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Scripta Nova
REVISTA ELECTRÓNICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES
Universidad de Barcelona. ISSN: 1138-9788. Depósito Legal: B. 21.741-98
Vol. XIV, núm. 314, 10 de febrero de 2010
[Nueva serie de Geo Crítica. Cuadernos Críticos de Geografía Humana]

 

BRASIL E EUROPA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS ESTRUTURAS ETÁRIAS

Barbara-Christine Nentwig Silva
Universidade Católica do Salvador e CNPq
barbarans@ucsal.br

Maina Pirajá Silva
Bolsista de Iniciação Científica/CNPq
mainapiraja@yahoo.com.br

Recibido: 5 de febrero de 2009. Devuelto para revisión: 4 de mayo de 2009. Aceptado: 18 de junio de 2009.

Brasil e Europa: uma análise comparativa das estruturas etárias (Resumo)

As transformações na estrutura da população por idade constituem um importante indicador de questões sociais, culturais, econômicas, políticas e ambientais que ocorrem em um determinado espaço, também tomado em relação com outros espaços. Assim, este trabalho analisa, de forma comparativa, (i) a composição da população por idade da Europa e de países europeus com o Brasil e seus estados e (ii) as características de vários outros indicadores demográficos. As diferenças entre o Brasil e a Europa são hoje bem menores que em décadas anteriores. Entre os países europeus e os estados brasileiros as diferenças são mais expressivas. Entretanto, há vários estados brasileiros que avançaram bastante na transição demográfica, com destaque para o Rio Grande do Sul, com pequena participação da população infantil, baixas taxas de fecundidade e crescimento anual e expressiva participação de idosos na população total. Isto o aproxima do exemplo de alguns países europeus analisados.

Palavras-chave: estruturas etárias, indicadores demográficos, comparação Brasil-Europa, comparação países europeus-estados brasileiros.


Brazil and Europe: a comparative analysis of age structures (Abstract)

The changes in the population structured by age are an important indicator of social, cultural, economic, political and environmental issues that occur in a given space also related to other spaces. Therefore, this paper analyzes, in a comparative way, (i) the way populations from Europe, European countries, Brazil and Brazilian states are constituted according to the age aspect and (ii) the characteristics of several other demographic indicators. The differences between Brazil and Europe today are smaller than in previous decades. When we compare the European countries with Brazilian states the differences are more significant. However, there are several Brazilian states in an advanced form of demographic transition, especially Rio Grande do Sul, having little participation of infantile population, low fecundity rate and annual population growth, and expressive presence of aged population in total population. This is not far from the example of some European countries analyzed.

Key words: age structures, demographic indicators, Brazil-Europe comparison, European countries-Brazilian states comparison.

As mudanças na composição da população por idade constituem um relevante indicador que sintetiza um grande número de questões sociais, culturais, econômicas, políticas e ambientais que ocorrem em um determinado espaço. Estas mudanças expressam igualmente, e de forma integrada, as relações de um espaço com outros espaços que, neste caso, têm como destaque, as migrações.

A análise de toda essa dinâmica permite, portanto, agregar importantes elementos para a compreensão sintética das características sócio-econômicas e político-culturais de um país, região, estado, município ou cidade. Com isto, também, fica ressaltada a pertinência de estudos comparativos que possam contribuir para o entendimento e a proposição de uma classificação da diversidade de situações que decorrem da variedade de combinações das questões acima enumeradas.

Por conseguinte, este trabalho tem como objetivo comparar a estrutura demográfica, por idade, de países europeus com o Brasil e seus estados, propondo uma classificação e uma análise de outros indicadores de população que decorrem da comparação. Os países europeus foram escolhidos para serem comparados com o Brasil por terem iniciado, há bem mais tempo que o nosso país, um vigoroso processo de sucessivas transformações de suas complexas estruturas etárias. A análise comparativa permitirá conhecer nossa maior ou menor proximidade com os modelos europeus, inferindo se eles podem servir ou não como indicadores de tendências. Em outras palavras, isto permitirá avaliar o estágio atual da transição demográfica do Brasil e dos seus estados. Neste trabalho, entende-se por transição demográfica as alterações que ocorrem na estrutura e no crescimento de uma determinada população, priorizadas aqui por sua composição em grupos etários e por diversos outros indicadores demográficos. Isto ocasiona a passagem de uma fase de crescimento elevado, com destaque para a presença expressiva de uma população infanto-juvenil para uma outra fase, com baixo crescimento e com maior participação relativa da população de adultos e idosos.

As informações foram buscadas nos bancos de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para o Brasil, com seus 26 estados e o Distrito Federal, e nos sistemas de informações do Statistical Office of the European Communities (EUROSTAT), para os 27 países que formam hoje a União Européia. Os dados referentes ao total da população destes países são de 1970 a 2007 e para cada Unidade da Federação do Brasil e países europeus, os dados utilizados são de 2007. As populações dos referidos países foram agrupadas segundo as suas idades em faixas de 5 em 5 anos. As pirâmides são apresentadas, para homens e mulheres, com os valores relativos em cada faixa para possibilitar a comparação. Para apresentar a população total do Brasil e da União Européia e as mudanças ocorridas nas pirâmides de idade, foram escolhidos os dados referentes aos anos de Recenseamento efetuado pelo IBGE e, em 2007, da Contagem da População para o Brasil.

Portanto, a metodologia foi baseada na construção gráfica de pirâmides de idade e no cálculo de outros indicadores demográficos para viabilizar, em ambos os casos, a comparação e a proposição de desdobramentos interpretativos.

Com isto, é possível situar a realidade brasileira como um todo e de seus estados, diante dos países europeus, tentando compreender as razões da diversidade.

