Menú principal

Índice de Scripta Nova

Scripta Nova
REVISTA ELECTRÓNICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES
Universidad de Barcelona. ISSN: 1138-9788. Depósito Legal: B. 21.741-98
Vol. XIV, núm. 331 (19), 1 de agosto de 2010
[Nueva serie de Geo Crítica. Cuadernos Críticos de Geografía Humana]

 

PLANEJAMENTO URBANO DO CIBERESPAÇO: A FORMAÇÃO TERRITORIAL DE REDES COMUNITÁRIAS ACADÊMICAS NO BRASIL

 Hindenburgo Francisco Pires
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
hindenburgo@uerj.br

Planejamento Urbano do Ciberespaço: A formação territorial de redes comunitárias acadêmicas no Brasil (Resumo)

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à FAPERJ – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, através do Programa Pró-Ciência, pelo apoio e financiamento a esta pesquisa. Esta pesquisa investiga a participação do planejamento urbano do ciberespaço na implantação das Redes Comunitárias de Ensino e Pesquisa (Redecomep), no Brasil. O objetivo é revelar quais foram às ações estratégicas de políticas públicas para a implantação da Redecomep nas metrópoles brasileiras. A realização deste trabalho requereu os seguintes procedimentos metodológicos de investigação: a) levantamento bibliográfico; b) pesquisas em fontes, arquivos públicos e sítios-webs; c) estudos e mapeamentos das redes metropolitanas; d) entrevistas com gestores de redes. Para demonstrar como foi constituído a Redecomep, este artigo foi subdividido em três partes:

  1. Pequena história recente da formação das redes tecnológicas e acadêmicas;
  2. O planejamento das redes comunitárias de educação e pesquisa (Redecomep)
  3. Políticas públicas e estratégicas territoriais de implantação da Redecomep nas metrópoles brasileiras.

Assim, este trabalho revela como ocorreu a elaboração da mais importante rede comunitária de ensino e pesquisa da América Latina.

Palavras chave: planejamento urbano, ciberespaço, redes comunitárias acadêmicas, política públicas, Redecomep.

Urban Cyberspace Planning: The territorial formation of academic community networks in Brazil (Abstract)

First at all, I would like to thank to the FAPERJ – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, through the Pro-Science Program by the support and financing to this research. This research investigates the role of urban cyberspace planning in the establishment of Community Education and Research Networks (Redecomep) in Brazil. The objective is to reveal which strategic actions of public policies were involved in the implementation of Redecomep in Brazilian metropolises. The fulfillment of this paper required the following methodological investigative procedures: a) bibliographical assessment; b) research of sources, public archives and websites; c) studies and charting of metropolitan networks; d) interviews with network managers. In order to demonstrate how Redecomep was established, this essay was subdivided into three parts:

  1. A brief recent history of the creation of technological and academic networks;
  2. The planning of community networks for education and research (Redecomep)
  3. Public and strategic territorial policies for the implementation of Redecomep in Brazilian metropolises.

Thus, this paper reveals how the elaboration of Latin America’s most important community network of education and research occurred.

Key words: urban planning, cyberspace, academic community networks, public policies, Redecomep.

Pequena história recente da formação das redes tecnológicas e acadêmicas

“O estudo genético de uma rede é forçosamente diacrônico. As redes são formadas por troços, instalados em diversos momentos, diferentemente datados, muitos dos quais já não estão presentes na configuração atual e cuja substituição no território também se deu em momentos diversos. Mas essa sucessão não é aleatória. Cada movimento se opera na data adequada, isto é, quando o movimento social exige uma mudança morfológica e técnica. A reconstituição dessa história é, pois, complexa, mas igualmente ela é fundamental, se queremos entender como uma totalidade a evolução de um lugar.” (Milton Santos, 1995, p. 209).

As idéias de Milton Santos foram uma fonte permanente de inspiração para o estudo da formação das redes tecnológicas e acadêmicas que iremos apresentar.

Estudar o planejamento do ciberespaço no período atual requer dos geógrafos uma atualização e conhecimentos técnicos sobre arquitetura de rede (Egler, 2007, p.34), rede sociais, tecnologias de redes e novas tecnologias de informação e comunicação. Pois, o futuro do planejamento urbano nas grandes cidades poderá ser influenciado também pela organização e pela reestruturação dos usos dessas redes do ciberespaço urbano.

Em 1988, quando publicamos o artigo “Geografia, Gestão Urbana e Tecnologia de Informação: Os bastidores do uso da tecnologia da informação”, resultado da conclusão da dissertação de Mestrado em Desenvolvimento Urbano na UFPE, estava claro que o aparelhamento e o uso da tecnologia de informação, através da instalação de redes tecnológicas, representava a ampliação da base do poder decisório dos governantes e da sociedade no espaço local. Nesta dissertação efetuamos um estudo de caso da EMPREL - Empresa Municipal de Informática e sua atuação na Gestão Urbana da Cidade de Recife, constituída em 1939.

A partir de dados fornecidos pela EMPREL, efetuamos um levantamento de todas as redes tecnológicas da “máquina administrativa” da Cidade do Recife (Pires, 1988; Girão, 2003). A EMPREL desempenhou um papel ativo e histórico na implantação de redes tecnológicas do ciberespaço urbano no Recife, tornando mais eficientes: o planejamento, a gestão urbana; a articulação das ações entre as secretarias municipais e as empresas de obras públicas no espaço local.

Este tema tem sido objeto de trabalho de historiadores e especialistas da área de informática. Na área de informática cumpre destacar a importância dos trabalhos historiográficos desenvolvidos por Michael Stanton. Entre os seus artigos sobre a formação das redes de educação e pesquisa no Brasil merecem ser destacados:

a.       NonCommercial Networking in Brasil, escrito por Michael Stanton, em 1993;
b.      A Evolução das Redes Acadêmicas no Brasil: Parte 1 - da BITNET à Internet, produzido por Michael Stanton, em 1998;
c.       Building optical networks for the higher education and research community in Brazil, artigo escrito por Michael Stanton, José Luíz Ribeiro Filho e Nelson Simões da Silva, em 2005.

