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Scripta Nova
REVISTA ELECTRÓNICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES
Universidad de Barcelona. 
ISSN: 1138-9788. 
Depósito Legal: B. 21.741-98 
Vol. X, núm. 218 (65), 1 de agosto de 2006 

DIFUSÃO E TERRITÓRIOS DIOCESANOS NO BRASIL: 1551–1930

Zeny Rosendahl – UERJ
Roberto Lobato Corrêa – UFRJ


Difusão e territórios diocesanos no Brasil, 1551–1930 (Resumo)

Entre o início da colonização portuguesa e 1930, a constituição dos territórios diocesanos católicos no Brasil resultou de um complexo processo de difusão espacial, no qual participaram a dimensão do país, o processo de seu povoamento e as necessidades e vicissitudes da Igreja Católica. Dois períodos podem ser identificados, 1551-1854 e 1890-1930.

O primeiro período é marcado pela dependência da Igreja Católica à Coroa Portuguesa e por uma superficial apropriação e controle dos 12 territórios diocesanos dispersos por 8,5 milhões de Km2. O segundo período associa-se a separação entre Igreja e Estado e a criação de 68 novas dioceses, distribuídas pelo país, embora concentradas nas regiões Sudeste e Nordeste.

As estratégias da Igreja Católica variaram segundo diferentes lógicas. Contudo, a apropriação e controle ainda é superficial. O resultado disto foi o desenvolvimento de um catolicismo popular, que domina o Brasil.

Palavras-chave: Território, difusão, períodos, diocese, catolicismo popular


Difusión y territorios diocesanos en Barsil, 1551-1930 (Resumen)

En el comienzo de la colonización, hasta 1930, la constitución de los territorios diocesanos en Brasil resultó de un complejo proceso de difusión espacial, en que participaron la dimensión del país, el processo de su ocupación y las necesidades y posibilidades de la Iglesia Católica. Dos períodos pueden ser identificados, 1551-1854 y 1890-1930.

El primer período está marcado por la dependecia de la Iglesia Católica a la Corona Portuguesa y por una superficial apropiación y control de los 12 territorios diocesanos dispersos en 8,5 millones de Km2. El segundo período se asocia a la separación entre la Iglesia y el Estado y la creación de 68 nuevas diocesis, distribuidas por todo el país, pero concentradas en las regiones orientales.

Las estrategias de la Iglesia Católica cambian segundo diferentes lógicas. Con todo, la apropiación y control aún es superficial. El resultado de esto fue el desarollo de uno catolicismo popular, que domina el Brasil.

Palabras-clave:  Territorio, difusión, períodos, diocese, catolicismo popular


Difussion and Diocesans Territories in Brazil: 1551 – 1930

Between the beggining of the Portuguese colonization and 1930, the formation of Catholic diocesans territories in Brazil was a result of a complex process of spatial diffusion. In this process has taken part the country’s dimension, the occupation process, and the needs and possibilities of the Catholical Church. Two periods can be identified, 1551–1854 and 1890–1930.

The first one is represented by the submission of the Catholical Church to the Portuguese Crown and its superficial appropriation and control of its 12 territories diocesans spread around 8,5 millions of Km². The second period is associated with the separation between Church and State and the creation of 68 news dioceses spread around the country, although they are placed very close at South-east and North-east.

The strategies of Catholical Church change according different logics, although, the appropriation and control is still superficial. Its results was the development of a popular catholicism, wich is dominanting in Brazil.

Keywords:  territory, difusion, periods, diocese, popular catholicism.



 

O presente estudo procura descrever e interpretar o processo de difusão espacial adotado pela Igreja Católica no Brasil, pelo qual ela construiu seus territórios religiosos, aqui focalizados nas dioceses e prelazias. Este processo será considerado no intervalo de tempo entre 1551 e 1930.

Intenta-se dar inteligibilidade à dimensão espacial de uma prática que envolve intenções, possibilidades e estratégias que variam tanto no tempo como no espaço, pois o processo de difusão envolve aspectos espaciais e temporais qualificados socialmente. As referências temporais enquadram-se entre 1551, quando a primeira diocese foi criada, e 1930, fim de um período pós-separação entre Igreja e Estado, ocorrida em 1890, no qual o Brasil apresenta, a partir de então, novas características sociais, econômicas e políticas. A difusão de dioceses apoiou-se em dois focos originais independentes, Salvador, cuja diocese data de 1551, criada diretamente de Roma, e São Luís, criada em 1677, por desmembramento da diocese de Lisboa.
A Igreja Católica, oficial e amplamente hegemônica até meados do século XX, caracterizou-se por apresentar práticas diferenciadas nos vários momentos da história do Brasil. Esta análise ressalta descontinuidades temporais e espaciais no processo de difusão de dioceses católicas brasileiras destacando dois grandes períodos, 1551 a 1854, e 1890 a 1930. Descortina-se a geografia histórica da Igreja nos dados contidos no Anuário Católico, relativo ao ano 2000, publicado pelo CERIS – Centro de Estatística Religiosa e Investigação Social.
 