Europa: a diversidade das estruturas por idade

Antes de analisar as pirâmides dos 27 países que compõem hoje a União Européia, coincidentemente, o mesmo número de estados brasileiros, com o Distrito Federal, é pertinente destacar a população destes países e sua evolução de 1970 a 2007. Assim, em 1970, o conjunto dos 27 países contou com uma população de habitantes, que cresceu até 1980 para 459.114.654 habitantes, somou, em 1991, 473.243.010 habitantes, em 2000, 483.781.678 habitantes e atingiu, em 2007, a população de , o que significa um crescimento de 13,75% entre 1970 e 2007.

A figura 1 apresenta para cada ano selecionado a população por faixas de idade, permitindo, assim, avaliar a evolução das pirâmides etárias de 1970 a 2007 para o conjunto dos países que atualmente fazem parte da União Européia. Para estes países, a pirâmide de 1970 ainda apresenta uma base larga para a população até 9 anos, ou seja, a maior porcentagem de população se localiza nas duas primeiras faixas, e um significativo recuo na faixa de 50 a 54 anos, expressando o ainda forte impacto das perdas da 2ª Guerra Mundial. Isto será suavizado na pirâmide de 1980, desaparecendo a partir de 1991. Há um destaque para a maior participação das mulheres idosas, acima de 80 anos, que aumenta significativamente até 2007. Pode-se dizer também que só a partir de 1980 começa-se a delinear para toda a Europa uma pirâmide típica de uma população estável. A pirâmide de 2007 já indica a proximidade de um estágio de contração da população européia.

 

Figura 1. Pirâmides de idade da União Européia 1970-2007.
Fonte dos dados: EUROSTAT. Population by sex and age on 1. January of each year 1971, 1981, 1992, 2001 e 2008.
Observação: para todos os anos foram tomados os países que compõem, em 2007, a União Européia.

 

Analisando, a seguir, as pirâmides de idade construídas para cada um dos 27 países da União Européia, com dados de 2007, foi possível, através da comparação entre as formas produzidas, classificá-las em quatro grandes grupos, mesmo reconhecendo as dificuldades de agrupamento.

O primeiro grupo de países é formado por Portugal, Itália, Luxemburgo, Espanha, Chipre, Grécia e Irlanda (Figura 2). O modelo mais representativo deste grupo é o de Portugal, com sua não muita alta, quase reta, base estreita (até 19 anos), um crescimento acentuado nas faixas seguintes (até em torno de 34 anos) e, a partir daí, finalmente, uma estrutura piramidal.

Isto indica, em geral, o caráter recente da redução da fecundidade (cerca de 20, 25 anos), mas em um ritmo extremamente intenso. Assim, a forma-modelo das pirâmides aponta para a passagem de uma população estável para uma população em contração.

A Irlanda foi considerada um caso especial nesse grupo, por ter a base de sua pirâmide etária mais larga, chegando a quase 4%. 

 

Figura 2. Pirâmides de idade de países da União Européia 2007 – Grupo 1.
Fonte dos dados: EUROSTAT. Population by sex and age on 1 January of each year 2008.
* Irlanda – Caso especial do Grupo 1.

 

O segundo grupo é formado pela Alemanha, Áustria, Bélgica e Holanda, sendo a Áustria o país que pode ser considerado o modelo do grupo (Figura 3), informando o início da fase de contração da população. Diferentemente do grupo anterior, a estreita base, quase reta ou até diminuindo, é bem mais alta (de 0 até 34 anos), os grupos de crescimento são em número menor, seguindo-se a forma piramidal. Isto revela que as mudanças na redução das taxas de fecundidade já começaram há cerca de 34 anos. No caso da Alemanha, a redução da faixa de 60 a 64 anos, em 2007, reflete a redução dos nascimentos durante a 2ª Guerra Mundial e logo após o seu término. Todos esses países têm uma porcentagem bem maior de mulheres do que de homens igual ou acima de 80 anos.

 

Figura 3. Pirâmides de idade de países da União Européia 2007 – Grupo 2.
Fonte dos dados: EUROSTAT. Population by sex and age on 1 January of each year 2008.

 

Já o grupo 3 é formado pela Romênia, Bulgária, Letônia, Lituânia, Malta, República Tcheca, Polônia, Eslovênia, Estônia, Eslováquia e Hungria, sendo a Bulgária o país que pode ser considerado o modelo do grupo (Figura 4). A base estreita vai até 14 ou 19 anos, tornando-se mais larga a partir daí, com variações, mas tendendo a uma reta, e depois infletindo em forma piramidal para as idades mais avançadas. Não há um destaque pronunciado para a faixa etária feminina igual ou acima de 80 anos como acontece nos grupos 1, 2 e 4.

As mudanças ocorridas há 20 anos com a redução das taxas de fecundidade permitem conhecer o caráter de estabilidade para estas populações.

 

Figura 4. Pirâmides de idade de países da União Européia 2007 – Grupo 3.
Fonte dos dados: EUROSTAT. Population by sex and age on 1 January of each year 2008.

 

Finalmente, o grupo 4 é formado pelo Reino Unido, Finlândia, Suécia, França e Dinamarca, sendo a França considerada o modelo do grupo (Figura 5). A base é estreita, quase reta e muito alta (até em torno de 64 anos), quando se reduz progressivamente. As mudanças ocorridas há mais de 60 anos prosseguem de forma homogênea ao longo da pirâmide de idade, bem próxima do modelo de contração da população.

 

Figura 5. Pirâmides de idade de países da União Européia 2007 – Grupo 4.
Fonte dos dados: EUROSTAT. Population by sex and age on 1 January of each year 2008.
* EUROSTAT. Population by sex and age on 1 January of each year 2007.