Dentro da área de Geografia, Stephen Graham, em 1999, em seu artigo “Towards Urban Cyberspace Planning”, foi um dos pioneiros a prevê que caminhávamos em direção ao planejamento do ciberespaço urbano, e também ao pretender desmitificar o ideário utopista de Marshall McLuhan, Alvin Toffler, Paul Virilio, John Naisbitt e Patricia Aburdene, que pregava que os avanços nas telecomunicações iriam acarretar o fim das distâncias, das fronteiras, do espaço e conseqüentemente o “fim das cidades”. Stephen Graham (1999, p.10) também evidenciou a necessidade de se debater questões sobre o urbano e o planejamento em temáticas relacionadas ao ciberespaço:

“Apesar da importância central do ‘urbano’ nos debates sobre o ciberespaço, questões especificamente urbanas sobre política e planejamento têm estado constantemente ausentes nos debates não acadêmicos e acadêmicos.” [1]

Em 2005, havíamos efetuado um breve histórico sobre a produção e o planejamento morfológico do ciberespaço no Brasil e sobre o papel de destaque desempenhado pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP)[2], no processo de inclusão digital e na estruturação da Internet brasileira (Pires, 2005).

O ciberespaço brasileiro é hoje um complexo territorial articulado de redes sócio-tecnológicas em conexão e em permanente expansão (Pires, 2009). A história da “informatização do território”, da implantação de estruturas virtuais de acumulação ou da formação do ciberespaço brasileiro é fruto da ação de sujeitos sociais, dos avanços tecnológicos e também da espacialização dos pontos de presença (pops) no backbone da RNP.

A estruturação e o planejamento do ciberespaço brasileiro como acontecimentos, podem ser explicados e periodizados em cinco fases (Stanton, Ribeiro Filho e Silva, 2005, p.576), a partir da investigação: das ações de sujeitos sociais, das iniciativas de políticas públicas, dos avanços e inovações tecnológicas introduzidas e, também, a partir da análise de como a combinação destes aspectos influencia o desenvolvimento e a expansão das redes acadêmicas de ensino e pesquisa no território.

Assim, resumindo essas fases, essa estruturação e planejamento podem ser constatados através do quadro 1, a seguir:

 

Quadro 1.
Breve Histórico das Fases de Estruturação do Ciberespaço no Brasil

FASE 0

(1987 – 1991)

Capacidade de Enlace: de 4.800 até 9.600 bps

As Origens da ANSP e da RNP

Esta fase foi marcada pelos seguintes acontecimentos: a) criação da Rede Acadêmica em São Paulo – ANSP (an Academic Network at São Paulo), em 1988 (Stanton et al., 2005); b) estabelecimento de enlaces internacionais de 4.800 bps (bits por segundo) com as redes Fermi National Accelerator Laboratory (Fermilab), BITNET, DECNET, USENET, HEPNET (High Energy Physics Network)[3]; c) criação da Rede Nacional de Pesquisas – RNP, em 1989, pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), a partir do anteprojeto elaborado pelo Laboratório Nacional de Redes de Computadores (LARC) (Stanton, 1998; Carvalho, 2006, p.98), com o objetivo de implantar a ciberinfraestrutura da espinha dorsal (backbone)[4] da primeira rede acadêmica no território nacional[5]. A idéia era prover e garantir o acesso à Internet avançada às Instituições de Pesquisa e Ensino no Brasil.

Cf. imagem do backbone e dos 11 pontos de presença (pops): <http://www.rnp.br/_media/backbone/bkb_mapa1991.png>

FASE 1

(1992 – 1993)

Capacidade de Enlace: de 9.600 bps até 64 kps

A RedeRio de Computadores e a Eco 92

Esta fase foi marcada pelos seguintes acontecimentos: a) implantação do primeiro IP do backbone nacional pela RNP (Stanton et al., 2005, p.576); b) criação da RedeRio de Computadores pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), para garantir a realização da Conferência Mundial da ONU sobre Meio Ambiente - Eco 92; c) o estabelecimento de enlaces internacionais de 9.600 bps com a Universidade da Califórnia, em Los Angeles, UCLA e com a University of Maryland (Carvalho Júnior, 2005, p. 24), operando com tecnologia MBONE (Multicast Backbone)[6]; d) participação do IBASE - Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, e de seu provedor Alternex, no estabelecimento de enlaces internacionais de 64 Kbps (quilobits por segundo) à Internet global [7]; e) ampliação das ramificações do backbone da RNP em onze estados, com enlaces girando em torno de 9.600 bps a 64 Kbps, em 1993[8].

Cf. imagens da RedeRio e do backbone da RNP com os 16 pops das 50 Instituições de Ensino e Pesquisa:

<http://www.rederio.br/mapa/mapa2.htm>

<http://www.rnp.br/_media/backbone/bkb_mapa1994.png>

FASE 2

(1994 - 1995)

Capacidade de Enlace: de 64 kbps até

 2 Mbps.

Origem da Internet Comercial e do Comitê Gestor

Esta fase foi marcada pelos seguintes acontecimentos: a) saturação dos enlaces internacionais de 64 kbps e ampliação pela RNP das conexões para 2 Mbps, entre o Rio de Janeiro e de São Paulo, em 1994; b) consolidação dos protocolos TCP/IP e disseminação de serviços na Internet (Pires, 2005); c) surgimento de navegadores (web browser) de Internet em modo texto, como o Lynx; d) estabelecimento do Comitê Gestor (CG) da Internet, em 1995[9]; e) consolidação de instrumentos jurídicos para a regulamentação da Internet comercial.

