até chegar a Juiz de Fora. Este eixo vem sofrendo paulatinamente um processo intenso de urbanização podendo-se assim supor um embrião de aglomeração urbana da Serra dos Órgãos pelo vale do rio Piabanha, do rio Paraíba do Sul até o rio Paraibuna, explicada funcionalmente como uma área de expansão urbano-industrial a partir do Rio de Janeiro, confirmando o estudo do IPEA-IBGE-UNICAMP (Op.cit.) que descreve o sistema urbano do Rio de Janeiro como composto pela região metropolitana do Rio de Janeiro, por Juiz de Fora e pela cidade de Vitória, capital do estado do Espírito Santo e sua região metropolitana.

O prolongamento e a interioridade dos eixos de investimentos e produção sobre a Zona da Mata poderão ser feitos a partir da ligação de Juiz de Fora com a cidade de Ubá (centro microrregional) impulsionada pela entrada em operação do Aeroporto Regional de Zona da Mata (embora sua denominação seja aparentemente redundante, na verdade, associa o tipo de instalação aeroportuária com sua localização). Obra controversa e ainda inacabada, eivada de juízos incautos e “à boca pequena” o projeto do aeroporto regional foi bancado pelo ex-presidente Itamar Franco, político de Juiz de Fora, enquanto governador de Minas Gerais (1999-2002).

De modo a abstrair o contexto das opiniões locais é importante ressaltar o significado e a importância do aeroporto regional e da aviação regional.  A idéia da aviação regional passou a realidade quando do primeiro período de desregulamentação da economia no EUA, por volta de 1980, a indústria aeronáutica passou a investir em modelos menores que fossem servir de transporte de pequena carga e passageiros entre pequenas cidades ao redor de grandes cidades. Lógica pertinente para entender ao construção do aeroporto de Zona da Mata se não fosse por dois motivos: o poder aquisitivo da classe média brasileira que deriva no baixo consumo do transporte aéreo e do turismo e da não consolidação do agronegócio na Zona da Mata como economia dominante e, portanto, alicerçada na existência de um setor agrícola capitalizado e dinâmico. No entanto, o empresariado nacional, desde que desprendido das amarras dos juros e da tributação necessita incrementar a aviação regional, pois a intensificação dos fluxos no mercado interno requer a logística aeroviária. Recentemente, com os objetivos de debater as principais dificuldades da Aviação Regional, propor suas soluções e apresentar propostas sobre o novo Sistema Brasileiro de Aviação Regional, foi realizado em Brasília, o 2º Congresso Nacional de Aviação Regional, com o apoio das mais importantes empresas aéreas brasileiras, em especial as novas empresas de âmbito regional como a Ocean Air interessada em operar no futuro aeroporto da Zona da Mata O evento tenta encontrar soluções para o incremento da aviação regional no espaço brasileiro, salientando sua crescente importância face as novas demandas da logística de transporte em que o modal aéreo ganha competitividade em relação, principalmente ao sistema rodoviário atualmente em estado de conservação precária, congestionado e sem alternativas viáveis de expansão física. Os dados revelam que há 50 anos a aviação brasileira atendia 400 cidades. Atualmente este número não chega a 130 e, caso haja uma redução haverá impacto negativo sobre o mercado interno. A idéia que se pretende veicular é o de ser a aviação regional uma promotora da integração e desenvolvimento de regiões afastadas dos grandes centros urbanos. (9)

Independente do tempo que possa levar para conclusão das obras do aeroporto da Zona da Mata é importante salientar que, num certo sentido,  sua existência pode ser encarada como ação de planejamento para o setor econômico, cujo objetivo geral é criar assim espaços de interseção do global com o local e regional. No entanto, sua implantação e localização ocasionou grande impacto ambiental, social, inclusive atingindo áreas de sítios arqueológicos. Situado numa extensa várzea rodeada por um anfiteatro de serra de grande importância paisagística, uma das maiores críticas sobre a localização do aeroporto recai sobre a distância com a cidade de Juiz de Fora – cerca de 40 quilômetros. Instalado em território fronteiriço dos municípios de Goianá e Rio Novo, o aeroporto regional e a historia de sua construção não deixa de espelhar o  histórico jogo de poder da elite política regional: o de associar estoques de terras, com empreendimentos de alcance regional e lucratividade imediata, com ampla reconversão do capital social para a contabilidade da política local. Segundo o plano diretor elaborado pela Fundação João Pinheiro de Minas Gerais em 2002,  a construção se fez a partir da implantação inicial de uma pista de pouso e decolagem com 1800 metros de comprimento e 30 de largura – já construída, o terminal de passageiro ocupará área de 1950 km² contando ainda com 2000 m² do terminal de cargas.

Do ponto de vista econômico o aeroporto se justificará quando for capaz de exportar, o que na pauta interna inclui desde componentes para indústria automobilística, incluindo a fruticultura de montanha, em especial a produção da região das cidades de Barbacena - Carandaí, móveis da região de Ubá, laticínios de toda a Zona da Mata, café, e inúmeros produtos industriais da própria Zona da Mata. Recentemente, e políticos de Minas Gerais visitaram a região do aeroporto e decidiram reivindicar ao governo de Minas incentivos fiscais e a criação de uma Zona de Processamento e Exportações (ZPE), para que todo produto importado, exportado ou aquele produzido dentro do sítio aeroportuário possa receber incentivos fiscais seguindo o modelo da na Zona Franca de Manaus. O aeroporto, localizado na divisa dos municípios de Rio Novo e Goianá, além das proximidades com Juiz de Fora dista 120 quilômetros do Rio de Janeiro. Os empresários da região comemoraram o conjunto de obras que está sendo implantado pelo governo estadual, tendo sido encomendado a arquitetos da cidade de Juiz de Fora o plano de construção e feições urbanísticas que assegurassem um perfil condizente com a cultura regional para o novo aeroporto.