 

Portanto, observando o conjunto das pirâmides de idade da Europa e dos países que a constituem, pode-se afirmar que não cabe mais, a rigor, o emprego da expressão “pirâmides”, como tradicionalmente se faz, já que os gráficos de barra produzidos não lembram esta figura geométrica.

 

Figura 6. Países da União Européia 2007. Classificação das pirâmides etárias.
Fonte dos dados: EUROSTAT. Population by sex and ageon 1. January of each year 2008.
Observação: para o Reino Unido os dados são do EUROSTAT. Population by sex and ageon 1. January of each year 2007.

 

O mapeamento da distribuição dos países segundo os 4 grupos estabelecidos é mostrado na figura 6 e visualiza os agrupamentos espaciais segundo a classificação proposta, ressaltando uma certa coerência regional nesta distribuição.

Brasil: a diversidade das estruturas por idade

O Brasil tinha, em 1970, uma população 4,70 vezes menor do que a da Europa, reduzindo esta proporção, em 2007, para 2,70 vezes. Os dados revelam que o Brasil cresceu de 93.134.846 habitantes, em 1970, para 119.011.052, em 1980, para 146.825475, em 1991, para 169.799.170, em 2000, atingindo 183.987.291 pessoas em 2007, o que representa um crescimento de 97,55% no período, bem diferente do da Europa.

Na perspectiva de situar o período em que a população brasileira começa sua transição demográfica, aqui representada na mudança de sua estrutura piramidal tradicional, com a redução das primeiras faixas de população infantil comparada com a população jovem e a do crescimento relativo da população de idosos, a figura 7 apresenta as pirâmides de idade do Brasil entre 1970 e 2007.

Analisando os gráficos, fica evidente que o ano de 1980 foi o último a apresentar uma pirâmide tradicional, típica de um país bem jovem e com altas taxas de crescimento demográfico. Já a pirâmide de 1991 é a primeira a apresentar a redução da participação da população até 4 anos que não representa mais a maior faixa da pirâmide, e o aumento da população de idosos. Assim, a população de crianças até 4 anos caiu de 13,82%, em 1980, para 11,25%, em 1991, e a população de 80 anos e mais aumentou de 0,50% para 0,77% no mesmo período. Com isto, pode-se afirmar com segurança que a transição acima apontada ocorreu entre 1980 e 1991.

 

Figura 7. Pirâmides de idade do Brasil 1970-2007.
Fonte dos dados: IBGE. Censo demográfico 1970, 1980, 1991 e 2000. IBGE. Contagem da população 2007.

 

Evidentemente, a estrutura por idades da população brasileira não é homogênea para todo o território nacional, de proporções continentais. Para a análise desta diversidade foram construídas as pirâmides para os estados brasileiros referentes a 2007, classificados, da mesma forma que ocorreu com os países europeus, em grupos com certa homogeneidade dada pelas formas, também reconhecendo as dificuldades inerentes a este processo.

A primeira observação a ser feita é a de que todos os estados brasileiros já iniciaram sua transição demográfica, mas com resultados bem diferenciados.

O grupo 1 (Amazonas, Acre, Roraima, Amapá, Pará e Maranhão) é certamente o grupo que expressa o caráter recente de sua inserção na transição demográfica, com a redução da primeira faixa etária (de 0 a 4 anos), mas mantendo-se a forma piramidal tradicional (Figura 8). Comparando com as pirâmides de 2000 (Silva e Silva, 2007), verifica-se que a mudança começou nestes estados somente neste ano. O Estado modelo escolhido foi o Pará.

 

Figura 8. Pirâmides de idade das Unidades da Federação brasileira 2007 – Grupo 1.
Fonte dos dados: IBGE. Contagem da população 2007.

 

O grupo 2 (Alagoas, Ceará, Rondônia, Piauí e Tocantins) difere do anterior por ter uma forma mais endenteada nas faixas de crianças, o que indica que a transição começou antes, entre 1991 e 2000 (Silva e Silva, 2007). O modelo é o do Ceará (Figura 9).

 

Figura 9. Pirâmides de idade das Unidades da Federação brasileira 2007 – Grupo 2.
Fonte dos dados: IBGE. Contagem da população 2007.

 

O grupo 3, formado pelos estados de Santa Catarina, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal é mais complexo por ter um recuo nas populações de adolescentes e nas primeiras faixas de adultos (Figura 10). São estados que iniciaram suas transições há mais tempo, como o Rio Grande do Sul, já na década de 70, ou como os demais estados, na década de 80, como é possível deduzir na análise temporal das faixas e comparando com a situação de 2000 (Silva e Silva, 2007). O modelo mais significativo é o do Rio Grande do Sul, apontando para uma futura proximidade com um padrão de estabilidade da população.

Por outro lado, o Distrito Federal tem a particularidade de ter uma população feminina bem superior à masculina, sobretudo nas faixas intermediárias, o que certamente aponta para a relevância dos processos migratórios femininos, sobretudo em busca de empregos públicos ou domésticos.

 

Figura 10. Pirâmides de idade das Unidades da Federação brasileira 2007 – Grupo 3.
Fonte dos dados: IBGE. Contagem da população 2007.
* IBGE. PNAD, 2007.
* A última faixa etária corresponde à população de 70 anos ou mais.

 

Prosseguindo, o grupo 4 (Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Sergipe, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Paraíba, Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo) tem, além da redução nas primeiras faixas, um aspecto mais abaulado nas faixas de jovens e nas primeiras faixas de adultos que no grupo anterior, apresentando, em seguida, a forma piramidal mais tradicional (Figura 11). O modelo escolhido é o Espírito Santo.