Cf. imagem do backbone em 26 pops de 419 Instituições de Ensino e Pesquisa:<http://www.rnp.br/_media/backbone/bkb_mapa1996.png>

FASE 3

(1996 - 2003)

Capacidade de Enlace

de 1 Mbps até

155 Mbps.

Surgimento do RNP2 -ATM e das ReMAVs

Esta fase foi marcada pelos seguintes acontecimentos: a) melhoria na (ciber) infra-estrutura do backbone da RNP e evolução da Internet pública; b) expansão de provedores comerciais, em 1996; c) elaboração de projetos para a implementação das 11 “Redes Metropolitanas de Alta Velocidade” (ReMAVs) [10], denominada, em 1997, de RNP2; d) consolidação, no final dos anos 90, dos primeiros enlaces tecnológicos internacionais de até 8 Mbps; e) implantação de enlaces internacionais baseados em tecnologias de transmissão Asynchronous Transfer Mode (ATM/3com) e Frame Relay (FR), em 2000; f) inauguração do novo link internacional entre o RNP2 e a Americas Path Network (Ampath), com capacidade de 155 Mbps, esta conexão permitiu a conexão inicial do RNP2 à Internet2, em 2001;

Segundo o sítio-web da RNP: “O RNP2 foi planejado para atender às instituições de ensino e pesquisa federais, prioritariamente as 52 Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) e as Unidades Federais de Pesquisa (UPs), bem como outras instituições públicas e privadas de pesquisa que sejam qualificadas através de projetos específicos de colaboração ou desenvolvimento de novas tecnologias [11].

Cf. imagem do backbone e dos pops do RNP2-ATM e das 11 REMAVS: <http://www.rnp.br/_media/backbone/bkb_mapa2000.png>

FASE 4

(2004 – 2005)

Capacidade de Enlace por ano:

a) em 2004: de 2 Mbps até

622 Mbps.;

b) em 2005: de 4 Mbps até 10 Gbps.

RNP2-SDH ou Rede Giga

Esta fase foi marcada pelos seguintes acontecimentos: a) início do processo de financiamento do projeto Rede Giga em 2002; b) inauguração do novo link internacional, com capacidade de até 622 Mbps, entre a RNP2 e a rede de Cooperação Latino-Americana de Redes Avançadas (Clara). Esta conexão permitiu a conexão da RNP2 à rede européia Geánt, em 2004; c) alteração dos enlaces ATM e FR do backbone RNP2 por enlaces SDH (synchronous digital hierarchy ou hierarquia digital síncrona); d) início da implantação do backbone do RNP+ ou Rede Giga (2 Gbps) de alto desempenho, que interligaria as principais Instituições de Ensino e Pesquisa;

Cf. imagens do backbone da RNP2:

<http://www.rnp.br/_media/backbone/bkb_mapa2004.png>

<http://www.rnp.br/_media/backbone/bkb_mapa2005.png>

FASE 5

(2005 até hoje)

Estruturação das Redes IPÊ – WDM e Redecomep - DWDM

Esta fase foi marcada pelos seguintes acontecimentos: a) implantação da Rede multigigabit IPÊ em 27 estados, com enlaces tecnológicos em WDM e DWDN (wave division multiplexing technology - Dense wavelength division multiplexing), que permitem conexão de 2,5 a 10 Gbps; b) lançamento dos projetos de inovação em redes e para comunidades específicas, como Redes Comunitárias de Educação e Pesquisa (Redecomep) e Rede Universitária de Telemedicina – RUTE; c) elaboração da reunião de Planejamento da futura RNP ou REDEH, em maio de 2008(28.05.2008), durante o 9º WRNP, realização no Rio de Janeiro [12].

Cf. imagem do backbone da Rede IPÊ:

<http://www.rnp.br/_media/graficos/backbone-rnp-200911.jpg>

Tabela baseada nas fases sumarizadas por Stanton, Ribeiro Filho e Silva no artigo: “Building optical networks for the higher education and research community in Brazil”, 2005.

 

Ao defender a idéia de Milton Santos, de se efetuar um “estudo genético” das fases de estruturação das redes no território, fomos ao encontro das demandas sociais[13] (Egler, 2007, p. 28) e das ações de políticas públicas, que semearam o atual processo de planejamento das redes comunitárias acadêmicas no Brasil.

O planejamento das redes comunitárias de educação e pesquisa (Redecomep)

Criada em 2005, pela Portaria Nº 395 do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), a Redecomep foi estabelecida para dar suporte às aplicações avançadas, nas áreas de: computação, telemedicina (mantida pela Rede Universitária de Telemedicina – RUTE[14]), física de partículas, meteorologia, etc.

Sua implementação teve como meta viabilizar a consolidação de uma rede de alta velocidade (multigigabits), nas cidades que contam com os pops do backbone da RNP, para integrar, a baixos custos, às principais instituições de instituições de pesquisa e educação superior das regiões metropolitanas brasileiras, com fibras ópticas e tecnologias complementares baseadas em rádio ou WiMAX[15].

A implantação dessas redes, pode indicar o surgimento da FASE 6 na história recente da Internet no Brasil? A Redecomep é fruto da evolução e dos avanços tecnológicos alcançados recentemente pelo MCT e pela RNP, no desenvolvimento da mais importante rede científica e acadêmica América do Sul.

Além da conexão com os pops da Rede IPE, que integrava mais 350 instituições de ensino superior e pesquisa brasileiras[16], a Redecomep possui também 4 conexões internacionais com outras redes acadêmicas, como: Rede Clara (Pires. 2006, p.251), Miami, Internet 2, Western Hemisphere Research & Education Networks e Links Interconnecting Latin America - WHREN-LILA, esta última fornece um link de 10 gigabits.

Segundo ainda a RNP, estima-se que o MCT, através da agência Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP, com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FNDCT, tenha investido R$ 13 milhões em fibra própria e R$ 10 milhões em equipamentos, para proporcionar uma estimativa de 1.200 quilômetros (km) de cobertura óptica em 16 cidades do território brasileiro.