 Além do aeroporto, está prevista a construção de um Centro Regional de Convenções (CONEX) em JF nas margens da rodovia BR-040, próximo ao trevo de acesso ao distrito de Torreões e que, no momento, encontra-se com as obras paralisadas por falta de repasse de verbas do governo estadual. Também incentivado no governo Itamar Franco e com R$ 25 milhões no orçamento, objetiva  alavancar a economia da cidade, estimulando comércio e serviços e para tanto deverá contar, segundo projeto original, com  sete auditórios que poderão atender até dez mil pessoas. Até o momento foram gastos R $ 2 milhões na obra pela Construtora Mello Azevedo que terraplenou o terreno da BR-040 e alterou a rede de drenagem existente no local, canalizando um importante córrego que equilibra e abastece os mananciais da cidade.

Entre a rodovia BR-040 e o Aeroporto da Zona da Mata em Goianá terá que ser construída uma variante que funcionará como um rodoanel em Juiz de Fora, de modo a dar operacionalidade intermodal aos projetos em andamento, incluindo melhor acessibilidade a estação aduaneira - o porto seco, localizado no distrito de Dias Tavares, próximo as instalações da Mercedes Benz.

Logicamente que o custo de transporte será um fator fundamental na concorrência entre o transporte aéreo e o transporte rodoviário, sem contar que este tipo de frete tem um valor social muito grande na medida em que emprega uma parcela significativa da força de trabalho num país de dimensões continentais. Porém, a logística aeroportuária deverá ainda incluir a construção do anel rodoviário, conforme já assinalado e a ligação expressa com Juiz de Fora contatando com a BR-040, através da “Cidade Alta” pela via São Pedro ou Interbairros e a via Remonta (margem direita do rio Paraibuna). Consorciados com a prefeitura e o capital imobiliário é possível antever a construção de projetos paralelos a estrutura viária intermodal como o que se segue.

Tecnologia, segregação e multifuncionalidade no espaço urbano.

Com os novos investimentos previstos para o eixo de estrada BR-040 acredita-se que um novo tempo-espaço se estrutura na área urbana de Juiz de Fora revalorizando-a, incluindo novos usos e contatando-a diretamente com empreendimentos que perpassam escalas geográficas mais amplas, incluindo as exportações e o MERCOSUL. Para tanto vale destacar o projeto de matriz energética para a região que inclui a expansão do gasoduto Rio- Juiz de Fora - Belo Horizonte no Centro de Operação de Gás de Juiz de Fora-COG-JF com uma usina de gás já construída no bairro Igrejinha e a beira da BR-267, a usina termelétrica de Juiz de Fora (primeira usina termelétrica do mundo a operar com etanol) localizada no distrito industrial de Benfica e a PCH de Picada no distrito de Torreões, que já conta com projetos estruturados de ecoturismo e valorização imobiliária no seu entorno. A usina de Picada pretende abastecer de energia todo o processo industrial da Companhia Paraibuna de Metais, sendo o excedente comercializado pela CEMIG – Companhia Energética de Minas Gerais. O alagamento e a implantação da infraestrutura necessária a construção deverá impactar diretamente a localidade de Monte Verde, enquanto que o perímetro compreendido entre a usina e a extremidade a montante do remanso do reservatório pode tornar-se uma unidade de conservação de uso direto. (10)

Apesar de estar prevista pela prefeitura a construção de um anel rodoviário com a finalidade de regular e conter a expansão e o uso desordenado da cidade, a Via Coletora, verifica-se um movimento do mercado imobiliário na implantação de investimentos às margens da rodovia. Recentemente o mega projeto AlphaVille Urbanismo – grande empresa do setor imobiliário paulista (11) com projetos espalhados por várias cidades do país chega a Juiz de Fora e, cujas características do empreendimento assemelham-se a construção de um bairro ou “região” de uso exclusivo dos moradores e usuários, isto é, do tipo fechado com todos os bens e serviços necessários, incluindo pequenas instalações industriais e galpões, tentando se assemelhar a uma pequena cidade planejada, fazendo lembrar concepção urbanística de jogos simulados em computador do tipo “SIM CITY”.

Em Juiz de Fora, a empresa já recebeu as diretrizes ambientais da prefeitura da cidade  e concluiu os estudos preliminares da AlphaVille Juiz de Fora estando prestes a proceder a apresentação oficial às autoridades do município. Situado às margens da BR-040, o empreendimento terá 1.000.000 m² de área verde, sendo um complexo residencial com investimento da ordem de R$ 70 milhões e deve criar mais de seis mil empregos – 600 apenas as obras de infraestrutura.

Encontra-se, também,  em construção, também as margens da mesma rodovia, empreendimentos imobiliários do tipo “granjeamento” em condomínio fechado e dois centros empresariais de negócios (business park)  dentre outros. É a nova área de expansão da cidade que inclusive remete a necessidade da atualização da legislação urbana, pois a presença de tantas inovações requer um ordenamento específico para a região, ou pelo menos uma atualização da legislação urbana de Juiz de Fora.

Dentre estes empreendimentos destaca-se os centros empresariais porque são elucidativos da junção do logística do mercado atacadista e das empresas de transportes, geralmente externas a região; do capital imobiliário, da indução de novos consumos, além do tratamento diferenciado da força de trabalho empregada. O que há de comum entre eles é o fato de serem espaços privados e privativos no sentido do uso e da ocupação. Territórios fechados e ditos “seguros” congregam grupos diferenciados e exclusivos de consumidores dentro do perfil dominante do empreendimento qual seja: armazenagem, eventos e negócios, instalações industriais e de serviços e moradia “personalizada”. (12) Também marcam todos estes projetos uma concepção de design e arquiteturas exclusivas ao atendimento do uso e do perfil do consumidor. Há, incluso, uma preocupação com a formação e o controle na força de trabalho. A gestão empresarial preocupa-se em ter um trabalhador produtivo, saudável e reconhecido das vantagens do seu ambiente de trabalho. No sentido de aliar uma série de “vantagens” nas condições de trabalho, em função de se localizarem distante do centro tradicional de cidade. A saúde do trabalho encontra-se presente com ênfase no diagnóstico preventivo, em cursos de prevenção de acidentes do trabalho e através da Clínica de Família busca identificar sintomas e tratar problemas relacionados ao desempenho do trabalhador como: absenteísmo, dificuldades de relacionamento, falta de motivação e a realização de exames periódicos  admissionais e demissionais.

