Scripta Nova
REVISTA ELECTRÓNICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES
Universidad de Barcelona.
ISSN: 1138-9788. Depósito Legal: B. 21.741-98
Vol. IX, núm. 194, 1 de agosto de 2005

 

BANCOS ESTRANGEIROS NO BRASIL: UM AGENTE URBANO

 

 

Sandra Lúcia Videira[1]

Unicentro/Unesp

 


Bancos estrangeiros no Brasil: um agente urbano (Resumo)

O território na sociedade capitalista vem sendo gerido cada vez mais por corporações multilocalizadas e multifuncionais, e o sistema financeiro é, de longe, peça fundamental para representar e compor esse mosaico da sociedade moderna.

Em consonância com esta pretensão, foi selecionado o banco estrangeiro Santander, cuja disseminação por vários países e, principalmente pela América Latina, presta-se bem a uma investigação de sua distribuição espacial no território brasileiro, procurando desvendar suas formas de gestão do território.

Iremos na direção de entender a disseminação espacial dos bancos estrangeiros, no território brasileiro, para compreendermos porque viria ele a escolher determinadas localizações ou se remanejar, a partir de novas lógicas locacionais, definindo assim, a dinâmica econômica de um dado território e, ainda, os modos de gestão das grandes corporações multilocalizadas.

 

Palavras-chave: bancos estrangeiros – agentes urbanos - Santander


 Foreign banks in Brazil: an urban agent (Abstract)

The territory in the capitalist society comes being managed each time for corporations more been situated and multi-functional and the financial system is the basic part to represent and to compose this mosaic of the modern society.

In accord with this pretension the foreign bank Santander was selected, whose dissemination for some countries and mainly for Latin America, is useful well to an inquiry of its space distribution in the Brazilian territory, looking for to unmask its forms of management of the territory.

We will go in the direction to understand the space dissemination of the foreign banks in the Brazilian territory to understand because it would come it to choose definitive localizations or if to rehandles from new localization logics thus defining, the economic dynamics of specific territory and still the ways of management of the great beed situated corporations.

 

Key words: foreign banks – urban agents – Santander


 

Bancos: agentes da dinâmica urbana

 

Os estudos sobre dinâmica espacial têm emergido num contexto dentro do qual se buscava compreender a (des)ordem no espaço, nesse sentido, este texto trata das idéias iniciais de meu projeto de doutorado, o qual encontra-se em andamento.

 

Na Geografia estes estudos sempre se direcionaram para o entendimento do setor industrial e comercial. Para o setor de serviços, mais especificamente o setor bancário poucos são os estudos referenciados, até mesmo porque este sempre esteve mais próximo do interesse de outras ciências, como a economia. São de recente data os estudos realizados na Geografia, a exemplo dos desenvolvidos por Roberto Lobato Corrêa, Leila Christina Dias, Helena Kohn Cordeiro e alguns outros poucos geógrafos.

 

Compreender a lógica espacial dos fixos e dos fluxos não deve ser visto como descrição estática do que se vê, mas como visão do mundo carregado de suas incertezas de cada momento, que conferem certo arranjo físico das coisas no espaço para que determinadas ações aconteçam (Gomes, 1997).

           

Refletir sobre as dinâmicas espaciais pelas quais passa a rede bancária, exige-nos pesquisas que permitam a leitura de um processo que se realiza a partir de um movimento mundial, sendo relevante para a Geografia considerar o atual momento de globalização da economia e da sociedade, em que “tudo que é local, nacional e regional revela-se também global”, conforme idéias de Ianni (1996:163). 

 

Num momento em que a história do capitalismo vem caracterizando-se pela aceleração do ritmo de vida, de tal maneira que parece que o espaço se encolheu sobre nós, conforme Harvey (1992), é chegado também um momento relevante para a Geografia tomar como tarefa todos esses apontamentos da “compressão tempo-espaço”, visto que as noções do tempo e espaço se modificam em virtude da agilização de pessoas, capitais, mercados, idéias, tecnologias, imagens e informações.

 

A migração constante de capital de um país para outro ilustra bem esse processo, “as fronteiras parecem dissolver-se” (Ianni, 1996:167), mas temos que atentar para o fato de que elas estão anulando-se e inaugurando-se a todo momento, conforme interesses políticos, econômicos, culturais e sociais dos agentes hegemônicos.

 

Esta compressão tempo-espaço só é viabilizada em virtude de sofisticado e eficiente sistema de telecomunicações que proporciona capacidade, qualidade e instantaneidade da informação e implica, ainda, numa (des) (re) organização espacial.