Segundo matéria publicada em 28/09/2009 pelo Portal do MCT[17], os dados foram mais otimistas:

“De acordo com a RNP, 33 cidades já assinaram o memorando de entendimentos para a criação das redes comunitárias, incluindo a participação de 410 instituições. Também foram investidos R$ 27 milhões em fibras próprias e em equipamentos. A estimativa de cobertura da Redecomep é de 1.600 quilômetros. Após a implantação de cada rede metropolitana, a gestão da operação, custeio e sustentabilidade ficam a cargo dos órgãos usuários”.

Mas, em um levantamento que efetuamos, agora em janeiro de 2010, constatamos um crescimento um pouco menor tanto na extensão da ciberinfraestrutura de fibras ópticas como no número de instituições participantes da Redecomep que podem ser comprovados através do Quadro 2 a seguir, baseada em informações e estimativas recentes fornecidas pela RNP:

 

Quadro 2.
Redecomep nas principais Regiões Metropolitanas do Brasil

NOME DA REDE, CIDADE E ESTADO

EXTENSÃO EM KM

INSTITUIÇÕES CONSORCIADAS

INSTITUIÇÕES PARCEIRAS

MAPA E IMAGEM DA REDE

NA INTERNET

REDE ICONE -RECIFE/PE

67,70

18

3

http://www.redecomep.rnp.br/_images/consorcios/1.jpg

REDE METRO. DO RIO DE JANEIRO/RJ

236,00

27

5

http://www.redecomep.rnp.br/?consorcio=2

METROMAO-MANAUS/AM

42,00

10

3

http://www.redecomep.rnp.br/_images/consorcios/3.jpg

REDE METRO. DE RIO BRANCO/AC

35,7

7

2

http://www.redecomep.rnp.br/_images/consorcios/5.jpg

RAAVE-MACEIÓ/AL

25

3

1

http://www.redecomep.rnp.br/_images/consorcios/6.jpg

REDE METRO. DE MACAPÁ/AP

38

6

2

http://www.redecomep.rnp.br/_images/consorcios/7.jpg

REMESSA-SALVADOR/BA

106,4

14

3

http://www.redecomep.rnp.br/_images/consorcios/8.jpg

GIGAFOR-FORTALEZA/CE

72,1

14

3

http://www.redecomep.rnp.br/_images/consorcios/9.jpg

REDE METRO. DE BRASÍLIA/DF

65,48

19

0

http://www.redecomep.rnp.br/_images/consorcios/10.jpg

METROVIX-VITÓRIA/ES

49,3

8

3

http://www.redecomep.rnp.br/_images/consorcios/11.jpg

METROGYN-GOIÂNIA/GO

66

13

3

http://www.redecomep.rnp.br/_images/consorcios/12.jpg

REDE METRO. DE SÃO LUIS/MA

43,36

6

2

http://www.redecomep.rnp.br/_images/consorcios/13.jpg

REDECOMEP-BELO HORIZONTE/MG

20

7

2

http://www.redecomep.rnp.br/?consorcio=14

REDE METRO. DE

CAMPO GRANDE/MS

49,51

7

0

http://www.redecomep.rnp.br/_images/consorcios/15.jpg

PANTANEIRA-CUIABÁ/MT

26,39

6

2

http://www.redecomep.rnp.br/_images/consorcios/16.jpg

METROBEL-BELÉM/PA

40

9

4

http://www.redecomep.rnp.br/_images/consorcios/17.jpg
http://www.pop-pa.rnp.br/metrobel/images/metrobel/metrobel.png

METROCG-CAMPINA GRANDE/PB

38,6

7

1

http://www.redecomep.rnp.br/_images/consorcios/18.jpg

REDE METRO. DE TERESINA/PI

39,97

6

3

http://www.redecomep.rnp.br/_images/consorcios/19.jpg

REDE METRO. DE CURITIBA/PR

110,92

14

3

http://www.redecomep.rnp.br/_images/consorcios/20.jpg

http://www.pop-pr.rnp.br/tikimovies/mapa-comep.png

GIGANATAL-NATAL/RN

43,9

7

0

http://www.redecomep.rnp.br/_images/consorcios/21.jpg

REDEBV-BOA VISTA/RR

41,71

5

3

http://www.redecomep.rnp.br/_images/consorcios/23.jpg

METROPOA-PORTO ALEGRE/RS

70,77

19

3

http://www.redecomep.rnp.br/_images/consorcios/24.jpg

REMEP-FLN-FLORIANOPOLIS/SC

35,1

14

3

http://www.redecomep.rnp.br/_images/consorcios/25.jpg

METROAJU-ARACAJÚ/SE

28,75

4

0

http://www.redecomep.rnp.br/_images/consorcios/26.jpg

REDE METRO. DE PALMAS/TO

33,3

4

1

http://www.redecomep.rnp.br/_images/consorcios/27.jpg

METROSAMPA-SÃO PAULO/SP

145,5

13

1

http://www.redecomep.rnp.br/_images/consorcios/28.jpg

Nº CIDADES: 26

KM 1.571,46

267

56

 

Tabela baseada nas informações disponibilizadas pelo sítio-web da Redecomep: <http://www.redecomep.rnp.br>; Obs. A Rede Metropolitana de Porto Velho/RO está em fase de implantação.

 

Segundo o Coordenador do projeto Redecomep pelo MCT, José Luiz Ribeiro Filho (2009)[18], a situação atual do processo de implantação da Redecomep no Brasil é a seguinte:

Mas, de acordo com estimativas fornecidas pela RNP, a Redecomep implantará 1.571,46 km de extensão de fibras ópticas e terá mais de 323 instituições participantes.

A extensão, em km, dos investimentos em ciberinfraestrutura de fibras ópticas projetados para as grandes regiões brasileiras, evidencia a seguinte ordem de classificação a ser instalada: em primeiro lugar, com 29,6% da ciberinfraestrutura de fibras ópticas, está a região Nordeste; em segundo lugar vem a região Sudeste, com 28,7% da ciberinfraestrutura de fibras ópticas; em terceiro lugar está a região Norte, com 14,7%; em quarto lugar está a região Sul, com 13,8% e, em quinto lugar vem a região Centro-Oeste, com 13,2% da ciberinfraestrutura de fibras ópticas da Redecomep (figura 1).