No caso do Park Sul, mais precisamente, o espaço foi organizado de forma a aliar segurança de um modo geral, isto é, a todas as funções ali presentes com a possibilidade de se tornar o lugar um ponto de convivência e consumo para a população de classe média alta da cidade. Para a população residente mais próxima, em especial a do município de Matias Barbosa, funcionalmente um subúrbio dormitório de Juiz de Fora, a empresa concebeu a “escola internacional” que tem como objetivo principal a inclusão social de crianças através do ensino bilíngue de Português e Inglês com atividades que funcionarão em período integral. Amenidades e segurança marcam o perfil do empreendimento. Tais  como: espaços de convivência para descanso e desfrute de amenidades como jardins, (projeto paisagístico de Burle Marx), teatro de arena  para show de música, dança, poesia, contação de histórias etc.. Conta, ainda, com a segurança de um posto da Policia Militar do estado de Minas Gerais. É fato que estes espaços configuram territórios, cuja concepção ocasiona  formas de uso seletivo, exclusivo e especializado e que se potencializam sobre discurso e práticas de proteção e/ou degradação ambiental. Por via de conseqüência, os agentes econômicos locais ao territorializarem seus empreendimentos apostam que a prefeitura impeça a periferização ou a degradação ambiental da região. Espera-se que a municipalidade  cumpra a risca sua função reguladora e fiscalizadora do uso do território, especialmente na principal área de expansão da cidade – a zona oeste ou como está localmente consagrada – a Cidade Alta.

A Empresa Pangea pertence ao grupo U & M empresa de construção pesada como barragens, operação de minas, obras de infraestrutura, construção de estradas e aeroportos, atuando principalmente na Amazônia e no estado de Minas Gerais. A referida empresa dedica-se a promoção de empreendimentos imobiliários na região de Juiz de Fora, sejam para locação no conceito “build to suit” – pronto para ocupar ou diretamente para venda.

Os “business park” foram pensados operacionalmente como forma de racionalizar e compartilhar custos. O primeiro deles, o supracitado Park Sul, foi construído no município de Matias Barbosa limítrofe a divisa com Juiz de Fora, em área de expansão urbana, ocupa antiga área do lixão de Juiz de Fora, este deslocado para montante da estrada e agora em se próprio território. Da prefeitura de Matias Barbosa o empreendimento recebeu isenção por 30 anos (!) de imposto sobre circulação de mercadoria (ICM) e do imposto sobre serviços (ISS) disponibiliza a principio 330 000 m² para locação dos 1 300 000m² da superfície total – grande parte deste estoque compreende a revitalização biológica do ex-lixão de Juiz de Fora. No site da empresa na internet (13) consta um mapa com a divisão municipal da área de abrangência do empreendimento – raios de distancia máxima de 150 quilômetros - e a localização dos empreendimentos. Cada município é classificado em categorias coloridas no mapa de faixas populacionais e sobre eles toda a rede viária da região, que vai desde a região metropolitana do Rio de Janeiro – ao sul, passando pela região serrana e norte do estado do Rio, parte sudeste da Zona da Mata até as proximidades de Ponte Nova, passando por Congonhas, indo até Itutinga e Cruzília e descendo pelo Vale do rio Paraíba em Itatiaia e fechando o círculo mais amplo em Mangaratiba até novamente o Rio de Janeiro. Compreende, portanto,  a região metropolitana, a serrana, o norte e o vale do Paraíba em território do estado do Rio de Janeiro e a parte centro sul da Zona da Mata, incluindo a parte leste das Vertentes: Barbacena, São João del Rei, Conselheiro Lafaiete e Congonhas.

A Pangea Empreendimentos congrega uma série de projetos consorciados e com as mais diferentes atividades e funções. Empreende e participa de condomínio residencial Estrela Sul com área total de 520.000 m² localizado em antiga área de encostas  cobertas de pasto e, portanto, desocupada. Muito bem localizado, situa-se entre os principais bairros da zona sudoeste da cidade e vizinho à Universidade Federal de Juiz de Fora. Próximo, no lado oposto ao vale da Avenida Independência e ao lado da Universidade Federal de Juiz de Fora, a empresa participa do primeiro “shopping  center” da cidade, complexo imobiliário com 220.000m² cujo projeto conta com torres de escritório e hotel, estando em fase de construção. Outros empreendimentos fazem parte da empresa, porém, sob o ponto de vista da inovação destaca-se o Centro Empresarial Tec Park, na rota da BR-040. A iniciativa é resultado de uma parceira entre a prefeitura de Juiz de Fora, a Pangea Empreendimentos, a Medquímica Indústria Farmacêutica, a Quiral Química (empresa incubada na Universidade Federal de Juiz de Fora), o Centro Industrial de Juiz de Fora e o futuro Parque Tecnológico de Juiz de Fora (ParTec). O empreendimento se apresenta como “um completo centro empresarial, situado estrategicamente entre Rio- São Paulo e Belo Horizonte, próximo ao aeroporto regional e, principalmente, um projeto moderno ligado a empresas não poluentes, com elevado apelo tecnológico e cultura de inovação”. (14)

 O Tec Park (nome publicitário) será lançado com uma infraestrutura completa numa área de 130 mil m². Estão sendo investidos cerca de R$ 60 milhões e está prevista a abertura de cerca de 1.500 empregos. Em parceria com a empresa de telefonia TELEMAR pretende prestar os seguintes serviços: telefonia avançada acesso a internet, redução de custo longa distância, guarita blindada, portaria informatizada, monitoramento 24 horas por câmera de vídeo, central de infraestrutura para instalação de interfones, serviço de manutenção, limpeza e segurança. Além de todos estes serviços, o Tec Park ainda prevê um completo centro de serviços com agencia bancária, correios, restaurante, café, centro de treinamento, centro de medicina ocupacional e posto de abastecimento de combustíveis.