 

Subentende-se, assim, que essa nova realidade territorial é aquela moldada pelas redes.

 

Quando se fala em redes, mais especificamente em redes eletrônicas, sobressai seu caráter de vetores permeados de informações, constituindo-se em importante variável de gestão territorial. Corrêa (1992: 115) define gestão territorial como um “conjunto de práticas que visa, no plano imediato, à criação e ao controle da organização espacial”. Trata-se da criação e controle das formas espaciais, suas funções e distribuições culminando na organização espacial, ou em outras palavras, trata-se do controle e da reprodução das condições de produção e circulação de bens e serviços.

 

O setor bancário é de longe o maior usuário destas redes eletrônicas, evidenciando, portanto, o papel que as mesmas desempenham na sua organização espacial. Por isso o desenvolvimento do sistema de telecomunicações no Brasil teve importante papel para a eficiência do sistema bancário.

 

Um sistema de telecomunicação eficiente era quesito fundamental para viabilizar o funcionamento da economia, atrair capitais e investimentos que seriam responsáveis por inserir os centros urbanos do país em uma rede de fluxos cada vez mais internacionalizada (Bessa, 1995: 07). Tal sistema daria suporte, principalmente, à atividade bancária do país, que vinha se desenvolvendo com grande intensidade, carecendo de mecanismos para a integração territorial das agências.

 

O desenvolvimento tecnológico no Brasil esteve atrelado ao desenvolvimento financeiro. Naquele momento, tudo favorecia para uma rápida assimilação dos serviços telemáticos para o setor: o grande número de bancos que surgiam teriam como diferencial, para concorrências, os serviços oferecidos. Assim, as agências que se multiplicavam e se pulverizavam pelo vasto território brasileiro precisavam estar interligadas, os custos operacionais dos bancos careciam estar mais baixos, além da necessidade de estar on line com o sistema financeiro internacional.

 

Logo, o aprimoramento do sistema de telecomunicações no Brasil mostrou-se o quão importante é o papel de tais redes eletrônicas para a organização espacial e, mais ainda, como essas redes deram condições para a presença de grandes corporações financeiras internacionais no território brasileiro, possibilitando a elas estar interligadas com suas sedes e o mercado financeiro internacional.

 

Assim, como o território na sociedade capitalista vem sendo gerido cada vez mais por corporações multilocalizadas e multifuncionais, e o sistema financeiro é, de longe, peça fundamental para representar e compor esse mosaico da sociedade moderna é que despertamos para o desenvolvimento deste trabalho.

 

Diante disso, esta pesquisa, de doutorado em andamento, pretende contribuir para o conhecimento das dinâmicas espaciais adotadas pelos bancos estrangeiros no país.

 

Em consonância com esta pretensão, foi selecionado como objeto da presente pesquisa o banco estrangeiro Santander, cuja disseminação por vários países e, principalmente pela América Latina, presta–se bem a uma investigação de sua distribuição espacial no território brasileiro, procurando desvendar suas formas de gestão do território.

 

No Brasil, o Banco Santander é resultado da expansão que vem consolidando desde 1997, com a aquisição do Banco Geral do Comércio, ex-grupo Camargo Corrêa, do Banco Noroeste, em agosto de 1997, além das aquisições que tramitaram entre janeiro e novembro de 2000, quando adquiriu o Conglomerado Financeiro Meridional (composto pelo Banco Meridional e pelo Banco de investimento Bozano-Simonsen) e o controle acionário do Banespa.

 

A base de crescimento do Santander concentra-se essencialmente no Sul e Sudeste brasileiro. Englobava 161 agências no Brasil, em 1998, sendo 126 delas no Estado de São Paulo. Ainda contava com cerca de 240 Postos de Atendimento. Com as aquisições do Banespa e do Conglomerado Financeiro Meridional no ano de 2.000, elevou para mais de 1.500 o número de agências sob seu controle.

 

Assim, a importância deste grupo poderá ser observada quando analisarmos sua espacialidade não só no Brasil, mas em toda América Latina e em seu próprio país de origem, principalmente quando este efetua processos aquisitivos, tendendo a adotar práticas espaciais semelhantes àquelas que Corrêa (1992) observa quando analisa as práticas espaciais das grandes corporações.

 

Dentre as práticas espaciais elencadas pelo referido autor pode se verificar a presença de algumas delas quando o enfoque é dado para as corporações financeiras, como a seletividade espacial, segundo a qual a corporação que possui um espaço de atuação com várias localizações, age seletivamente, optando por um lugar de acordo com os atributos que apresenta e que atenda seus interesses.