 

Figura 1. Ciberinfraestrutura regional de fibras ópticas no Brasil em Km.
Baseado nos dados fornecidos pela RNP: <htpp//www.redecomep.mp.br/>, 2009.

 

Das 26 cidades que participam do projeto da Redecomep, 10 lideram o ranking no tamanho da ciberinfraestrutura de fibras ópticas projetadas, são elas: Rio de Janeiro; São Paulo, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Goiânia, Brasília e Campo Grande (figura 2).

 

Figura 2. Redecomep. Extensão da ciberinfraestrutura de fibras ópticas em 10 cidades brasileiras.
Baseado nos dados fornecidos pela RNP: <htpp//www.redecomep.mp.br/>, 2009.

 

O Rio de Janeiro é atualmente a cidade que possui o maior número de instituições participantes no projeto de implantação da Redecomep do Brasil, são 27 instituições consorciadas e 5 parceiras. Mais adiante iremos analisar a experiência de implantação dessa rede na cidade do Rio de Janeiro.

A pergunta que se faz é: Como o projeto da Redecomep pode ser executado em uma conjuntura de crise internacional do capitalismo?

Analisando essa questão, pode-se perceber que uma combinação de fatores tornou possível a implantação do projeto da Redecomep no Brasil:

Segundo Peter Knight (2008),

“Entre essas empresas se encontram... as companhias distribuidoras de energia elétrica. A maioria delas – assim como empresas ferroviárias, a Petrobrás (nos seus gasodutos e petrodutos) e outras empresas de luz, gás e energia – possui fibras ópticas próprias, com excessiva capacidade devido ao melhoramento contínuo das tecnologias de transmissão de dados para cabos de fibra óptica. Ao estabelecer tais parcerias, as redes da Redecomep podem expandir enormemente o alcance de suas redes a um custo muito baixo”.

Assim, os fatores, que explicam o sucesso da Redecomep, são: a) inovações e aplicações acadêmicas avançadas no ensino, na pesquisa e na formação em rede sociais colaborativas; b) baixos custos de implantação e aumento da velocidade de conexão em gigabits nos pops; c) presença de atores sociais comprometidos com a sustentabilidade do projeto e otimização da capacidade ociosa das redes tecnológicas; d) redução dos impactos da divisão digital global no território e aumento da competividade da logística de comunicação do ciberespaço brasileiro; c) aperfeiçoamento da articulação nas políticas públicas de promoção e desenvolvimento tecnológico regional.

Políticas públicas e estratégicas territoriais de implantação da Redecomep nas metrópoles brasileiras

Nesta parte do artigo iremos revelar como se constituíram as políticas públicas para a implantação da Redecomep nas metrópoles brasileiras.

A Experiência de implantação do projeto piloto da Redecomep em Belém

O projeto piloto de implantação da Redecomep na cidade de Belém do Pára, se constituiu na primeira experiência de implantação dessa rede no Brasil. A criação da MetroBel, em 2007, foi um importante passo à implementação dessa rede em outras regiões metropolitanas.

O ponto de partida foi um estudo de viabilidade econômica, efetuado pela RNP em 2004 (Stanton e Abelém, 2004), que tinha como meta suplantar a dependência tecnológica que as IPEs possuíam em relação às operadoras de telecomunicações e criar uma nova rede de fibras ópticas com custos menores que os praticados pelas concessionárias de serviços de utilidade pública (Stanton, 2009, p.10). Esse estudo demonstrou que isso era possível.

Os argumentos utilizados pela empresa MetroBel para a criação de uma nova rede foram:

“Como os custos anuais de contratação de serviços em Belém são da ordem de R$ 20 mil por circuito de 256 Kbps e R$ 43 mil por circuito de 1Mbps. Desta forma, uma conexão urbana de 10 Mbps teria um custo anual estimado em R$ 140 mil.

O investimento total previsto numa rede própria com 30 pontos de acesso de 1 Gbps (como foi proposto inicialmente pela MetroBel), em cinco anos, seria de R$1.100.000, além do custeio estimado em R$ 120 mil por ano. Neste cenário, os custos de uma conexão de 1 Gbps corresponderiam a R$11.333 por ano, pouco mais da metade do preço de uma conexão de 256 kbps para cerca de 4 mil vezes a banda.

Diante desses valores e como o modelo tradicional de telecomunicações passa para a operadora os benefícios das economias de escala resultantes da agregação de tráfego na sua rede. A solução foi procurar fazer reverter estes benefícios para a comunidade de IPEs através de aquisição e operação em conjunto de recursos de telecomunicações para resolver o problema de acesso local nas áreas urbanas de Belém e Ananindeua. Deste esforço surgiu a Metrobel.”[19]

A participação decisiva do MCT, através da FINEP com recursos do Fundo Amazônia, do governo municipal e das instituições públicas locais, contribuiu para a implantação da rede Metrobel. Com um custo de implantação orçado em R$1.400 milhão, esta rede que atualmente tem 52 km, interliga 13 instituições na região metropolitana de Belém.

Outra importante ciberinfraestrutura no Estado do Pará é a Rede Navega-Pará [20], esta rede utiliza as linhas de alta tensão de duas concessionárias de serviços de utilidade pública, a Eletronorte – Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. e a Rede das Centrais Elétricas do Pará S.A. - CELPA, para interligar o sistema educacional estadual em 12 infovias[21]. Esta rede permite um extraordinário intercâmbio entre as escolas de vários municípios do Pará.

Com a experiência desenvolvida no Pará, a partir da utilização das linhas de alta tensão de duas concessionárias de serviços de utilidade pública, a Eletronorte e a Rede Celpa, o governo federal pretende replicar o sucesso dessa iniciativa no território brasileiro.