Sobre o Centro Tecnológico de Juiz de Fora sua concepção inclui o emprego de funcionários altamente qualificados (não só por criarem produtos inovadores, mas pelo aperfeiçoamento constante) e, por consequência, provocando o aumento das faixas salariais dos setores envolvidos. No caso de Juiz de Fora, provavelmente serão as empresas de software, fármaco e biotecnologia. Segundo depoimento do Sebrae – Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas o setor imobiliário também deve ser um agente presente e deverá participar na construção dos equipamentos locais. (15)

O parque vai funcionar como um centro de excelência, onde a integração com as empresas tradicionais, cujo objetivo proposto será o de alavancar o desenvolvimento da região. O conhecimento produzido deverá ser multiplicado pelos estudantes e profissionais, ou seja, o recém-formado profissional do mercado local. A forma de gestão do parque tecnológico deverá ser definida pelos empresários; segundo eles assim garantir o bom funcionamento desta interface. Dentre os atores está previsto a participação de empresas de tecnologia de ponta, universidades e institutos de pesquisa, todos instalados num espaço comum, de modo a estimular a troca constante de conhecimento. A concepção do parque tecnológico e sua implantação está sendo articulada em Juiz de Fora, através da parceria entre Sebrae, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e prefeitura de Juiz de Fora.

A participação da pesquisa aplicada desenvolvida pela UFJF e seu  relacionamento com o setor produtivo é mais nítido através das ações do Núcleo Softex- 2000, um dos vinte (20) núcleos implantados no Brasil para estímulo à produção e exportação de software, do Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (CRITT), criado em 1995 e destinado a fomentar o empreendedorismo na área de informática. Ao CRITT são atribuídas as funções de assistência tecnológica às empresas da cidade e região e de incubadora de empresas de base tecnológica.

As bases da circulação e distribuição de bens, informações e capitais estão encaminhadas no espaço urbano e regional de Juiz de Fora e sua área de influência. Diferentes atores presentes buscam uma articulação que impulsionem a economia local-regional e a integre nos fluxos de negócios globais. As novas bases de acumulação presentes nos território caminham na forma de realização da reestruturação produtiva, aqui entendida como  “estabelecimento de novas formas e escalas de espaço-tempo, com o fito de configurar um novo modo de organização de espaço para as sociedades modernas, mudando-as na forma como até então haviam se ordenado”. (16)

Existe uma instância mediadora entre as tecnologias de informação e as condições reais de produção e circulação. Na verdade, são formas de melhor realização, inscritas como fixos no território. São por exemplo todos os empreendimentos em projeto ou execução acima analisados. Nossa preocupação centra-se sobre o padrão e a função de fixos territoriais necessários a realização produtiva. A especificidade diz respeito a inserção regional na divisão territorial do trabalho numa economia que se orienta na busca de ampliação do fórum comercial. Tanto a malha viária quanto a rede logística atendem ao mercado ampliado da circulação e distribuição de mercadorias, insumos, equipamentos, força de trabalho e consumidores. Na escala local, os sistemas de comunicação e os empreendimentos imobiliários consorciam o capital produtivo e financeiro através de um mecanismo de alianças do empresariado local e não local, nacionais e estrangeiros, cuja realização se processa através do consumidor da e na região.

Quais as armas? Inovação, tradição ou reinvenção?

Ainda o grande motor da economia de Juiz de Fora é o mercado imobiliário, Sua tradição tem sido continuamente sua capacidade de inovação e reinvenção. Ele está presente em parceria com todos os grandes empreendimentos aqui citados, seja no mercado urbano ou de conversão para o urbano, através do granjeamento (áreas com mais de 2000m² que funcionam como áreas de lazer e segunda residência da classe média) e dos condomínios fechados que abundam no entorno das áreas remanescentes rurais, seja acoplados a projetos de preservação ambiental onde o setor imobiliário pode aparecer cheio de regras e controle urbanístico para que agregue, por consequência, sempre e sempre mais valor ao solo. Segundo a prefeitura, o mercado varia desde as construções de moradias em mutirão, com atividades sociais nos fins de semana, até às camadas média alta e média, formadas por empresários, comerciantes e profissionais liberais, cujos rendimentos excedentes permitem a aquisição de imóveis com a finalidade de ampliar o patrimônio, ou visando a renda extra, decorrente do aluguel e ainda por compradores das cidades-pólo para manter uma segunda residência na cidade grande ou para os filhos que  vêm estudar em Juiz de Fora. Ultimamente, de acordo com os sindicatos do mercado imobiliário a lucratividade se mantêm em baixa, em razão de considerável aumento da matéria prima, principalmente do cimento, além dos preços de imóveis terem se mantido estáveis nos últimos dois anos, ao contrário da década de 80, quando se obteve altos lucros. Ainda,  segundo a prefeitura local,  as obras oferecem 8 (oito) mil empregos diretos à classe operária e se levarmos em consideração os vários segmentos que envolvem uma construção, deve chegar a 20 mil, contando com empregos indiretos. A movimentação lucrativa fica por conta do recolhimento de impostos, IPTU, ISSQN e ICMS dada a extrapolação pelas áreas do comércio, indústria e profissionais liberais, decorrentes do mercado imobiliário (17). Deste modo a “rota BR-040” parece ser o lugar da vez, pois o governo federal, o estadual, as prefeituras  e os agentes locais se movem no sentido de  viabilizar a inserção da economia regional a partir da melhoria das condições logísticas, do fortalecimento do mercado interno regional e da promoção de negócios de lucratividade crescente dos setores econômicos urbanos. A produção da renda urbana torna-se fundamental para garantir o continuar do ciclo de crescimento e torna-se simultaneamente o maior desafio.