 

Essa prática foi facilmente observada na rede bancária brasileira, após 1986, quando diante dos vários planos de estabilização econômica o sistema bancário teve que se reestruturar à nova situação de inflação controlada e, portanto, de redução de lucros. Paralelo à demissão em massa dos funcionários, o fechamento de agências em locais deficitários foi uma das primeiras medidas tomadas.

 

Outra prática destacada por este autor e aplicável às corporações financeiras é a da “antecipação espacial”, que ocorre quando a corporação instala “uma unidade funcional em um dado lugar, antes que condições favoráveis de localização tenham sido satisfeitas”. Esta prática significa “reserva de território, significa garantir para o futuro próximo o controle de uma dada organização espacial, garantindo assim as possibilidades, via ampliação do espaço de atuação, de reprodução de suas condições de reprodução”. Essa prática foi adotada pelo Banco Bamerindus, atual HSBC, no Mato Grosso do Sul, onde o início da expansão da fronteira agrícola foi o chamariz para este banco ser um dos mais presentes naquele Estado (Tavares, 1996).

 

Visto que tais práticas espaciais são relativas às grandes corporações, há que se destacar também que a consolidação destas corporações está calcada num longo processo de incorporações sucessivas, imprimindo, portanto este caráter de múltiplas localizações (Corrêa, 1992). Logo, a grande corporação contribui para a manutenção, o desfazer e o recriar das desigualdades espaciais.

 

O desenvolvimento capitalista esteve fortemente atrelado à expansão do sistema bancário em nosso território. Para isso o Estado, logo após a 2ª Guerra Mundial, responsabilizou-se pelas questões normativas do setor.

 

Primeiro, com a implantação da SUMOC (Superintendência da Moeda e do Crédito), que exercia o papel de Banco Central, até então nas mãos do Banco do Brasil. As altas taxas de juros aplicadas, até 1965, atreladas a outras questões políticas favoreceram a proliferação do número de sedes bancárias. A situação se tornara insustentável, uma reforma se fazia necessária para estruturar o setor financeiro nacional nos moldes dos países avançados, pois só assim haveria possibilidade da inserção no mercado internacional.

 

Segue agora outro momento, fortemente impulsionado pelo Estado, a Reforma do Sistema Financeiro Nacional, implementada em 1964, com o propósito de dar condições e regras para o funcionamento dos sistemas bancário e financeiro nacional. A partir daí, as leis e normas criadas pelo Banco Central perduraram com algumas variações até 1988, desde aquelas que limitavam a abertura de agências nos grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro, até aquelas que favoreciam a centralização financeira ao se baixar norma, segundo a qual o banco que fechasse agência nos grandes centros poderia abrir outras 48 em outros locais, isto num momento em que a abertura de novas agências e a criação de novos bancos estavam suspensas, só podendo ocorrer ou via fusão/incorporação ou por meio destas permutas. Outra medida de forte impacto foi sentida no setor, em 1988, com a criação do banco múltiplo, aquele banco que passa a oferecer os mais variados tipos de serviços. A abertura de agências e sedes estava liberada.

 

O reflexo desta normatização do setor bancário pode ser sentido quando se analisam as oscilações no número de agências e sedes bancárias, como mostra a quadro Nº1.

                                                                                       Quadro Nº1

                                                      Evolução do número de sedes e agências no Brasil - 1941-1998

ANOS

Nº DE SEDES

Nº DE AGÊNCIAS

1941

512

1.134

1950

413

2.183

1960

338

5.110

1970

178

7.861

1980

111

11.251

1985

107

15.422

1988

106

12.810

1990

215

14.392

1994

244

15.698

1996

246

16.433

1998

210

16.097

2000

193

16.038

                                                                                                                   Fonte:  www.bancocentral.gov.br e www.febrabran.org.br

 

A expansão dos bancos estrangeiros no Brasil

 

Quanto aos bancos estrangeiros no país, apesar de estarem aqui desde o fim do século XIX, a exemplo do Lloyds, somente a partir da década de 1960, encontraram algumas restrições, quando a expansão pelo território brasileiro e a participação no capital acionário dos bancos comerciais nacionais não mais lhes eram autorizados, restando-lhes associar-se a bancos de investimentos ou abrir escritórios de representação.