E essa possibilidade passou a ser real quando o governo federal conquistou na justiça, em 2009, o direito de utilizar e operar 16 mil quilômetros de cabos de fibras ópticas ociosas, que estão interligados paralelamente à rede de transmissão de energia elétrica em 18 Estados no País, da antiga concessionária da Eletrobrás, a empresa Eletronet S.A. O backbone da rede Eletronet[22] abrange mais de 15 regiões metropolitanas e quase 66% do território brasileiro.

Para consolidar um grande plano de implantação de banda larga no Brasil, o MCT apresentou, no final de novembro de 2009, o polêmico Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).[23]

Segundo Paulo Márcio de Mello (2010):

“Os números propostos para a expansão da infra-estrutura nacional de banda larga são significativos. Abrange 4.245 municípios, compreendendo uma população de 162 milhões de brasileiros, responsáveis por 90% do PIB, em 24 unidades da Federação. A rede, com extensão de 31,5 mil km, conectando pouco mais de 135 mil pontos, afetará a qualidade de serviços governamentais (150 redes), da educação (mais de 59 mil escolas), da segurança (5,5 mil delegacias de polícia) e da saúde (quase 46 mil hospitais, postos e outros serviços de saúde).” [24]

A idéia do governo é reduzir os custos da banda larga, promover a inclusão digital e massificar o seu uso até 2014, através da utilização da capacidade instalada de fibras ópticas das concessionárias de serviços de utilidade pública: FURNAS - Centrais Elétricas S.A., Eletrosul – Centrais Elétricas S.A., Eletronorte e Companhia Hidroelétrica do São Francisco – CHESF.

A Experiência Recente de implantação da Redecomep no Recife

A participação da EMPREL na implantação do Porto Digital e na implementação da Rede Ícone de Recife, coloca esta empresa também na vanguarda do planejamento do ciberespaço urbano do Brasil. Atualmente esta empresa é a executora do Plano Diretor de Informática e é uma das 18 instituições consorciadas a Redecomep Ícone, e vem desempenhando um papel extraordinário no planejamento e na reestruturação do ciberespaço urbano no Recife, junto com o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife - Cesar, e as instituições parceiras do projeto: a Prefeitura, a Companhia Energética de Pernambuco – CELPE/NEOENERGIA e a CHESF.

Atualmente a Rede Ícone possui um anel de fibras ópticas 67,7 km de extensão, interligando várias instituições de ensino e pesquisa, fruto de um investimento estimado em R$ 1.245.341,94. Assim como a MetroBel, a Rede Ícone implantou também sua rede com custos reduzidos, o fator chave para a obtenção deste resultado foi a parceria (joint-venture) estabelecida com a CELPE/NEOENERGIA e CHESF[25].

A experiência recente de implantação da Redecomep no Rio de Janeiro

A história da implantação das redes acadêmicas no Rio de Janeiro, desde o surgimento da RedeRio (Carvalho Junior, 2006), completará este ano 18 anos de existência. Hoje esta rede articula diretamente 70 e indiretamente 100 instituições de pesquisa e ensino, com enlaces baseados na nova tecnologia de transmissão ótica DWDM (Dense wavelength division multiplexing) - a introdução desta tecnologia permitiu mais flexibilidade nas migrações nas conexões de Mbps para Gbps, sem a necessidade de se trocar os amplificadores e multiplexadores WDM, introduzidos pela empresa Padtec [26]. A RedeRio passa por um amplo processo de reestruturação, influenciado pela implantação da Redecomep na Cidade do Rio de Janeiro.

Assim, para implementar os 235,8 km de fibras óptica da Redecomep na Cidade do Rio de Janeiro, a Prefeitura, em parceria com MCT, está utilizando a ciberinfraestrutura de fibras ópticas, de aproximadamente 227.6 km, da Companhia Municipal de Energia e Iluminação - Rioluz e da Companhia de Engenharia de Tráfego – CetRio (figura 3). Essa implementação exigiu a constituição de um comitê gestor, que englobasse as seguintes instituições públicas: RedeRio/FAPERJ, RNP, PREFEITURA, IPLAN-Rio, CET-Rio, Rio Luz, METRO-RIO, Supervia Trens Urbanos e Proderj. A coordenação deste comitê é mantida pela RedeRio e a FAPERJ.

 

Figura 3. Backbone e ramificações da Redecomep na cidade do Rio de Janeiro, 2010.
Fonte: DINFO-UERJ, 2009.

 

Atualmente a Redecomep, na Cidade do Rio de Janeiro, possui 127 pontos de presença, 79 destes estão articulados às Instituições Acadêmicas, 28 vinculados à Prefeitura, 22 estão com a Supervia e 17 são utilizados pelo Metrô. Funcionando também com tecnologia DWDM a Redecomep contará com 40 canais de 40 Gbps e irá operá-los a uma velocidade de até 10Gbps [27].

Além dos quase 236 km de fibras óptica, esta rede possui também, segundo Márcio Portes de Albuquerque e Ney Castro[28], 188,3 Km de anéis e ramais (77%) e 47,5 Km de derivações (23%). Os cabeamentos ópticos da rede ocorreram 60% por via subterrânea e 40% por via aérea (Cabos de 48 fibras ópticas).

A arquitetura ou topologia da Redecomep na Cidade do Rio de Janeiro está estruturada no formato de anéis (figura 4), bastante utilizados por outras redes metropolitanas brasileiras. A escolha deste tipo de topologia permite conexões de rede com taxa de transmissão flexível entre 622 Mbps e 10 Gbps[29].

 

Figura 4. Anéis da Redecomep na cidade do Rio de Janeiro, 2009.
Fonte: DINFO-UERJ, 2009.

 

Esta rede segundo a RNP será a maior rede metropolitana de alta velocidade da América do Sul[30]. O crescimento de investimentos externos diretos no Rio de Janeiro, conjugado ao fato desta cidade abrigar, em 2014, uma Copa e, em 2016, uma Olimpíada, fortalecerá ainda mais esta tendência.