Recentemente, a região recebeu aporte financeiro federal para que a rodovia Rio–Juiz de Fora  se torne melhor e mais segura. “Com um financiamento de R$ 42,18 milhões do BNDES, a Companhia de Concessão Rodoviária Juiz de Fora - Rio (Concer) duplicará 37 km de pistas entre Matias Barbosa e Juiz de Fora, em Minas Gerais”. O projeto contribui para a redução do número de acidentes, além de diminuir o tempo de viagem entre o Rio de Janeiro e Juiz de Fora. O investimento total da Concer no projeto, já aprovado pelo DNER, é de R$ 108 milhões. Serão duplicadas cinco pontes, além de construídos dois retornos e barreiras separando os dois sentidos das pistas. Com sua conclusão, a empresa homogeneizará a qualidade dos seus serviços, uma vez que o restante da rodovia administrado pela Concer já possui pistas duplas. A realização das obras permitirá a redução dos custos logísticos associados aos transportes de produtos numa estrada vital para a integração econômica da Região Sudeste. (18) Os investimentos ao longo do eixo rodoviário deverão significar a montagem de uma estrutura territorial que deverá transbordar para conexões com outros sistemas viários inter-regionais e intrarregionais e, especificamente intermodal no caso do Aeroporto da Zona da Mata, cujo projeto se inscreve na diretriz estadual que busca através do planejamento regional definir e potencializar cluster econômicos regionais mineiros.

Arantes (2001) apresenta a idéia de cluster econômicos, enquanto concentrações de empresas e entidades do mesmo ramo de atividades associadas numa mesma região geográfica, cuja interligação  se dá por um eixo rodoviário, o que gera a necessidade de se ter também na área, fornecedores especializados provedores de serviços e instituições. O autor analisa a Rota 459, a partir da cidade mineira de Poços de Caldas até a cidade paulista de  Lorena no vale do rio Paraíba e constituída oficialmente como  fórum regional e que congrega os municípios de vocação industrial do sul de Minas Gerais e parte do Vale do Paraíba, onde identifica um processo de organização de uma infraestrutura para operacionalização produtiva.

“Pelo fato de estarem situadas próximas umas das outras e produzirem produtos característicos de uma região, empresas que fazem parte desses nichos, além de influírem significativamente nas exportações, desempenham também um importante papel no desenvolvimento regional, na medida em que um espaço comum de trocas e, o que é mais importante, de complementaridade entre os diversos atores envolvidos, sejam eles governamentais, empresariais e/ou comunitários” (19)

É fato que  Juiz de Fora e seu entorno não apresentam núcleos urbanos capazes ainda de compor uma divisão territorial do trabalho e do consumo que seja capaz de estruturar especialmente a aglomeração urbana como, por exemplo, as cidades do Vale do Aço em Minas Gerais. No entanto, a capacidade de polarização de Juiz de Fora se expande para além do limite administrativo político estadual, muitas vezes este arranjo político-administrativo se tornando um entrave  à análise geográfica que deve também considerar a origem, destino e interseção dos fluxos de mercadorias, força de trabalho, informações e capital. Pode-se afirmar que Juiz de Fora assume  um espaço de  competência para  comandar a distribuição e redistribuição de fluxos que atendam ao crescimento de uma urbanização extensiva espraiada por toda a rede urbana hierarquicamente inferior da Zona da Mata, das Vertentes e do Vale do Paraíba, neste se estendendo sobre o território constituído por vários municípios do estado do Rio de Janeiro. Ao contrário do sul de Minas que sofre influência de Campinas, São José dos Campos e Ribeirão Preto, além obviamente de São Paulo;  Juiz de Fora sofre influência apenas da metrópole global representada pelo Rio de Janeiro e da metrópole nacional Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais.

É provável que muito breve, além do eixo preferencial na BR-040, possa se estabelecer uma  complementaridade espacial através do eixo da rodovia que no sentido nordeste em relação a Juiz de Fora e que alcança Ubá, centro microrregional com função industrial e a cidade de Viçosa, importante centro universitário federal com ênfase nos cursos de ciências agronômicas e, mais adiante a cidade de Ponte Nova e sua microrregião, já bem próximo da região metropolitana do Vale do Aço.

 Deste ramal,  Juiz de Fora enlaça e conecta para o eixo que comunica as cidades de Barbacena, São João del Rei e Lavras, centro universitário de ciências agrárias e florestais e onde, também,  está previsto a construção de um Parque Tecnológico e de um Centro de Convenções. A cidade de Lavras já se encontra às margens da BR-381 que faz a ligação de Belo Horizonte com o sul de Minas, atingindo o vale do Paraíba, São Paulo e a região de Campinas.

Seria possível para os pesquisadores investirem na análise da efetiva área de influência da cidade se destravado do território estadual, para compreender melhor a configuração da região comandada por Juiz de Fora e a importância dos eixos e circuitos de escalas territoriais mais ampliadas. Por sua vez, o governo de Minas ao lançar o Projeto Cresce Minas de 2000, concebido e coordenado pela FIEMG tinha por objetivo fomentar o crescimento de Minas Gerais, captando investimentos e reunindo os talentos capazes de colocar o Estado num eixo de desenvolvimento. Alegava a necessidade de reforçar a dinâmica do desenvolvimento autossustentado de setores e regiões geográficas de Minas Gerais, reduzindo as disparidades e viabilizando o crescimento das indústrias existentes, incentivando a competitividade inter-regional, a atração de investimentos complementares, o implemento de atividades de suporte técnico e de produtos de padrão internacional. Segundo o projeto (20), Juiz de Fora, se insere nos seguintes clusters: automobilístico, laticínios, mobiliário, têxtil e vestuário. Interessante notar que não são elencadas as maiores indústrias presentes na região e que são do setor de transformação, no que revelam por sua natureza e importância geopolítica o caráter de complementaridade e junção no projeto econômico nacional.