Religião, Território e Territorialidade

A complexa relação entre Igreja Católica e política permite muitos olhares e abordagens de pesquisa. Há na análise geográfica uma referência mais ampla em que estas relações ocorrem, identificando territórios e territorialidades religiosas, de forte significação na história do Brasil. A dimensão política do sagrado, presente na geografia cultural, é enfatizada por meio do conceito de território. Nos primeiros séculos de conquista comercial e religiosa no país a Igreja, aliada dos reis portugueses, atuou na apropriação e delimitação de determinados segmentos do espaço brasileiro. Por intermédio do controle de pessoas e objetos, estas relações se desenvolveram em tempos de tensão, cooperação ou exclusão, mas a Igreja Católica Romana criou condições de efetivar seus projetos, fossem econômicos, políticos ou entendidos como culturais. Este estudo indica caminhos no campo da geografia e da religião explorados por Issac (1960), Sopher (1967), Tuan (1979), Büttner (1985, 1986), Kong (1990), Jackson e Hudman (1990), Claval (1992), Park (1994), Jackowski (1996) e Mitchell (2000), fornecendo um leque de bases teóricas sobre a dimensão espacial do sagrado.

Em realidade, o território, como um conceito-chave na geografia, é um importante instrumento de existência e reprodução do agente social que o criou e o controla, conforme argumentam Sack (1986), Bonnemaison (2002), Rosendahl e Corrêa (2003) e Rosendahl (1996, 1997, 2003 e 2005). O olhar geográfico reconhece no território um caráter cultural, além de seu caráter político, especialmente quando os agentes sociais são grupos culturais étnicos, conforme aponta Bonnemaison (2002). É por intermédio da paisagem cultural, impregnada de seus geo-símbolos, que a cultura de um determinado grupo se inscreve no espaço. A religião também possui seus símbolos. Estes constituem marcas que identificam e delimitam seu território religioso. São espaços qualitativamente fortes, constituídos por fixos e fluxos, possuindo funções e formas espaciais que constituem os meios por intermédio dos quais o território realiza efetivamente os papéis a ele atribuídos pelo agente social que o criou e o controla. Na religião católica, os templos, os cemitérios, os pequenos oratórios à beira da estrada, os caminhos percorridos pelos peregrinos, representam, entre outros, os meios visíveis pelos quais o território é vivenciado e reconhecido como tal. As normas, regras e penalidades, enquadram os limites invisíveis que efetivamente delimitam o território e, ao mesmo tempo, tornam efetivo seu conteúdo que envolve não apenas diretamente as restrições eclesiásticas, mas também devotos, profissionais especializados e instituições religiosas subordinadas hierarquicamente ao poder local, regional, nacional e mundial.

A história da Igreja Católica no Brasil revela a permanência de antigas unidades territoriais. De acordo com Sack (1986), as dioceses, durante o Império Romano, criaram territórios de propósitos múltiplos, sendo a religião uma de suas funções. Além disso, de meados do século IV ao fim do século VI, os limites geográficos da Igreja eram os limites práticos do Império, o que é visivelmente observado pelo mapa das dioceses católicas, na época do Império Romano. Na Idade Média, a paróquia freqüentemente representava uma unidade político-administrativa; ambas — diocese e paróquia — são antigas divisões herdadas e essenciais na hierarquia territorial e que sobrevivem ainda hoje na organização da Igreja Católica. Território religioso é entendido como território demarcado, no qual o acesso é controlado e dentro do qual a autoridade é exercida por um profissional religioso. É dotado de estruturas específicas, incluindo um modo de distribuição espacial e de gestão do sagrado (Rosendahl, 1997 e 2001). A comunidade de fiéis pertence ao território religioso e este pertence à comunidade; o poder do sagrado reflete uma identidade de fé e um sentimento de propriedade mútuo (Rosendahl, 2005). A Igreja apresenta três níveis hierárquicos de gestão do sagrado. O Vaticano é o território de ação e controle dos grupos humanos que professam a fé católica. A diocese, o segundo nível hierárquico de gestão religiosa, é evocada como território religioso verdadeiramente presente e atuante no processo mais profundo de regulação da religiosidade católica (Rosendahl, 2005). Os geógrafos afirmam que tal espacialidade religiosa católica constitui o espaço de aproximação entre o regional e o universal, isto é, entre as ações de controle pastoral regional e as ações na escala do mundo. No Brasil a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasileiros), fundada em 1952, expressa o pensar de toda a Igreja no Brasil como organismo representativo do conjunto de bispos territuoum quadro de referrepresentam entre outros brasileiros.