 

Figura 11. Pirâmides de idade das Unidades da Federação brasileira 2007 – Grupo 4.
Fonte dos dados: IBGE. Contagem da população 2007.

 

Em termos comparativos, as pirâmides de todos os estados brasileiros são bem diferentes das pirâmides dos países europeus o que expressa o caráter recente de nossas transformações demográficas. Os estados que já iniciaram uma fase de mudanças mais significativas, os do grupo 3 (Santa Catarina, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal), parecem indicar uma bem pequena aproximação com o grupo 3 de países europeus (Romênia, Bulgária, Letônia, Lituânia, Malta, República Tcheca, Polônia, Eslovênia, Estônia, Eslováquia e Hungria). Neste sentido, a comparação mais significativa, mas ainda frágil, seria a do Rio Grande do Sul com a Bulgária.

 

Figura 12. Brasil-Unidades da Federação 2007. Classificação das pirâmides etárias.
Fonte dos dados: IBGE. Contagem da população 2007.
Observação: para o Distrito Federal os dados são do IBGE. PNAD, 2007.

 

A distribuição dos estados brasileiros segundo a classificação em 4 grupos é visível na figura 12 e indica também a tendência de uma regionalização.

Avançando na comparação entre a Europa e o Brasil

Na perspectiva de avançar na comparação entre o Brasil e a Europa, faremos, a seguir, uma análise de oito indicadores escolhidos como importantes para o entendimento da diversidade das estruturas etárias: a participação de crianças e de jovens, a participação de idosos, a identificação da faixa etária de maior valor relativo, a comparação através de diagrama triangular, os índices de dependência demográfica, o índice de envelhecimento, as taxas de fecundidade e as taxas geométricas de crescimento anual da população.

A participação das crianças até 4 anos e de crianças e jovens até 14 anos no conjunto da população pode ser vista na quadro 1 para os países europeus e para as Unidades da Federação brasileira.

 

Quadro 1.
Participação da população de 0 a 4 anos e 0 a 14 anos dos países
europeus e Unidades da Federação brasileira – 2007 (%)

Brasil – Unidades
da Federação

População (anos)

Países da
União Européia

População (anos)

0 a 4

0 a 14

0 a 4

0 a 14

Rio Grande do Sul

6,43

22,78

Alemanha

4,22

13,72

São Paulo

6,75

23,33

Lituânia

4,56

15,36

Rio de Janeiro

6,97

24,18

Eslovênia

4,59

13,87

Santa Catarina

6,97

24,43

Bulgária

4,60

13,39

Minas Gerais

7,15

25,17

Itália

4,73

14,05

Paraná

7,38

25,84

Áustria

4,76

15,33

Espírito Santo

7,48

25,47

Polônia

4,78

15,48

Distrito Federal*

7,70

24,74

Hungria

4,81

15,02

Goiás

7,90

26,48

Letônia

4,82

13,75

Rio Grande do Norte

7,93

26,89

Malta

4,83

16,23

Mato Grosso do Sul

8,08

26,79

Grécia

4,85

14,28

Paraíba

8,12

27,08

Eslováquia

4,94

15,76

Ceará

8,33

29,87

Romênia

4,96

15,23

Mato Grosso

8,34

27,46

República Tcheca

4,97

14,23

Piauí

8,50

28,40

Portugal

5,05

15,34

Sergipe

8,50

28,94

Espanha

5,22

14,62

Bahia

8,55

29,03

Estônia

5,34

14,82

Pernambuco

8,71

29,14

Chipre

5,38

17,45

Rondônia

8,77

29,69

Finlândia

5,50

16,88

Alagoas

9,30

31,09

Bélgica

5,63

16,88

Tocantins

9,42

30,84

Suécia

5,72

16,79

Maranhão

10,27

32,57

Holanda

5,76

17,89

Roraima

10,89

34,67

Luxemburgo

5,80

18,15

Amapá

11,12

35,59

Reino Unido**

5,83

17,60

Pará

11,25

35,57

Dinamarca

5,95

18,44

Amazonas

11,41

35,23

França

6,32

18,52

Acre

11,45

35,66

Irlanda

7,36

20,56

Média

8,65

28,78

Média

5,23

15,91

Fonte dos dados: IBGE. Contagem da população 2007; EUROSTAT. Population by sex  and age on 1. January of each year 2008.
* IBGE. PNAD, 2007.
** EUROSTAT. Population by sex and age on 1. January of each year 2007.

 

Comparando na tabela 1 as colunas da Europa e do Brasil, percebe-se que os valores brasileiros da participação de crianças de 0 a 4 anos e de 0 a 14 anos na população total são bem mais altos que os europeus. No Brasil, por exemplo, a população de 0 a 4 anos, corresponde a 8,65% e na Europa somente a 5,23%. O estado brasileiro com maior participação relativa de crianças até 4 anos é o Acre (11,45%) contra 7,36% para a Irlanda, no continente europeu. Na Europa, o país com menor participação é a Alemanha com 4,22% contra 6,43% no Rio Grande do Sul, o estado com menor valor no Brasil. Tomando a média brasileira da população entre 0 e 14 anos, comparada com a média européia, observa-se também uma diferença ainda maior, 28,78% contra 15,91 %, respectivamente.

O contrário acontece no outro extremo quando se compara a população de pessoas  idosas, aqui tomados a partir de 65 anos e de 80 anos e mais (Quadro 2). É preciso destacar que a partir de 65 anos, tanto no Brasil como na Europa, cresce o número de aposentados dos setores públicos e privados. Assim, a participação média da população de 65 anos e mais é somente 6,03% para o Brasil contra 15,91% para a Europa.