 

A associação do capital estrangeiro aos bancos de investimentos brasileiro auxiliou na formação dos grandes conglomerados nacionais na década de 1970, sem esquecer que esta internacionalização financeira esteve intimamente ligada ao setor produtivo, refletindo a posteriori, num endividamento externo de muitas empresas que naquele momento voltaram-se para os empréstimos (Baer, 1986).

 

A partir da década de 1970, o interesse brasileiro no mercado externo e vice-versa aumentou, em virtude das condições ótimas de liquidez e oportunidades de negócios que o panorama internacional ensejava. O mercado interno estava interessado em captar recursos para engrenar suas empresas, e o externo voltava-se para captar lucros com os empréstimos e investir seu excedente em negócios rentáveis nas áreas emergentes dos países subdesenvolvidos.

 

Em meios aos acordos bilaterias recíprocos[2] , foram dados os primeiros passos para alguns bancos brasileiros se lançarem no mercado externo. Os primeiros foram o Banco do Brasil, seguido pelo Banco Real, Banespa entre outros.

 

As restrições da década de 1960 à participação do capital estrangeiro no país foram abolidas, a partir de 1995[3], com a liberação da expansão e da entrada de bancos estrangeiros no país, muito embora neste período já houvesse um grande número deles aqui. Esses foram favorecidos pelas medidas do governo, voltadas à abertura da economia brasileira, a partir da década de 1990, momento em que o governo acirrou também o processo de desregulamentação econômica, através da quebra da proteção alfandegária e das privatizações, sempre associadas às facilidades para o ingresso do capital estrangeiro e para a captação de financiamentos no exterior por parte das empresas. Isto intensificou o processo de inserção do Brasil na globalização financeira.

 

A partir de 1990, chegam ao Brasil diversos grupos estrangeiros interessados em explorar o mercado de concessão de crédito, o mercado bancário e de seguros, já que, até então, estes dois últimos segmentos não lhes eram autorizados para atuação.

 

Segundo o Banco Central, entre 1988 e 1998 houve um aumento na casa dos 82% das instituições financeiras brasileiras com participação do capital estrangeiro sobrepondo-se ao nacional. Maior foi o número dos bancos estrangeiros no país, que, em 1988, eram 26 e, dez anos mais tarde, pulou para 60, representando 131% de aumento. No ano de 2000, os bancos estrangeiros (com capital integral ou majoritário estrangeiro) já somavam 71, participando com mais de 30% do total de ativos do sistema financeiro nacional. A voracidade destes bancos evidencia que eles vieram para uma disputa pareada com os grandes bancos do país.

 

A quadro Nº2 reforça essa nossa afirmação ao ilustrar a expansão do número de agências de bancos com controle estrangeiro no país.

 

                                                                                                                                                           Quadro Nº2

                                                          Expansão do número de agências de bancos com controle estrangeiro no Brasil - 1988 - 1998

 

NÚMERO DE AGÊNCIAS DE BANCOS ESTRANGEIROS

PARTICIPAÇÃO NO TOTAL DE AGÊNCIAS DO PAÍS (%)

1988

247

1.52

1993

384

2.14

1994

378

2.01

1995

360

2.02

1996

403

2.42

1997

1610

9.83

1998

2395

14.91

 2000

3693

22.52

                                                                                                                                                                                                             Fonte: www.bancocentral.gov.br

 

Dentre estas novas instituições que vieram, algumas representam grandes e respeitadíssimos bancos internacionais, e aqui controlam um avantajado número de agências. Tais instituições estavam entre as 20 maiores possuidoras de agências, conforme dados de 2000 do Banco Central. São elas o grupo inglês HSBC, o holandês ABN AMRO, o grupo francês Sudameris, o espanhol Bilbao Vizcaya, o português Caixa Geral de Depósitos e o grupo espanhol Santander, este último objeto de análise deste trabalho.

 

Banco Santander – um sujeito a ser desvendado

 

Nesse sentido, o propósito deste estudo será analisar a organização espacial do Banco Santander, compreendendo como esta corporação produziu seu espaço de atuação, atribuindo papéis específicos a determinadas cidades no Brasil.

 

A metodologia para trabalhos desta envergadura, que estudam a organização do espaço baseadas na expansão das atividades das grandes corporações adotam vários critérios, conforme elenca Cordeiro (1986-1987). Iremos na direção daqueles relacionados à localização e remanejamento da mesma, o que dará a noção de como tais empresas modelam, criam e recriam seu espaço.

 

Elegeremos o período de análise a partir da década de 1990, momento em que se tem a abertura da economia brasileira e a entrada maciça de grandes bancos estrangeiros.