Conclusão

O crescimento dos usos sociais de novas tecnologias de informação e comunicação nas grandes cidades proporcionou a formação de um complexo articulado e interdependente de redes tecnológicas urbanas, o mosaico dessas redes permanentemente interligadas, em expansão, forma o ciberespaço urbano. A provisão dos serviços urbanos das grandes metrópoles contemporâneas depende dessa ciberinfraestrutural informacional. A implantação da ciberinfraestrutura de fibras ópticas na Redecomep coloca o Brasil entre as nações que possuem condições técnicas e tecnológicas para enfrentar os desafios do desenvolvimento econômico e social do novo milênio.

A convergência das tecnologias de comunicação, informação e mídia passaram a exigir o planejamento do uso das redes das empresas e concessionárias de serviços públicos e a otimização da capacidade ociosa do ciberespaço urbano. Ao contrário das utopias políticas e dos determinismos tecnológicos que pregavam o “fim das cidades”, as relações sociais, as novas tecnologias e as cidades se articulam e se imbricam, tornando o estudo do planejamento do ciberespaço, no período atual, um desafio extraordinário para os geógrafos. Estudar a geografia do ciberespaço não é apenas efetuar um levantamento das ciberinfraestruturas que compõe os núcleos urbanos. A cibergeografia se propõe a analisar: a) as possibilidades de apropriação social, econômica e política do ciberespaço; b) a dialética da articulação entre o espaço real e o espaço imaterial; c) como o ciberespaço pode contribuir no aprimoramento das relações sociais e na produção em rede de conhecimentos coletivos.

Com a formação de redes comunitárias acadêmicas de colaboração, como a Redecomep, o cotidiano do professor e do pesquisador mudou, permanecemos horas pesquisando na internet, nos comunicando e produzindo colaborativamente em rede, construindo novos saberes multimidiáticos.

Alguns professores passaram também a dispor de recursos digitais (Lousa Digital, Internet, Plataformas digitais, etc.) para trabalhar em sala de aula, como também a distância. Uma nova pedagogia à “inteligência coletiva” na internet está em formação. A nova práxis do professor de geografia em sala de aula deverá estimular os alunos a produzirem redes sociais de colaboração, nas quais estes produzirão seus textos individuais e coletivos, apresentarão seus trabalhos, utilizando criticamente seus recursos e produzindo novos materiais de pesquisa digitais e trabalhos acadêmicos em ambientes virtuais (Ning, Facebook, etc.).

Está havendo uma mudança conceitual na prática de ensino e na pesquisa, as redes comunitárias acadêmicas colaborativas são os novos elementos de mediação pedagógica e tecnológica, que reformularão criticamente o desenvolvimento das pesquisas sobre o ciberespaço no século XXI.

 

Notas

[1] Citação original: “Despite the central importance of the 'urban' in cyberspace debates, however, specifically urban issues of policy and planning have been largely absent from both these popular and academic debates.” Stephen Graham, In: Towards Urban Cyberspace Planning: Grounding the Global through Urban Telematics Policy and Planning, 1999, p.10.

[2] Consultar a apresentação de Michael Stanton e Nelson Simões, efetuada em 2006, que fornece breve resumo da história da RNP, a evolução das fases de velocidade das redes ópticas brasileiras, resumidas em um gráfico In:“Optical Networking for Brazil’s Higher Education and Research Community”, disponível em: <www.ces.net/events/20060529/pr/stanton.ppt>> [27 de Janeiro de 2010].

[3] No Rio de Janeiro, os usuários da rede BITNET e bolsistas do CNPq eram treinados a utilizarem o software Virtual Machine (VM), no Laboratório Nacional de Computação Científica – LNCC, anteriormente localizado no Botafogo. Ao leitor faço três indicações de pesquisa sobre a história da Internet brasileira:

I.        O sítio-web“História das Redes no Brasil”, elaborado por Imre Simon, em 1997. Disponível em: <http://www.ime.usp.br/~is/abc/abc/node25.html> [27 de Janeiro de 2010];
II.      O sítio-web da ANSP: <http://www.ansp.br/projeto/historico> [27 de Janeiro de 2010];
III.   A página da RNP “linha do tempo”, disponível em: <http://www.rnp.br/rnp/timeline.html> [27 de Janeiro de 2010]

[4] A imagem do backbone <http://www.rnp.br/_media/backbone/bkb_mapa1991.png>

[5] Mais detalhes consultar “História da RNP” em: <http://www.rnp.br/rnp/historico.html>

[6] Consultar no sítio-web da RedeRio a página “Histórico”, disponível em: <http://www.rederio.br/historico.php> [27 de Janeiro de 2010].

[7] Consultar o artigo de Michael Stanton “Dez anos de Internet no país”, publicado em 2002. Disponível em: <http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/index.php/buscalegis/article/viewFile/3742/3313> [27 de Janeiro de 2010].

[8] Consultar no sítio-web da RNP a “Evolução do Backbone”, disponível em: <http://www.rnp.br/rnp/backbone-historico.html> [27 de Janeiro de 2010].

[9] Conferir Portaria Interministerial nº 147 de 1995, que criou o Comitê Gestor da Internet no Brasil, disponível em: <http://www.cg.org.br/regulamentacao/notas.htm> [27 de Janeiro de 2010].

[10] Para conhecer o projeto das 11 ReMAVs, consultar as palestras dos consórcios do Projeto ReMAV, apresentadas no I Workshop RNP2 - I WRNP em 1999: <http://www.rnp.br/wrnp2/1999/> [27 de Janeiro de 2010].

[11] Consultar “Estratégia da RNP2”, disponível em:<http://www.rnp.br/rnp/rnp2.html>

[12] Para saber mais sobre a Reunião de Planejamento da Futura RNP, consultar:<http://pontal.nc-rj.rnp.br:8180/pages/viewpage.action?pageId=17269293> [27 de Janeiro de 2010].