Por outro lado, a média da população de 80 anos e mais é de 3,87% na Europa e no Brasil de 1,25%. Na Europa, o país com maior porcentagem desta faixa de idosos é a Itália, com 5,49%, contra 1,95% na Paraíba, o maior valor no Brasil, o que não deixa de ser uma surpresa já que este estado nordestino supera bastante os estados do Sul e Sudeste que apresentam melhores indicadores econômicos e sociais. No Brasil, os estados com menores indicadores quanto à população muito idosa são os de Roraima e Amapá (0,56%) e na Europa, a Eslováquia, com 2,58%, porcentagem bem acima da Paraíba, o de maior valor brasileiro.

 

Quadro 2.
 Participação da população de 65 e mais e de 80 anos e mais dos países
europeus e Unidades da Federação brasileira – 2007 (%)

Brasil – Unidades
da Federação

População (anos)

Países da
União Européia

População (anos)

65 e mais

80 e mais

65 e mais

80 e mais

Amapá

3,11

0,56

Irlanda

10,88

2,67

Roraima

3,14

0,56

Eslováquia

11,98

2,58

Amazonas

3,73

0,70

Chipre

12,47

2,79

Acre

3,98

0,76

Polônia

13,46

2,99

Pará

4,08

0,73

Malta

13,84

3,14

Rondônia

4,24

0,61

Luxemburgo

13,99

3,42

Mato Grosso

4,55

0,69

República Tcheca

14,57

3,36

Distrito Federal

4,79

  2,70*

Holanda

14,72

3,75

Tocantins

5,44

1,02

Romênia

14,89

2,79

Alagoas

5,54

1,12

Dinamarca

15,58

4,11

Maranhão

5,64

1,13

Lituânia

15,84

3,27

Sergipe

5,69

1,26

Reino Unido**

16,00

4,49

Mato Grosso do Sul

6,10

1,12

Eslovênia

16,13

3,56

Goiás

6,14

1,01

Hungria

16,17

3,70

Santa Catarina

6,55

1,13

França

16,29

4,94

Piauí

6,75

1,43

Finlândia

16,51

4,32

Bahia

7,08

1,63

Espanha

16,61

4,60

Espírito Santo

7,15

1,38

Bélgica

17,06

4,70

Paraná

7,16

1,20

Áustria

17,13

4,59

Rio Grande do Norte

7,16

1,77

Estônia

17,19

3,68

Pernambuco

7,19

1,56

Letônia

17,21

3,52

Rio de Janeiro

7,35

1,36

Bulgária

17,32

3,57

São Paulo

7,69

1,42

Portugal

17,42

4,20

Minas Gerais

7,79

1,50

Suécia

17,52

5,35

Ceará

7,88

1,86

Grécia

18,64

4,09

Paraíba

8,08

1,95

Itália

20,04

5,49

Rio Grande do Sul

8,84

1,64

Alemanha

20,09

4,78

Média

6,03

1,25

Média

15,91

3,87

Fonte dos dados: IBGE. Contagem da população 2007; EUROSTAT. Population by sex and age on 1. January of each year 2008.
*A última faixa etária corresponde à população de 70 anos ou mais.
* IBGE. PNAD, 2007.
** EUROSTAT. Population by sex and age on 1. January of each  year 2007.

 

Avançando na comparação, para os estados brasileiros, a faixa de população com o maior valor relativo e que se repete na maioria dos casos, ocorre em doze estados (Ceará, Alagoas, Tocantins, Rondônia, Bahia, Sergipe, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul), é a faixa de 10 a 14 anos (Quadro 3). Por outro lado, seis estados (Acre, Amapá, Pará, Amazonas, Roraima e Maranhão) têm a maior freqüência populacional nas baixas faixas de idade, entre 5 e 9 anos. No Acre 12,46% da população localiza-se nesta faixa etária. Os estados do Rio Grande do Norte e São Paulo, por sua vez, indicam as mais altas freqüências nas faixas etárias de 20 a 24 anos e o Distrito Federal nas de 25 e 29 anos. Ou seja, a amplitude das faixas etárias com a maior freqüência relativa varia no Brasil entre 5 a 9 anos até 20 a 24, ou, considerando o Distrito Federal, até 25 a 29 anos.

Em contraste, em dez países da Europa a faixa com maior valor de população é a de 40 a 44 anos (Alemanha, Áustria, Luxemburgo, Itália, Holanda, Dinamarca, Reino Unido, Bélgica, Suécia e França). Destaca-se a Alemanha com 8,73% nesta faixa de população adulta. Na Finlândia o grupo de maior população localiza-se nas faixas de idades bem mais avançadas, entre 55 a 59 anos, muito acima do resultado encontrado para o Brasil, enquanto que somente quatro países (Polônia, Letônia, Lituânia e Estônia) marcam a maior porcentagem de população nas idades entre 20 e 24 anos. Assim, na Europa, a amplitude das faixas de idade com maior número de pessoas varia entre 20 a 24 anos e 55 a 59 anos.