No terceiro nível hierárquico do modelo de divisão espacial da Igreja Católica situa-se a paróquia. O território paroquial deve ser reconhecido como o lugar principal da vida das comunidades locais, pois oferece um notável exemplo de organização da vida social e íntima dos habitantes, pontuando o tempo cotidiano da comunidade (Lecocuierre e Steck, 1999). A paróquia potencializa sua capacidade de controle do cotidiano, porque está na escala da convivência humana. Reconhecidamente é o lugar de aproximação entre o local, o regional e o universal. As ações da Igreja Católica nos territórios diocesanos são múltiplas e serão privilegiadas em suas origens e difusão neste estudo.

Territorialidade religiosa, na abordagem da geografia cultural significa o conjunto de práticas desenvolvidas por instituições ou grupos religiosos no sentido de controlar um dado território. É fortalecida pelas experiências religiosas coletivas ou individuais que o grupo mantém no lugar sagrado e nos itinerários que constituem seu território. É uma ação para manter e legitimar a fé (Rosendahl, 2005). No caso do Brasil, a história da Igreja Católica encontra-se entre a ação política do Estado e a territorialidade religiosa da Igreja Católica. Em todo período colonial as relações entre ela e a Coroa Portuguesa estavam reguladas pela instituição do Padroado Régio; o verdadeiro chefe da Igreja, a partir do século XV, na missão evangelizadora era o rei de Portugal e não o Papa. Tais privilégios eram outorgados pelos Papas aos reis de Portugal em troca de implantar a fé católica em suas conquistas. Dentro deste contexto tanto a escolha dos bispos, cônegos e párocos, como a criação de dioceses e paróquias, durante o período colonial, dependia do poder real. Roma apenas nomeava os candidatos a bispos apresentados pelo rei, confirmando uma forte dependência à coroa real.

A estratégia territorial da Igreja Católica visava garantir a apropriação do amplo território para a religião oficial do Estado, operando em regime de monopólio, com exclusão de qualquer outra fé religiosa. A territorialidade da Igreja Católica foi lentamente construída no Brasil. A evangelização ocorreu em territórios amplos, mal ou nulamente delimitados e superficialmente apropriados e controlados durante todo o período colonial.

Até 1580 a territorialidade religiosa missionária e educacional em toda a colônia esteve sob responsabilidade dos jesuítas. O ingresso de outras ordens, como a dos beneditinos, franciscanos, carmelitas e capuchinhos, só ocorreu no período de 1580 a 1640 (Azzi, 2005). Há dois hiatos nesse processo (1551 a 1676). O primeiro é marcado pela primeira expulsão dos jesuítas (1593) e pela fixação de instituições religiosas não-inacianas. Outro fato relacionou-se a escassez do clero diocesano e a sua existência precária (Azzi, 2005). O segundo hiato na criação de dioceses se dá entre 1745 e 1848.

“Dilatar a fé e o império” no período de 1745 a 1848 representa mais conflitos que harmonia na cooperação entre a Coroa Real e a Igreja. A definitiva expulsão de todos os religiosos do Brasil e do Maranhão como conseqüência do Alvará Real de 1755 e do Diretório Pombalino de 1757, que retiravam dos religiosos todos os aldeamentos indígenas, passando-os para a administração civil, é um exemplo contundente. Tal domínio político permanece no controle eclesiástico. A Constituição outorgada em 1824 mantém o Padroado Régio, em que o Imperador do Brasil permanece com o poder, conferido pelo Papa, de interferir nos negócios eclesiásticos.

Em ambos os hiatos, a territorialidade católica brasileira é acentuada nos conventos e na participação dos leigos nas Ordens Terceiras do Carmo e de São Francisco. O catolicismo oficial e patriarcal introduzido pela colonização portuguesa constitui-se e difunde-se “na massa camponesa de origem ibérica ou de índios destribalizados, ex-escravos fugidos ou alforriados, e todo tipo de mestiço, num catolicismo popular ibero-americano” (Ribeiro de Oliveira, 1997, p.46). O culto e a oração conventual em capelas e em devoções domésticas, propiciaram um catolicismo popular abrangendo tradições do catolicismo português de devoções aos santos, acrescentados de tradições judaicas e africanas. O reduzido número de paróquias e a escassez do clero diocesano no atendimento à população favorece este tipo de catolicismo. O resultado final, no Brasil-Colônia e no Brasil- Império, foi de subordinação política, de dependência econômica e de controle ideológico exercido pelo Estado (Beozzo, 2005).

A liberdade religiosa instala-se no final do Império. A Igreja livre num Estado livre representa uma nova ação político-religiosa. Ação de mudança na situação institucional que trazia conflitos aos cidadãos e à intensidade do poder eclesiástico. A substituição do regime político de Império para República em 1889 favorece o propósito de ruptura. A nova liberdade e igualdade entre os diferentes cultos está no Decreto 119-A de 7 de janeiro de 1890. A ampla liberdade de cultos, garantida pela República, foi efetiva em relação às igrejas cristãs, ao judaísmo e budismo, mas de modo algum para as religiões e cultos afro-brasileiros. A estratégia de restauração e expansão da Igreja Católica é marcada por uma nova organização espacial de maneira que favoreça a articulação em âmbito local, regional e nacional.