           

Assim, algumas questões emergem como motivadoras do desenvolvimento desta pesquisa, no sentido de entender como se constituiu e se organiza a rede bancária internacional no país.

 

Assim, algumas questões são destacadas como motivadoras do desenvolvimento desta pesquisa.

 

- Que tipo de organização espacial os bancos estrangeiros criam no país, em especial o Banco Santander?

- Como o Banco Santander produziu seu espaço de atuação, atribuindo escolhas a determinadas cidades?

- A estratégia adotada é a mesma em todos os países que se inserem?

- Que ações são prioritariamente tomadas após a aquisição?

- Como estão se organizando os espaços bancários diante das tendências políticas e econômicas da globalização?

 

Para responder a essas perguntas, um alicerce calcado no agrupamento do referencial teórico-metodológico e nos levantamentos de dados servirão de base para comprovar ou refutar as hipóteses levantadas para esta pesquisa. Elegemos as seguintes:

 

- Diante das reestruturações econômicas vivenciadas após 1986, com a implementação de uma série de planos econômicos, o sistema bancário nacional viveu um momento de grande enxugamento do número de agências que redundaram também num corte brutal de mão-de-obra empregada. É provável que os bancos estrangeiros a fim de se adaptarem ao mercado brasileiro tenham praticado a mesma política reducionista.

 

- Com a abertura da economia nos anos 1990, houve uma entrada maciça de capital estrangeiro no país, e o setor bancário se sobressaiu em virtude dos bancos estrangeiros terem grande interesse no Brasil, já que vários tipos de operações financeiras ainda estão para ser mais exploradas, a exemplo das linhas de seguros e empréstimos.

 

- Os processos de privatizações dos bancos públicos estaduais tiveram a participação de grandes corporações estrangeiras, favorecendo a ampliação da atuação dos mesmos em território brasileiro. A aquisição do Banespa pelo Santander pode ilustrar esse processo.

 

- Os grandes grupos financeiros, ao lado dos outros grupos econômicos, vêm despontando cada vez mais como agentes de gestão do território.

 

- A entrada do capital financeiro estrangeiro no país contribui ainda mais para a consolidação de um sistema bancário concentrador, segundo o qual um reduzido número de sedes bancárias controla a maior parte do mercado nacional.

 



Notas

 

[1] Professora Assistente junto ao Departamento de Geografia da Universidade Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO – Guarapuava/PR. Doutoranda em Geografia junto a UNESP-Presidente Prudente/SP.

Endereço: Rua Abel Alves Loures, 53 – Núcleo Padre Chagas – Guarapuava-Pr – CEP 85045-030 - Brasil.

E-mail: slvideira@yahoo.com.br

 

[2] Estes acordos autorizavam abrir bancos estrangeiros aqui desde que o país originário do banco interessado também o permitisse.

 

[3] Através da Exposição de Motivos (EM) nº 311, expedida pelo Ministério da Fazenda em 24/08/95.

 

Referências bibliográficas

BAER, M. A internacionalização financeira do Brasil. Petrópolis: Vozes, 1986.

 

BESSA, V. Telecomunicações no Estado de São Paulo. In Estratégias recentes no terciário paulista. São Paulo: Seade, 1995: 5-23.

 

CORDEIRO, H. Os principais pontos de controle da economia transacional no espaço brasileiro. Boletim da Geografia Teorética, 16-17 (31-34):153-196,1986-87.

 

CORRÊA, R. Corporação, práticas espaciais e gestão do território. Revista Brasileira de Geografia. 54 (3), jul. / set. 1992: 115-121.

 

GOMES, P. Geografia fin-de-siècle: o discurso sobre a ordem espacial do mundo e o fim das ilusões. In CASTRO I., GOMES, P., CORREA, R. Explorações Geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand, 1997.

 

HARVEY, D. Condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 1992: 257-276.

 

IANNI, O. Teorias da Globalização. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996 (cap. IX).

 

TAVARES, C. Padrões de localização de bancos privados no Brasil. UFRJ, Dissertação de Mestrado em Geografia. Rio de Janeiro, 1996.

 

© Copyright Sandra Lúcia Videira, 2005

© Copyright Scripta Nova, 2005

Ficha bibliográfica:

VIDEIRA, S. Bancos estrangeiros no Brasil: um agente urbano. Scripta Nova. Revista electrónica de geografía y ciencias sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona, 1 de agosto de 2005, vol. IX, núm. 194 (9). <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-194-9.htm> [ISSN: 1138-9788]

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