 

Quadro 3.
Faixa etária com maior valor relativo de população dos países
europeus e Unidades da Federação brasileira – 2007

Brasil – Unidades
da Federação

Faixa etária com
maior população

% da
população

Países da
União Européia

Faixa etária com
maior população

% da
população

Acre

5 a 9

12,46

Polônia

20 a 24

8,39

Amapá

5 a 9

12,45

Letônia

20 a 24

8,19

Pará

5 a 9

12,21

Lituânia

20 a 24

8,12

Amazonas

5 a 9

12,18

Estônia

20 a 24

7,92

Roraima

5 a 9

12,11

Irlanda

25 a 29

9,40

Maranhão

5 a 9

11,19

Eslováquia

25 a 29

8,61

Ceará

10 a 14

11,38

Chipre

25 a 29

8,55

Alagoas

10 a 14

11,00

Malta

25 a 29

7,47

Tocantins

10 a 14

10,91

Rep. Tcheca

30 a 34

8,99

Rondônia

10 a 14

10,83

Espanha

30 a 34

8,92

Bahia

10 a 14

10,51

Hungria

30 a 34

8,44

Sergipe

10 a 14

10,43

Portugal

30 a 34

8,03

Mato Grosso

10 a 14

9,97

Bulgária

30 a 34

7,66

Mato Grosso do Sul

10 a 14

9,78

Romênia

35 a 39

8,42

Paraná

10 a 14

9,72

Grécia

35 a 39

7,86

Goiás

10 a 14

9,53

Alemanha

40 a 44

8,73

Rio de Janeiro

10 a 14

8,76

Áustria

40 a 44

8,61

Rio Grande do Sul

10 a 14

8,55

Luxemburgo

40 a 44

8,59

Piauí

15 a 19

10,73

Itália

40 a 44

8,22

Pernambuco

15 a 19

10,36

Holanda

40 a 44

7,94

Paraíba

15 a 19

10,01

Dinamarca

40 a 44

7,83

Minas Gerais

15 a 19

9,45

Reino Unido**

40 a 44

7,69

Espírito Santo

15 a 19

9,38

Bélgica

40 a 44

7,61

Santa Catarina

15 a 19

9,27

Suécia

40 a 44

7,31

Rio Grande do Norte

20 a 24

9,99

França

40 a 44

7,13

São Paulo

20 a 24

9,13

Eslovênia

50 a 54

7,79

Distrito Federal*

25 a 29

10,16

Finlândia

55 a 59

7,62

Fonte dos dados: IBGE. Contagem da população 2007; EUROSTAT. Population by sex and age on 1. January of each year 2008.
*
IBGE. PNAD, 2007.
** EUROSTAT. Population by sex and age on 1.
January of each year 2007.

 

Fechando a análise por grupos de idade, a figura 13 mostra sinteticamente, sob a forma de um diagrama triangular, como ocorre a distribuição da população no Brasil e na Europa, dividida em três grupos de idade, 0-14 anos, 15-64 anos e 65 anos e mais. Considerando que a concentração dos pontos referentes aos países europeus e estados brasileiros se dá na parte superior do triângulo, o mesmo é apresentado, para melhor visualização, somente a partir de 50%. Observa-se claramente que os estados brasileiros formam um agrupamento e os países europeus um outro bem distinto. Não há superposição entre os dois grupos. Há, contudo, uma maior concentração dos países europeus, com valores relativamente próximos, com relação aos estados brasileiros. Por outro lado, fica evidente que os estados brasileiros apresentam maior heterogeneidade entre si nos grupos de 0-14 anos e de 15-64 anos, enquanto que os países europeus apresentam maior heterogeneidade no grupo de 65 anos e mais.

Deve-se também destacar o fato de que a Irlanda, com 21% de crianças e jovens, 68% de adultos e 11% de idosos, coloca-se entre os dois grupos analisados, Europa e Brasil. Como comparação, o Rio Grande do Sul, o mais próximo da Irlanda no gráfico, tem 23% de crianças e jovens, 68% de adultos e 9% de idosos.

 

Figura 13. Distribuição da população por faixas etárias de 1-14 anos, 15-64 anos e 65 anos e mais no Brasil e na Europa – 2007.
Fonte dos dados : IBGE. Contagem da população 2007. EUROSTAT. Population by sex and age on 1. January of each year 2008.

 

Isto resulta em índices diferenciais de dependência e de envelhecimento no Brasil e na Europa (Quadro 4).

 

Quadro 4.
Razão de dependência e índice de envelhecimento dos países
europeus e Unidades da Federação brasileira – 2007 (%)

Brasil – Unidades
da Federação

Razão de
dependência

Índice de
envelhecimento

Países da
União Européia

Razão de
dependência

Índice de
envelhecimento

Distrito Federal

41,9

19,4

Eslováquia

38,4

76,0

Santa Catarina

44,9

26,8

Rep. Tcheca

40,4

102,4

São Paulo

45,0

32,9

Polônia

40,7

87,0

Rio de Janeiro

46,1

30,4

Chipre

42,7

71,5

Rio Grande do Sul

46,2

38,8

Eslovênia

42,9

116,3

Mato Grosso

47,1

16,6

Malta

43,0

85,3

Espírito Santo

48,4

28,1

Romênia

43,1

97,8

Goiás

48,4

23,2

Bulgária

44,3

129,3

Mato Grosso do Sul

49,0

22,8

Letônia

44,8

125,1

Minas Gerais

49,2

31,0

Hungria

45,3

107,6

Paraná

49,2

27,7

Lituânia

45,3

103,1

Rondônia

51,4

14,3

Espanha

45,4

113,6

Rio Grande do Norte

51,6

26,6

Irlanda

45,9

52,9

Sergipe

53,0

19,7

Estônia

47,1

116,0

Piauí

54,2

23,8

Luxemburgo

47,4

77,1

Paraíba

54,2

29,8

Áustria

48,1

111,8

Bahia

56,5

24,4

Holanda

48,4

82,3

Tocantins

57,0

17,7

Portugal

48,7

113,6

Pernambuco

57,1

24,7

Grécia

49,1

130,6

Alagoas

57,8

17,8

Finlândia

50,1

97,8

Ceará

60,6

26,4

Reino Unido*

50,6

90,9

Roraima

60,8

  9,1

Alemanha

51,1

146,4

Maranhão

61,8

17,3

Bélgica

51,4

101,1

Amapá

63,1

  8,7

Dinamarca

51,6

84,5

Amazonas

63,8

10,6

Itália

51,7

142,6

Acre

65,7

11,2

Suécia

52,2

104,3

Pará

65,7

11,5

França

53,4

87,9

Média

53,7

21,9

Média

46,8

102,0

Fonte dos dados: IBGE. Contagem da população 2007; EUROSTAT. Population by sex and age on 1. January of each year 2008
* EUROSTAT. Population by sex and age on 1. January of each year 2007.