A estratégia territorial adotada pela Santa Sé visava enfatizar a missão espiritual da Igreja. A instituição católica passou a ser considerada uma organização paralela ao Estado; enquanto o Estado se encarregava das atividades materiais, ou seja, do cuidado dos corpos, a Igreja se encarregava do fortalecimento da crença católica do povo brasileiro (Azzi, 2005). A criação de territórios religiosos revela a apropriação de enormes espaços de difusão da fé. Dioceses e prelazias abrem caminho para a territorialidade eficaz da religião hegemônica até meados do século XX.
 

Difusão e Periodização

Em 1930 a rede de dioceses e prelazias da Igreja Católica estava constituída por oitenta unidades. O Quadro 1 descreve, segundo cada uma das cinco grandes regiões do país, o número de dioceses criadas de acordo com cinco períodos situados entre 1551 e 1930. A análise deste quadro possibilita uma primeira avaliação do processo de difusão de dioceses no Brasil. Ritmos variáveis e descontinuidades espaciais e temporais caracterizam esse processo. Em anexo está a relação das oitenta dioceses e prelazias e o período de criação de cada uma.

Quadro 1
Criação de Dioceses no Brasil por Regiões, até 1930
Regiões 
Períodos 
Total
1551 
1676-1677 
1719-1745 
1848-1854 
1890-1930 
Amazônia 
Nordeste 
18 
22 
Sudeste 
27 
31 
Sul 
10 
Centro-Oeste 
Total 
68 
80 
Fonte: CERIS (Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais), 2000

A criação de dioceses foi marcada entre 1551, quando foi criada a primeira diocese, a de Salvador (Bahia), e 1854, com a criação das dioceses de Fortaleza (Ceará) e Diamantina (Minas Gerais), por uma expressiva lentidão, que gerou, ao final de três séculos de povoamento e evangelização, apenas doze dioceses em todo o país. A partir de 1890, com a República (1889) e a separação entre Igreja e Estado neste ano (Hoornaert, 1983), o processo de criação de dioceses é acelerado, passando de doze para oitenta unidades: sessenta e oito novas dioceses foram criadas em quarenta anos.

As escontinuidades espaciais e temporais marcavam o processo de difusão de dioceses. Assim, e sobretudo em relação ao período entre 1551 e 1854, verificaram-se longos hiatos entre 1551 e 1676–1677 e entre 1745 e 1848. A descontinuidade, por outro lado, desaparece quando é constatado o elevado número de dioceses criadas entre 1890 e 1930.

A descontinuidade espacial é exemplificada melhor quando se considera a região Sul, cuja primeira diocese, a de Porto Alegre (Rio Grande do Sul), é criada apenas em 1848. A descontinuidade espacial se faria presente na estratégia da Igreja Católica em todo o longo período entre 1551 e 1930, resultando que neste ano cinqüenta e três das oitenta dioceses existentes localizam-se nas regiões Sudeste e Nordeste.

Estes aspectos possibilitam considerar dois grandes períodos nos quais se constrói a territorialidade da Igreja Católica no Brasil, expressa pelas unidades diocesanas. O primeiro período estende-se de 1551 a 1854, enquanto o segundo de 1890 a 1930. A periodização caracteriza-se pela descontinuidade.
 

Difusão e Redes Diocesanas: 1551–1854

Entre 1551 e 1854 o processo de difusão de dioceses católicas no Brasil gerou territórios religiosos amplos, mal ou nulamente delimitados e dotados de esporádicos e escassos meios de ação, em breve, superficialmente apropriados e controlados. Neste contexto o episcopado brasileiro, durante o período em questão, teve atuação fortemente limitada. Dois aspectos merecem ser apontados, além da acentuada baixa densidade de dioceses e prelazias. Um diz respeito às longas vacâncias entre um bispo e outro na gestão de cada diocese. As razões dessas longas vacâncias podem ser creditadas aos desentendimentos entre a Coroa portuguesa e a Santa Sé e à estrutura do padroado no Brasil. O segundo diz respeito à profunda dependência dos bispos ao poder real. Durante o período colonial, “nenhum clérigo partia de Portugal para o Brasil sem a autorização explícita do rei” (Hoornaert, 1983, p.35). O verdadeiro chefe da Igreja e, por conseguinte, da missão evangelizadora era o rei e não o Papa. Neste contexto, a criação de dioceses dependia do poder real. Os bispos eram considerados nobres, vinculados à Coroa Real, estando sua atuação limitada, com freqüência, aos interesses da Coroa, conforme apontam Hoornaert (1983) e Azzi (1987).