No âmbito regional, recentemente consolidou-se a expansão do setor de informação, comunicação e cultura, a partir da organização Rede Panorama de jornal, rádio, rádio via internet, televisão e todos os serviços da internet; sendo afiliadas do Sistema Globo de Telecomunicações e da Globo.com. Nesta parceria ambas buscam atender a um determinado perfil regionalizado de produção. É importante apreender que a regionalização da mídia, além de cumprir um preceito constitucional, significa muitos outros valores em jogo, Dos mais éticos aos mais competitivos. Na verdade, o sistema de comunicação regional atende aos anseios de consolidação do mercado interno regional, da ampliação do mercado interno nacional, da ampliação geral do consumo, do reforço da identidade regional, da autoestima e do regionalismo,  impulsionando a  produção de mão de obra qualificada local, de talentos e tecnologias geradas na própria região.

É com este conceito que o Ipanorama.com pretende-se como referência em conteúdo, informação e entretenimento regionalizados, com foco no dia-a-dia dos mineiros. No discurso são incorporados a novidade, a inovação e, portanto, o caráter de modernidade que aporta a região com o empreendimento. “Uma idéia inovadora que já nasce com grandes parcerias e investimentos maciços, visando a criação de serviços diferenciados e conteúdos exclusivos”. Além de um rico conteúdo local que abrange informação, entretenimento, diversão, relacionamento, serviços online e comércio eletrônico, o ipanorama.com cria produtos para as mídias interativas, sempre associadas à Internet: WEB, WAP, banda larga e TV interativa são alguns exemplos.

“O ipanorama.com oferece um espaço completo ao 'internauta', fidelizando a audiência de um mercado que cresce a cada dia, com milhares de consumidores em potencial, acessando, comprando e vendendo pela Internet. A partir de agora, pensou em internet na região da Zona da Mata e Vertentes, pensou em ipanorama.com” (21).

Apostando na interatividade e na integração regional o sistema amplia o tempo em sua grade programação e no investimento de consumidores internautas do provedor Globo.com, incluindo a transmissão diária do noticiário local pela internet de modo a atingir os internautas de todos os cantos das Minas Gerais e do mundo. O espaço destinado ao jornalismo foi ampliado de 16 para 40 minutos diários e são divulgadas informações de  129 municípios da Zona da Mata e Vertentes atingindo um público de 1 milhão e 700 mil telespectadores. Uma equipe foi criada em Barbacena para a cobertura de 43 cidades. A rede empregou jovens profissionais formados pela Universidade Federal de Juiz de Fora, incorporou novos talentos e profissionais já estabelecidos na região, trouxe assessoria externa  introduziu uma nova competição na  mídia local enfatizando a importância de garantir ao cidadão o seu direito de expressão e da possibilidade de conquista a da autoimagem local e regional.

Conclusão

É importante assinalar que a despeito do quadro acima descrito sobre empreendimentos, negócios e inovações no espaço urbano de Juiz de Fora é necessário contemporizar a análise em relação a atual situação econômica do pais, onde os investimentos tem sofrido com as altas taxas de juros e esforços de contabilidade interna e externa que praticamente paralisaram a economia interna, No caso de Minas Gerais e mais especificamente do setor produtivo de Juiz de Fora a maioria das empresas que pesam no Produto Interno Bruto de Minas Gerais não tem comando no Estado. O poder decisório via de regra encontra-se fora de Minas e, cada vez mais, podem estar bem longe de Minas. As empresas privatizadas pertencem a fundos de investimento e de pensão, cujos interesses nada têm a ver com os interesses do Estado. Percebe-se claramente a expectativa de determinados setores econômicos pela maior presença do Estado tanto na esfera decisória, reguladora, normativa e executora, principalmente, na capacidade de aporte de investimentos, como fica claro o impacto econômico que virá com o investimento do Banco de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES) no principal eixo  rodoviário que cruza a cidade e a região.

Em Juiz de Fora,  principal centro urbano de uma região em fronteira estadual, portanto, com seções específicas de competência e administração fiscal, o fenômeno urbano- regional se organiza desde seus primórdios ao sabor do mercado e das influências geográficas mais diretas, com assim o é na espacialidade capitalista. No que tange a ação do Estado, as políticas estaduais efetivamente não se realizam, em contraste com a municipalidade que se lança com ousadia na estratégia dos negócios, descuidando do setor social, incentivando a privatização da cultura e cuidando para que a classe média continue se embalando no sonho realizado de seu mais caro território – a casa. Um variado cardápio impele às novas formas de localização: perto da mata,  do shopping, na estrada, na reserva de proteção ambiental, próximo ao verde, às margens da represa. Como exemplo, um dos novos negócios da empresa Pangea consta de um projeto de interligação entre o Park Sul e a Reserva de Patrimônio Natural (RPPN) de 300 ha do Instituto Celso Juarez de Lacerda, empresário e latifundiário na região, onde se pretende construir um corredor ecológico e futuramente criar um projeto imobiliário dentro da concepção de desenvolvimento sustentável.

Enfim, um enorme apelo às paisagens variadas, mas que paradoxalmente ainda longe do rio– o rio Paraibuna, já que este só é apreciado e visto de longe pela especulação imobiliária, embora um dos ícones mais exaltados da história e geografia urbana de Juiz de Fora.