 

No Brasil, o índice de dependência varia de 41,9% (Distrito Federal) a 65,7% (Acre e Pará), sendo a média do país de 53,7%. Na Europa, o índice varia entre 38,4% para a Eslováquia e 53,4% para a França, sendo a média européia de 46,8%.

Já os índices de envelhecimento variam no Brasil de 8,7% (Amapá) até 38,8% (Rio Grande do Sul), com um índice nacional de 21,9%. A média européia é de 102,0%, sendo o menor valor o da Irlanda, com 52,9%, contrastando bastante com a Alemanha, que aponta o maior valor com 146,4%.

A tabela 5 permite a comparação das taxas de fecundidade da Europa e do Brasil. Os dados referem-se ao ano de 2007. A média européia é de 1,52 bem abaixo da média brasileira que é de 2,12. O país europeu com maior taxa de fecundidade é a Irlanda (2,01) e a menor taxa é a da Eslováquia (1,25). Já para o Brasil, a maior taxa é a do Acre (3,10), contra a menor taxa, a do Rio de Janeiro (1,57). É importante destacar que o Rio de Janeiro tem uma taxa de fecundidade mais baixa que dez países europeus, o que é um relevante indicador do estágio de suas transformações demográficas.

Em todos os países da Europa as taxas são abaixo do chamado nível de reposição de 2,1, taxa de fecundidade que mantém a população constante no longo prazo. No Brasil, 14 estados indicam taxas abaixo do valor mencionado.

 

Quadro 5.
Taxa de fecundidade por Unidades da Federação brasileira
e dos países da União Européia – 2007

Brasil – Unidades
da Federação

Taxa de
fecundidade

Países da
União Européia

Taxa de
fecundidade

Rio de Janeiro

1,57

Eslováquia

1,25

São Paulo

1,62

Romênia

1,30

Rio Grande do Sul

1,67

Polônia

1,31

Mato Grosso do Sul

1,69

Hungria

1,32

Paraná

1,82

Portugal

1,33

Distrito Federal

1,82

Lituânia

1,35

Minas Gerais

1,84

Alemanha

1,37

Santa Catarina

1,87

Malta

1,37

Goiás

1,87

Chipre

1,38

Espírito Santo

1,88

Áustria

1,38

Bahia

1,90

Eslovênia

1,38

Rondônia

1,92

Espanha

1,40

Ceará

2,08

Itália*

1,40

Sergipe

2,08

Grécia

1,41

Paraíba

2,18

Letônia

1,41

Piauí

2,19

Bulgária

1,42

Amazonas

2,22

Rep. Tcheca

1,44

Alagoas

2,22

Bélgica*

1,60

Tocantins

2,26

Luxemburgo

1,61

Pernambuco

2,30

Estônia

1,63

Mato Grosso

2,35

Holanda

1,72

Rio Grande do Norte

2,38

Reino Unido*

1,80

Pará

2,51

Finlândia

1,83

Maranhão

2,58

Dinamarca

1,84

Amapá

2,66

Suécia

1,88

Roraima

2,70

França

1,98

Acre

3,10

Irlanda

2,01

Média

2,12

Média

1,52

Fonte dos dados: IBGE. Síntese dos indicadores sociais 2007.
EUROSTAT. Total fertility rate, 2007.
* UNICEF. Total fertility rate 2007.

 

Finalmente, a quadro 6 compara, entre 2000 e 2007, as taxas geométricas de crescimento demográfico anual para o Brasil e a União Européia. A taxa anual de crescimento da União Européia foi, no período analisado, de 0,37% a.a. e, no Brasil, de 1,42% a.a., ou seja, 3,84 vezes maior. As diferenças entre a Europa e o Brasil são muito significativas: há oito países na União Européia com taxas negativas (Bulgária, Romênia, Letônia, Lituânia, Estônia, Hungria, Polônia e Alemanha) contra nenhum estado brasileiro com crescimento negativo. O país europeu que mais cresceu foi a Irlanda (1,99% a.a.) e o estado brasileiro com maior crescimento foi o Amapá, com 3,02% a.a. Já o estado brasileiro que menos cresceu foi o Rio Grande do Sul, com 0,54% a.a. contra um decréscimo de 0,92% a.a. da Bulgária, o país europeu com maior taxa negativa.