O processo de difusão de dioceses esteve associado a uma estratégia territorial que visava garantir a apropriação de amplos territórios para a Coroa portuguesa. Amplo mas vazio, no qual estabelece-se um catolicismo popular, incorporado à cultura brasileira. Assim, em 1800, nos 8,5 milhões de quilômetros quadrados, haviam cerca de três milhões de habitantes, dos quais um terço era de escravos (Prado Jr., 1977), população distribuída desigualmente e servida por apenas sete dioceses e duas prelazias, revelando as dificuldades econômicas da colônia e as dificuldades da Igreja. A rede diocesana católica no Brasil em 1854, resultado do processo de difusão iniciado em 1551, possibilita em sua análise ressaltar três pontos relativos ao processo de difusão e a seus resultados:

(a) No processo de construção de seus territórios religiosos, a Igreja Católica apoiou-se em dois focos iniciais de difusão, Salvador (1551) e São Luís (1677), ambos na região Nordeste e independentes entre si. A Diocese de Salvador foi criada diretamente pela Santa Sé dois anos após a fundação da cidade, e a de São Luís por intermédio do desmembramento da Diocese de Lisboa . Em virtude disto identifica-se Salvador como Diocese Primaz Principal, pois foi por intermédio de seu desmembramento que se inicia a fragmentação do território religioso católico do país. São Luís, por sua vez, é identificada como Diocese Primaz Secundária, constituindo o foco difusor de dioceses no Piauí, Maranhão e em toda a Amazônia brasileira. A existência desses dois focos iniciais independentes está associada à ausência de unidade político-administrativa, que seria formalizada com a existência do Estado do Brasil, com capital em Salvador até 1763, e o Estado do Grão-Pará e Maranhão, com capital em São Luís até 1751, como entre outros aponta Nunes Dias (1970).

(b) Reproduzindo o processo de ocupação colonial, as primeiras dioceses foram localizadas no litoral, em estuários ou baías, como são os exemplos de Salvador, Rio de Janeiro, Recife-Olinda, São Luís e Belém, centros estes que foram, até o final do século XVIII, pontos de controle do litoral, centros de troca e pontos de penetração e conquista do interior, situando-se em sítios defensivos, como, entre outros, aponta Geiger (1963). A estratégia territorial da Igreja Católica reforçava a centralidade de que já desfrutavam.

O interior, denominado Sertão, integra-se mais efetivamente ao território da Igreja Católica a partir de 1745, quando são criadas, por desmembramento da Diocese do Rio de Janeiro, quatro outras unidades, as dioceses de São Paulo e de Mariana (Minas Gerais) e as prelazias de Goiás (Goiás) e Cuiabá (Mato Grosso). Mariana, Goiás e Cuiabá localizam-se em prósperas áreas de mineração, enquanto São Paulo constituia importante ponto de irradiação e convergência de rotas para a conquista do interior (Prado Jr., 1957).

(c) Em um amplo território, escasso e irregularmente ocupado, a estratégia da Igreja Católica baseou-se, até a metade do século XIX, na implantação, a partir de Salvador e São Luís, de novas unidades territoriais localizadas a longas distâncias dos dois focos irradiadores e entre si. Assemelham-se, assim, a uma difusão por saltos e não à difusão por contigüidade. Esta estratégia territorial justifica-se plenamente, pois visava garantir a criação de novos focos irradiadores e simbolicamente controladores em um amplo território, cuja maior parte, de acordo com Tratado de Tordesilhas (1494), deveria ser território espanhol.

O exemplo de Salvador é, a esse respeito, muito ilustrativo. A partir de Salvador criam-se, mais de 120 anos depois, as dioceses de Recife e Olinda, em Pernambuco, e a do Rio de Janeiro, localizadas à longa distância de Salvador. O que seria a sua hinterlândia imediata, o Estado da Bahia, e mais ainda o Recôncavo baiano, área densamente povoada, não foram objetos de nenhuma implementação até o final do século XIX. Em contrapartida, Salvador, elevada à categoria de Arquidiocese em 1676, quando da criação das dioceses do Rio de Janeiro e de Recife e Olinda, controlava, desde o século XVII, as dioceses de Luanda e São Tomé, na África, como aponta Vasconcelos (2002). O mesmo se poderia dizer em relação ao Rio de Janeiro, Recife e Olinda e São Luís que, respectivamente, por desmembramento, deram origem às dioceses de Porto Alegre (1848), Fortaleza (1854) e, precocemente, Belém (1719).

A difusão espacial por saltos pressupõe a existência de barreiras naturais ou socialmente criadas, mas pode resultar também de uma estratégia territorial, de conquista daquilo que será, mais tarde, fronteira da Colônia portuguesa e, após 1822, do Império brasileiro.

Expansão territorial e missão evangelizadora foram, assim, unificadas em benefício da primeira.
 