A despeito das inovações introduzidas pelo Planejamento Estratégico de Juiz de Fora, as novidades se referem muito mais ao marketing do próprio plano e à promoção de projetos pontuais localizados nas áreas mais bem estruturadas da cidade do que propriamente adito às soluções dos graves problemas sociais (22) e da promoção da cidade como um todo articulado. A prefeitura capitaneou um plano “estratégico” para a cidade que no discurso e na apresentação da metodologia se apresenta como participativo, mas que na prática é extremamente competitivo, seletivo e empresarial.

Na paisagem, em resumo,  vislumbramos a cidade atrativa do oeste, enquanto que tentamos encobrir o “panorama” da cidade esquecida do leste. A ideologia do planejamento nos impele a prever e avaliar, mas a práxis da pesquisa pública nos faz analisar e produzir conhecimento para todos.

Apesar da assessoria do CIDEU – Centro Iberoamericano de Desarollo Estratégico Urbano (23) a rede de cidade ibero-americana precisa saber conhecer melhor a cidade latino americana nas diferenças fundamentais que apresentam em relação as cidades ibéricas. Uma das diferenças fundamentais é a presença de uma periferia social de baixa escolaridade, excluída da formação atualizada do trabalho. Do ponto de vista espacial a população habita um estoque de terras mal localizadas, isto é, em área de risco ambiental;  sem infraestrutura urbana básica e sem plena cidadania, onde  se reverte minimamente investimentos e nenhum empreendimento. Estamos todos na rede e quanto maior a rede, maior a diversidade dos pescados.

Com certeza Barcelona não é aqui.

 
 

 Notas

[1] - Azzi, 2000: 37

[2] - Goodwin Jr., 1997: 126

[3] – Cf. Menezes, 2003

[4] - Bastos, 2002:6

[5] - Cf. Menezes, 2003

[6] - Cf. Rodrigues, 2004

[7] - Cf. Borja, 1992

[8] - Cf. Mota, 2001

[9] – Ver em http://www.aviacaoregional.com.br/.

[10] - Cf. Fontes & Cruz, 2004

[11] – Ver em http://www.alphaville.com.br/

[12] - Cf. Rodrigues, 2004

[13] – Ver em http://www.parksul.com.br/.

[14] – Ver em http://www.tecparkjf.com.br/.

[15] –Disponível em http://www.jfservice.com.br/cidade/arquivo/jfhoje/2001/02/19-Parque_tecnologico/

[16] – Moreira, 2003:7.

[17] – Disponível em http://www.jfservice.com.br/cidade/arquivo/jfhoje/2001/02/19-Parque_tecnologico/

 [18] – Ver em http://www.bndes.gov.br.

[19] – Arantes, 2000:185.

[20] – Disponível em http://www.fiemg.com.br/exposicao_industria/painel-43.htm.

[21] – Ver http://ipanorama.globo.com/.

[22] - Cf. Menezes, 2003

[23] – Ver em http://bcnweb2.bcn.es:8885/cideu/.

Bibliografia

 Arantes, Paulo T. L. – Cidades: competitividade, competição e cooperação. Estudos de caso de quatro cidades sul mineiras, São Paulo: USP/FAU. Tese de Doutorado, 2001 Pp.342.

Azzi, Riolando – Sob o Báculo Episcopal. A Igreja Católica em Juiz de Fora (1850-1950). Juiz de Fora: Centro de Memória da Igreja em Juiz de Fora, 2000.

Bastos, Suzana Quinet de A. B. - Juiz de Fora: análise do desenvolvimento industrial e dos desafios colocados pela implantação da Mercedes-Benz, Diamantina: X Seminário sobre a Economia Mineira, 2002. Pp.28.

Bastos, Wilson de L. – Do Caminho Novo dos Campos Gerais à Atual BR-135. Juiz de Fora: Imprensa Universitária, 1975.

Blasenheim, Peter. As Ferrovias de Minas Gerais no Século Dezenove. 1996, Lócus. Revista de História.n. 3.p. 81-110.

Borja, Jordi et alli – Barcelona. Eurocitat v. 1. Barcelona: Ajuntament de Barcelona, 1992.

Caiado, Aurélio S. C. & Santos, Sarah M. M. – Novas Espacialidades da Rede Urbana Paulista. Rio de Janeiro: ANPUR. Anais do IX Encontro Nacional: Ética, Planejamento, a Construção Democrática do Espaço, 2001. Pp. 496-510.

Capel, H. Ciencia, innovación tecnológica y desarrollo económico en la ciudad contemporánea. Barcelona: Universidad de Barcelona, Revista Electrónica de Geografia y Ciencias Sociales no. 23, 15 de junho de 1998.

Casanova, Janderson – Criação da Região Metropolitana de Juiz de Fora: distorções de uma microrregião heterogênea. Juiz de Fora: UFJF – Departamento de Geociências. Trabalho final de pós-graduação. 2004. Pp.22.

Egler, Claudio A.- Integração Econômica a Redes Logísticas no Cone Sul. Brasília: Seminário sobre Dinâmicas Territoriais. Tendências e Desafios da Integração do Brasil Contemporâneo 2001 pp312- 326.

Fontes, Pedro Henrique Dias & Cruz, Mendelson Correa – A possibilidade de aproveitamento das paisagens, potencialidades naturais e culturais do meio rural de Torreões para o desenvolvimento turístico local. Juiz de Fora: UFJF. Trabalho final da disciplina Planejamento Agrário, 2004 pp.31.

Gonçalves, Denise (coord.) – História das Cidades e Teoria do Planejamento. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2001.

Gonçalves, Eduardo - Possibilidades e limites para o desenvolvimento da indústria de alta tecnologia em Juiz de Fora. Belo Horizonte:UFMG / Cedeplar. Dissertação de Mestrado, 1998 Pp.115.