 

Quadro 6.
Taxas geométricas de crescimento demográfico anual dos países
europeus e Unidades da Federação brasileira – 2000/2007

Brasil - Unidades
da Federação

Crescimento
anual (%)

Países da
União Européia

Crescimento
anual (%)

Rio Grande do Sul

0,54

Bulgária

-0,92

Rondônia

0,75

Romênia

-0,58

Paraíba

0,80

Letônia

-0,57

Piauí

0,92

Lituânia

-0,50

Rio de Janeiro

0,99

Estônia

-0,27

Pernambuco

0,99

Hungria

-0,22

Tocantins

1,04

Polônia

-0,05

Paraná

1,04

Alemanha

-0,01

São Paulo

1,04

Eslováquia

0,06

Alagoas

1,05

República Tcheca

0,16

Bahia

1,07

Eslovênia

0,25

Minas Gerais

1,07

Finlândia

0,33

Espírito Santo

1,13

Dinamarca

0,33

Maranhão

1,14

Grécia

0,37

Rio Grande do Norte

1,18

Holanda

0,37

Sergipe

1,20

Suécia

0,48

Mato Grosso do Sul

1,24

Portugal

0,50

Santa Catarina

1,31

Reino Unido

0,52

Ceará

1,39

Áustria

0,54

Goiás

1,74

Bélgica

0,55

Mato Grosso

1,89

França

0,64

Pará

1,90

Itália

0,65

Amazonas

1,96

Malta

0,68

Acre

2,34

Luxemburgo

1,40

Distrito Federal

2,61

Espanha

1,62

Roraima

2,88

Chipre

1,78

Amapá

3,02

Irlanda

1,99

Média

1,42

Média

0,37

Fonte dos dados: IBGE. Censo demográfico 2000; IBGE. Contagem da população 2007.
EUROSTAT. Population by sex and age on 1. January of each year 2001 e 2008.

 

Conclusão

A realidade brasileira, tomada no seu conjunto, é ainda bem diferente da européia, como foi possível demonstrar, mas a comparação entre 1970 e 2007 mostra que esta diferença foi ainda muito maior nos anos 70, 80 e 90. Por outro lado, comparando as Unidades da Federação brasileira com os países europeus, em 2007, as diferenças são bastante significativas. Elas expressam a diferenciada combinação têmporo-espacial de questões econômicas, sociais, políticas, culturais e ambientais em diferentes escalas e contextos.

Entretanto, em termos gerais, a análise comparativa efetuada permite afirmar:

(i)     o Brasil está modificando rapidamente (praticamente desde 1991 e, sobretudo, neste século) sua estrutura demográfica por grupos de idade, expressa nas pirâmides etárias, o que demonstra a relevância e a rapidez do processo de transição demográfica. Por conseguinte, o Brasil tende a se aproximar ainda mais do modelo europeu nos próximos anos;

(ii)   o padrão europeu, por sua vez, também é diversificado (embora bem menos que o Brasil) e isto certamente tem sido provocado pela inclusão de novos países na União Européia, com comportamentos demográficos historicamente diferentes, especialmente os do Leste europeu, com relação aos países formadores, França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Itália e Luxemburgo;

(iii)  as diferenças entre o Brasil e a Europa são mais fortes comparando as pirâmides dos países europeus com as dos estados brasileiros; entretanto, para os estados do grupo 3 (Santa Catarina, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal) os contrastes são menores o que indica a maior relevância do processo de transição demográfica nestes estados.

Sem dúvida, o Rio Grande do Sul é o estado brasileiro que mais avançou neste aspecto: é o que tem menor participação da população de 0 a 4 anos e de 0 a 14 anos, uma baixa taxa de fecundidade, a menor taxa de crescimento anual, além de ter a maior participação da população de idosos (65 anos e mais) e o maior índice de envelhecimento. Assim, ele é, comprovadamente, o estado mais “europeu” do Brasil, do ponto de vista demográfico.

Por outro lado, a Irlanda é o país europeu que mais se aproxima do padrão brasileiro: elevada participação de crianças de 0-4 anos e de crianças e jovens de 0-14 anos, baixa participação da população de 65 anos e mais, alta taxa de fecundidade e alta taxa de crescimento da população, média razão de dependência e baixo índice de envelhecimento.

Portanto, a comparação das estruturas etárias entre o Brasil e a Europa suscita relevantes questões e desdobramentos para novas pesquisas.

 

Bibliografia

BÄHR, Jürgen. Bevölkerungsgeographie. Stuttgart: Ulmer, 1983.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo demográfico 1970, 1980, 1991 e 2000.

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE).  PNAD, 2007. [Em linha]. <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/listabl.asp?c=261&z=t&o=3>. [20 de julho de 2008].

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE).  Síntese dos indicadores sociais 2007. [Em linha]. <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2008/default.shtm>. [31 de maio de 2009].

STATISTICAL OFFICE OF THE EUROPEAN COMMUNITIES (EUROSTAT). Population by sex and age on 1.January of each year 1971, 1981, 1992, 2001 e 2008. [Em linha]. <http://epp.eurostat.ec.europa.eu/extraction/evalight/EVAlight.jsp?A=1&language=en&root=/theme3/demo/demo_pjan>. [20 de julho de 2008].

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SILVA, Barbara-Christine N. e SILVA, Maina P. Estruturas etárias da população do Brasil e dos estados brasileiros. RDE - Revista de Desenvolvimento Econômico, 2007, ano 9, n° 16, p. 93-97.

THE UNITED NATIONS CHILDREN'S FUND (UNICEF). Total fertility rate 2007. (Italy, United Kingdom and Belgium). [Em linha]. <http://www.unicef.org/infobycountry/>. [31 de maio de 2009].

WOODS, Robert. Theoretical population geography. London; New York: Longman, 1979.

 

[Edición electrónica del texto realizada por Gerard Jori ]

 

© Copyright Silva, Silva , 2010.
© Copyright Scripta Nova, 2010.

 

Ficha bibliográfica:

SILVA, Barbara-Christine Nentwig y Maina Pirajá SILVA. Brasil e Europa: uma análise comparativa das estruturas etárias. Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. [En línea]. Barcelona: Universidad de Barcelona, 10 de febrer de 2010, vol. XIV, nº 314. <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-314.htm>. [ISSN: 1138-9788].

 

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