Difusão e Redes Diocesanas: 1890-1930

A separação entre a Igreja Católica e o Estado em 1890 possibilitou a primeira maior autonomia para a criação de novas dioceses e prelazias. Por outro lado, tratava-se de um outro contexto histórico. A partir das últimas décadas do século XIX o Brasil, independente desde 1822, passa por significativas mudanças. A escravidão tinha sido abolida em 1888, novas áreas eram mais efetivamente incorporadas ao espaço econômico brasileiro graças a produtos como o café, o cacau e a borracha, a industrialização e a urbanização já estavam em marcha e a população ascendera de cerca de 14,5 milhões de habitantes em 1890 para cerca de 36 milhões em 1930 (Prado Jr., 1957). Neste contexto a criação de novas dioceses e prelazias, novos territórios religiosos, torna-se necessária, de modo que o poder simbólico da Igreja fosse territorialmente materializado: as sessenta e oito dioceses e prelazias criadas entre 1890 e 1930 refletem esse contexto e a expansão desse poder.

A análise da localização, da data de criação e da referência ao centro de origem das novas dioceses e prelazias possibilita apontar quatro aspectos relativos à construção dos territórios religiosos da Igreja Católica no Brasil entre 1890 e 1930: a densificação da rede diocesana, a concentração espacial, a seletividade espacial e a complexidade dos modelos de difusão espacial.

(a) A criação de sessenta e oito novas unidades diocesanas gerou uma densidade maior de centros diocesanos. Em 1930 as oitenta dioceses e prelazias estavam, em média, menos distantes entre si, mormente nas áreas mais densamente povoadas e próximas aos principais centros de difusão, pré-existentes a 1890.

A densidade mais elevada de centros, em média um para cada 110.000Km², contra um centro para 950.000Km² em 1800, por exemplo, não diminuiu a limitada ação da Igreja Católica. Ao contrário, o aumento relativamente mais significativo da população, doze vezes maior entre 1800 e 1930, face ao aumento do número de unidades diocesanas nove vezes mais, gerou o aumento do número de habitantes por diocese ou prelazia, que passou de cerca de 330.000 habitantes por unidade em 1800 para cerca de 450.000 em 1930. Desse modo, a densificação da rede católica no Brasil deve ser relativizada. Isto ratifica a tese da expansão do catolicismo popular como tendo como uma de suas bases a limitada territorialidade da Igreja Católica no país.

(b) A concentração no tempo da criação de dioceses e prelazias está associada, com base em uma mesma estratégia, à concentração espacial das novas unidades diocesanas. Entre 1890 e 1930, quarenta e cinco das sessenta e oito dioceses e prelazias criadas localizavam-se nas regiões Sudeste e Nordeste, privilegiando, assim, as regiões mais povoadas e mais importantes economicamente.

A concentração espacial torna-se ainda mais nítida quando, mesmo nas regiões Sudeste e Nordeste, são confrontadas suas sub-regiões. Assim, no Estado de São Paulo, região Sudeste, sete dos doze centros diocesanos criados entre 1890 e 1930 localizavam-se nas regiões de povoamento consolidado, não muito distantes da cidade de São Paulo, alguns destes já se caracterizando pela presença crescente da atividade industrial, como Campinas, Sorocaba, Taubaté e Santos. Na região Nordeste, por outro lado, dos dezoito centros diocesanos criados, oito localizavam-se na estreita faixa oriental denominada Zona da Mata e Agreste, enquanto no Sertão, amplo espaço escassamente povoado, o número de dioceses e prelazias gera baixa densidade de unidades diocesanas. Em resumo, a concentração espacial das sedes dos territórios religiosos da Igreja Católica reproduz, em linhas gerais, o padrão de povoamento do país.

(c) A seletividade espacial, parte integrante da estratégia territorial da Igreja Católica, foi estabelecida também em termos funcionais. Na criação de dioceses e prelazias foram privilegiadas localizações específicas, cujas especificidades foram avaliadas pela Igreja Católica. Conforme aponta Corrêa (1995), a seletividade espacial é uma prática espacial amplamente adotada no processo de decisões locacionais, as quais estão associadas ao processo de difusão espacial. A seletividade, no entanto, deriva de uma combinação entre atributos das localizações, mutáveis ao longo do tempo, e as necessidades e possibilidades da Igreja Católica de construir, reconstruir e controlar territórios religiosos.

A primeira distinção a ser feita envolve a criação de prelazias e não de dioceses em áreas, via de regra, pouco povoadas e distantes do litoral. Em 1745 são criadas nas distantes áreas de mineração da região Centro-Oeste, as prelazias de Goiás e Cuiabá, posteriormente elevadas à categoria de diocese. Trata-se, em realidade, de uma prática de antecipação espacial (Corrêa, 1995). Em 1930 haviam quatro prelazias, uma em Bom Jesus, em pleno sertão do Piauí, e três na Amazônia: Lábrea, Bragança e na Ilha de Marajó.