Goodwin Jr., James W. – A Modernidade como Projeto Conservador: a atuação da Câmara Municipal de Juiz de Fora, 1850-1888. Lócus. Revista de História vol. 3 n.1, 1997 pp.116-131.

Giroletti, D. Industrialização em Juiz de Fora : 1850 a 1930. Juiz de Fora: UFJF, 1988.

Lordello de Mello, Diogo – Dos Experiências Exitosas de Gerencia Municipal en Brasil: Juiz de Fora y Toledo. Bogotá: Seminario- taller latinoamenricano  Banco de Êxitos Municipales, 1989.

Lordello de Mello, Diogo – Regiões Metropolitanas e Aglomerados Urbanos. Rio de Janeiro: Revista de Administração Municipal v. 39n.208 Pp. 48-55.

Menezes, Maria Lucia P. Juiz de Fora e a moradia popular: o Alto Santo Antônio. 2003, V Colóquio Internacional de Geocritica. Barcelona.

Minas Gerais. Fundação João Pinheiro. Plano Diretor de uso e ocupação do solo para o município de Goianá. Belo Horizonte, 2002.

Minas Gerais. Fundação João Pinheiro- Análise Regional da Funcionalidade da Economia Mineira. Belo Horizonte., 1990.

Minas Gerais. Secretaria de Estado de Transporte. Plano Multimodal de Transportes. Belo Horizonte: DER/MG, 1994.

Moreira, Ruy – Os Quatro Modelos de Espaço-Tempo e a Reestruturação Espacial Brasileira. In: Moreira, Ruy (org.) – A Reestruturação Industrial Espacial do Rio de Janeiro. Niterói: UFF/CNPq, 2003. Pp.7-27.

Moura, Rosa & Firkowski, Olga L. C. – Metrópoles e Regiões Metropolitanas: o que isto tem em comum ? Rio de Janeiro: ANPUR. Anais do IX Encontro Nacional: Ética, Planejamento, a Construção Democrática do Espaço, 2001. Pp. 105-114.

Motta, Diana M. – Principais Características da Urbanização: desafios da gestão urbana. Brasília: Seminário Dinâmicas Territoriais. Tendências e Desafios da Integração do Brasil Contemporâneo 2001. pp. -57.

Prefeitura de Juiz de Fora. Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano – versão preliminar, 1999.

Rodrigues, Andréia de Souza Ribeiro – Atuais dinâmicas sócio-espaciais: a habitação em Juiz de Fora. Rio de Janeiro: UFRJ: Programa de Pós-graduação em Geografia. Projeto de dissertação de Mestrado, 2004. Pp.36.

Sánchez, Fernanda – A (In) sustentabilidade das Cidades-vitrines. In: Acselrad, Henri – A Duração das Cidades. Sustentabilidade e Risco nas Políticas Urbanas. Rio de Janeiro: DP & A, 2001. Pp. 155-175.

Sànchez, Joan Eugeni. Metropolização e modernidade. In: SANTOS, M. et alli. -  O novo mapa do mundo: fim de século e globalização. São Paulo: Hucitec/ANPUR, 1997. p. 293-302.

Silva, Vitorino  & Guimarães, Eduardo N. et alli. – Aglomeração Urbana de Uberlândia (MG): formação sócio-econômica e dinâmica recente. Rio de Janeiro: ANPUR. Anais do IX Encontro Nacional: Ética, Planejamento, a Construção Democrática do Espaço, 2001. Pp.167-480.

Sposito, Maria Encarnação B. – As Cidades Médias e os Contextos Econômicos Contemporâneos. In: Sposito, Maria E. B. (org.) – Urbanização e Cidades: Perspectivas Geográficas. Presidente Prudente: UNESP, 2001. pp.609-643.

Universidade Federal de Juiz de Fora. Plano de Desenvolvimento Sustentado do Sudeste Mineiro. Juiz de Fora: UFJF/Centro de Pesquisas Sociais, 1995. 139p.

Vainer, Carlos B. – Pátria, Empresa e Mercadoria: notas sobre a estratégia discursiva do planejamento estratégico. In: Arantes, Otilia et alli. – A Cidade do Pensamento Único. Petrópolis: Vozes, 2000.

Viscardi, Claudia M. R. – Historia, Região e Poder: A Busca de Interfaces Metodológicas. Lócus – Revista de História vol.3 n.1, 1997 pp.84-97. 


Sítios consultados na Internet

1 –Segundo Congresso Nacional de Aviação Regional em http://www.aviacaoregional.com.br/.

2 –Empreendimentos Alphaville em http://www.alphaville.com.br/.

3 – Empresarial Park Sul em http://www.parksul.com.br/.

4 –Tec Park Centro Empresarial em http://www.tecparkjf.com.br/

5 – Noticiário online sobre a construção do Tec Park em http://www.jfservice.com.br/cidade/arquivo/jfhoje/2001/02/19-Parque_tecnologico/

6 – Dados do Banco Nacional de Desenvolvimento em http://www.bndes.gov.br.

8 – Política econômica do governo do estado de Minas Gerais em http://www.fiemg.com.br/exposicao_industria/painel-43.htm.

9 – Página web do Centro Iberoamericano de Desarrollo Estratégico Urbano em  http://bcnweb2.bcn.es:8885/cideu/. 
 

© Copyright Maria Lucia Pires Menezes, 2004 
© Copyright Scripta Nova, 2004

Ficha bibliográfica:

MENEZES, M.L. P. Aeroporto Regional e Business Park: logística e negócios na geografia urbano regional de Juiz de Fora, Brasil.Scripta Nova. Revista electrónica de geografía y ciencias sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona, 1 de agosto de 2004, vol. VIII, núm. 170 (23). <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-170-23.htm> [ISSN: 1138-9788]

Volver al índice de Scripta Nova número 170

Volver al índice de Scripta Nova 


Menú principal