A segunda distinção refere-se ao fato de que até 1854, das doze unidades diocesanas criadas dez estavam em centros que eram ou se tornaram capitais político-administrativas. As exceções são Diamantina e Mariana, em Minas Gerais, a segunda localizando-se muito próxima da então capital provincial Vila Rica (Ouro Preto). A estratégia da Igreja Católica em criar dioceses em cidades-capitais levou a que das sete dioceses criadas entre 1890 e 1900 apenas Pouso Alegre, em Minas Gerais, não exercia essa função. As outras seis eram Manaus, João Pessoa, Maceió, Vitória, Niterói e Curitiba. Entre 1901 e 1910 foram elevadas à categoria de diocese as capitais político-administrativas de Teresina, Natal, Aracaju e Florianópolis. Das capitais existentes em 1930 três outras, Rio Branco e Porto Velho, ambas na Amazônia, e Belo Horizonte, em Minas Gerais, cidade fundada em 1897, foram elevadas à categoria de dioceses entre 1911 e 1930.

A partir de 1901 a estratégia da Igreja Católica voltou-se para a criação de dioceses e prelazias em outros tipos funcionais de centros. Das sessenta e uma novas dioceses criadas a partir de 1901, cinqüenta e quatro foram em centros com outras funcionalidades. Na complexidade da seletividade funcional por parte da Igreja Católica distingue-se a criação de dioceses em lugares centrais de nível regional. A centralidade já exercida foi reforçada com a ação da Igreja Católica. Os exemplos são numerosos: Santarém, no médio Amazonas, Crato e Sobral no Ceará, Petrolina no médio vale do Rio São Francisco, Ilhéus, na zona cacaueira da Bahia, Montes Claros no norte de Minas Gerais, Juiz de Fora na Zona da Mata mineira e Uberaba na região do Triângulo Mineiro, de modo contundente evidenciam essa estratégia territorial. As dioceses de Campos, Ribeirão Preto, Ponta Grossa, Lages e Pelotas são outros exemplos localizados nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, respectivamente.

A seletividade funcional gerou, por outro lado, criações de dioceses em cidades localizadas no contato entre regiões de povoamento antigo e em curso, as cidades “bocas de sertão”, como Botucatu e São José do Rio Preto no Oeste paulista (Monbeig, 1984) e Jacarezinho no Norte paranaense. Estas criações revelam uma visão antecipadora da Igreja Católica.

(d) A estratégia territorial da Igreja Católica no Brasil, entre 1890 e 1930, fez-se com base em complexos-padrões de difusão, os quais incluíam, como no período anterior, a difusão por saltos. A complexidade dessa difusão sugere outros padrões, distintos daqueles apontados por Gould (1969). Por outro lado, observa-se que vários padrões de difusão espacial foram efetivados de modo simultâneo, mas em diferentes espaços regionais. Dada a grande diversidade de povoamento e de desenvolvimento econômico no Brasil nos quarenta anos entre 1890 e 1930, diferentes estratégias de difusão foram adotadas pela Igreja Católica no processo de construção de seus territórios religiosos: difusão por saltos, por contigüidade, por via hierárquica e por preenchimento de interstícios espaciais.

O processo de difusão por saltos, característico do período entre 1551 e 1854, continua a ser adotado como prática no período em tela. A Amazônia fornece exemplos eloquases com a criação das dioceses de Rio Branco e Porto Velho, respectivamente em 1919 e 1925, desmembradas da de Manaus, criada em 1892. A Prelazia de Bom Jesus, no sul do Piauí, criada em 1920 e desmembrada de Teresina, é outro exemplo, assim como o são as dioceses de Caetité e Barra, na Bahia, em 1913, por desmembramento da Diocese de Salvador. Ressalta-se que a área mais próxima de Salvador não veria a criação de nenhuma diocese anteriormente a 1940: Amargosa em 1941, Feira de Santana em 1962 e Alagoinhas em 1974.

O processo de difusão por contigüidade, à semelhança de uma mancha de óleo se espraiando, caracterizou a criação de inúmeras dioceses. Santos, Taubaté, Bragança Paulista e Campinas, desmembradas da Diocese de São Paulo entre 1908 e 1925 e dela localizadas próximas, são exemplos claros. O mesmo se pode afirmar em relação a João Pessoa e Maceió, desmembradas de Recife, respectivamente em 1892 e 1900. O processo em tela cria uma mais elevada densidade de unidades diocesanas, refletindo uma estratégia de densificação e controle mais efetivo do território.

A difusão por via hierárquica pode, em muitos casos, assemelhar-se à difusão por contigüidade. Sua especificidade reside na seletividade das localizações em que uma diocese será implantada em razão de sua importância na hierarquia urbana. A difusão se faz dos centros mais importantes para os menos importantes. A seqüência Recife e Olinda (1676), Maceió (1900) e Penedo (1916) é um exemplo. Outro é constituído pela seqüência Recife-Olinda (1676), Fortaleza (1854) e Sobral (1915) ou Crato (1914), as três últimas no Ceará. Os exemplos são numerosos, envolvendo, sobretudo, até 1930, um padrão de hierarquia urbana em apenas dois níveis, a exemplo das seqüências Rio de Janeiro – Campos, Salvador – Ilhéus, Belém – Santarém e os já mencionados exemplos em São Paulo.

O processo de difusão visando ao preenchimento de interstícios espaciais ocorre posteriormente ao processo de difusão por saltos, que gera grandes vazios entre o centro difusor inicial e a diocese criada, muito distante daquele centro. O espaço intersticial é recoberto por um novo território religioso. Os exemplos são numerosos. Em Minas Gerais, a diocese de Juiz de Fora, criada em 1924, desmembrada da diocese de Mariana, localiza-se em um espaço intersticial entre as cidades do Rio de Janeiro e Mariana, criadas, respectivamente em 1676 e 1745. Em Santa Catarina, a diocese de Joinvile, localizada entre Curitiba, no Paraná, e Florianópolis, foi criada em 1927, enquanto a primeira em 1892 e a segunda, dela desmembrada, em 1908. Um terceiro exemplo é fornecido pela diocese de Sorocaba, em São Paulo, criada em 1924 por desmembramento da diocese de Botucatu, criada em 1908, desmembrada da diocese de São Paulo, criada em 1745. A estratégia territorial da Igreja Católica implicou, assim, a adoção de vários padrões de difusão espacial.
 

Considerações Finais

O presente estudo evidenciou o complexo processo de difusão adotado pela Igreja Católica no Brasil, no qual privilegiou-se a territorialidade religiosa e a construção de seus territórios diocesanos. Neste processo, dois grandes períodos emergiram entre 1551 e 1930, traduzindo-se em práticas e resultados distintos, os quais refletiram e condicionaram a própria dinâmica territorial do país, assim como as necessidades e possibilidades da Igreja Católica de expandir-se em um amplo, complexo e desigual país.

Este estudo não está concluído. Lacunas e questionamentos surgem, envolvendo, entre outros pontos, aqueles vinculados à negociação entre agentes sociais diversos no processo de criação de uma diocese ou prelazia em uma específica cidade, a eficiência das dioceses em termos do projeto de evangelização, controle e estratégia da Igreja nos vários momentos da história nacional e as relações entre rede diocesana e rede urbana.
 

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ANEXO

Brasil – Dioceses e Prelazias criadas até 1930 Segundo Períodos 
Períodos 
Dioceses 
Prelazias 
1551 
Salvador 
1676-1677 
Rio de Janeiro, Recife-Olinda, São Luís 
1719-1745 
Belém, São Paulo, Mariana  Goiás, Cuiabá 
1848-1854 
Porto Alegre, Diamantina, Fortaleza 

 
 
 
 
 
 

1890-1930 

(Amazônia) Manaus, São Gabriel da Cachoeira, Santarém, Rio Branco, Porto Velho  Lábrea, Brogança, Marajó 
(Nordeste) João Pessoa, Maceió, Grajaú, Teresina, Crato, Sobral, Natal, Cajazeiras, Garanhuns, Nazaré, Pesqueira, Petrolina, Penedo, Aracaju, Barra, Ilhéus, Caetité  Bom Jesus 
(Sudeste) Vitória, Niterói, Pouso Alegre, Araçuaí, Montes Claros, Belo Horizonte, Paracatu, Caratinga, Juiz de Fora, Luz, Guaxopé, Uberaba, Valença, Barra do Piraí, Campos, Botucatu, Assis, Lins, Jaboticabal, Sorocaba, São José do Rio Preto, Campinas, Santos, Bragança Paulista, Taubaté, Ribeirão Preto, São Carlos 
(Sul) Curitiba, Ponta Grossa, Jacarezinho, Florianópolis, Joinville, Lages, Pelotas, Uruguaina, Santa Maria 
(Centro Oeste) Cáceres, Guiratinga, Diamantino, Jataí, Porto Nacional, Corumbá 
Fonte: Anuário Católico do Brasil – CERIS, 2000




© Copyright Zeny Rosendahl y Roberto Lobato Corrêa, 2006

© Copyright Scripta Nova, 2006
 
 
Ficha bibliográfica:

ROSENDAHL, Z. CORRÊA, R. L. Difusão e territórios diocesanos no Brasil, 1551–1930Scripta Nova. Revista electrónica de geografía y ciencias sociales.  Barcelona: Universidad de Barcelona, 1 de agosto de 2006, vol. X, núm. 218 (65). <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-218-65.htm> [ISSN: 1138-9788]


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