[13] Consultar também o artigo “Diversidade metodológica para a pesquisa de redes tecno-sociais”, publicado em 2007, de Tamara Tania Cohen EGLER na Internet, em: <http://www.sociologia.ufsc.br/npms/tamara_tania.pdf> , ISSN 1982-4602, [4 de fevereiro de 2010].

[14] A Rede Universitária de Telemedicina - RUTE foi criada em 16 de março de 2006, através da Portaria n° 561 do Ministério da Saúde, esta rede foi também constituída como uma iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia, apoiada pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e pela Associação Brasileira de Hospitais Universitários (Abrahue) e coordenada pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), que tem por objetivo apoiar projetos interinstitucionais para o desenvolvimento da telemedicina no Brasil. A idéia desta iniciativa é prover a ciberinfraestrutura de serviços em TICs para os grupos de pesquisa, de modo a integrar e disseminar atividades de P&D. Esses serviços possibilitarão o desenvolvimento de novas aplicações e inovações nas áreas de saúde, além de promover a formação de uma rede colaborativa capaz de fornecer o pré-diagnóstico e a avaliação médica a distância de pesquisas nessas áreas, ou seja, a Rede RUTE contribui na disseminação de novas práticas de ensino na área de saúde e na interiorização da telemedicina. Mais informações consultar o sítio-web: <http://rute.rnp.br/> e <http://rute.rnp.br/sobre/rute/index.php> [27 de Janeiro de 2010].

[15] WiMax é o nome atribuído a organização sem fins lucrativos Worldwide Interoperability for Microwave Access Forum, criada par viabilizar a interoperabilidade entre os padrões IEEE 802.11 e 802.16. Ver informações mais detalhadas no artigo organizado por de Mônica F. da Silva et al. “Redes Sem Fio Metropolitanas Baseadas No Padrão 802.16: Um Estudo de Caso Para Belém-PA”: <www.sbc.org.br/bibliotecadigital/download.php?paper=174> [27 de Janeiro de 2010].

[16] Sanchez, Ligia In: "MCT investe R$ 39 milhões em redes ópticas metropolitanas para universidades", artigo publicado em 14/05/2007: <http://www.itweb.com.br/noticias/index.asp?cod=21220> [27 de Janeiro de 2010].

[17] Artigo publicado pelo Portal do MCT, em 28/09/2009:Campinas (SP) articula formação da Redecomep”, In: <http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/312223.html> [27 de Janeiro de 2010].

[18] Conferir a apresentação de José Luiz Ribeiro Filho no Fórum de Cultura Digital de 2009, In: “Redes Comunitárias de Educação e Pesquisa: Um novo paradigma para a implantação de redes acadêmicas", artigo publicado no site Slideshare: <http://www.slideshare.net/Culturadigital/apresentao-do-jos-luiz-ribeiro-filho-da-rnp-no-forum-cultura-digital-2009-2531030> [27 de Janeiro de 2010].

[19] Informação obtida do sítio-web da MetroBel, In:< http://www.pop-pa.rnp.br/metrobel/> [21 de Novembro de 2009].

[20] Mais informações sobre a Rede Navega-Pará, consultar: sítio-web <http://www.navegapara.pa.gov.br/> [27 de Janeiro de 2010].

[21] Os mapas completos com informações da Rede Navega-Pará e as Infovias, podem ser observados nos sítios-web: <http://www.navegapara.pa.gov.br/sites/mapas/view/>, há um mapa elaborado pelo Geógrafo Elton Peixoto que revela os traçados das infovias no Estado do Pará, consultar: <http://www.navegapara.pa.gov.br/files/u1/info_todasNova.jpg> [27 de Janeiro de 2010].

[22] Consultar o mapa do Backbone da Rede da Eletronet, em: <http://www.eletronet.com/images/mapa_rede_eletronet.jpg>.  Mais informações sobre a rede da Eletronet, consultar: <http://www.eletronet.com/rede.htm> [27 de Janeiro de 2010].

[23] Plano Nacional de Banda Larga, consultar: <http://www.mc.gov.br/wp-content/uploads/2009/11/o-brasil-em-alta-velocidade1.pdf> [21 de fevereiro de 2010].

[24] Consultar o artigo de Paulo Márcio de Mello “Ética e banda larga”, publicado em 23/02/2010, <http://www.monitormercantil.com.br/mostranoticia.php?id=75087> [24 de fevereiro de 2010].

[25] A CHESF possui 5.800 km de cabos ópticos do tipo OPGW, projetados para instalação de linhas aéreas de transmissão de energia, que possuem a capacidade de transmissão de 622/155 Mbits/s. O seu sistema de telecomunicações é gerenciado pelo Centro de Supervisão e Gerenciamento de Recursos de Telecomunicações, localizado em Recife. Mais informações consultar o sítio-web da CHESF: <http://www.chesf.gov.br/portal/page/portal/chesf_portal/paginas/sistema_chesf/sistema_chesf_tel_automacao/conteiner_tel_automacao> Mais informações sobre os cabos OPGW, conferir em: <http://poli.br/~pan/Catalogo%20de%20cabos%20de%20telecom/Pirelli/Opgw.pdf> [27 de Janeiro de 2010].

[26] A empresa Padtec, fornecedora da tecnologia DWDM, é responsável pela infraestrutura de fibras ópticas do Campus Party 2010 e ajudou a implantar a atual ciberinfraestrutura da Rede Oi, no Brasil. Consultar em <http://www.padtec.com.br/empresa/noticia.php?id_noticia=125> Mais informações sobre a implantação da tecnologia DWDM na RedeRio, consultar o artigo “DWDM em redes Metropolitanas”: <http://www.rederio.br/downloads/pdf/nt00102.pdf> [27 de Janeiro de 2010].

[27] Consultar o artigo “REDE RIO/FAPERJ comemora aniversário anunciando novos projetos” <http://portal.cbpf.br/index.php?page=Noticias.VerNoticia&lang=en&id=241> [27 de Janeiro de 2010].

[28] Márcio Portes de Albuquerque e Ney Castro. REDECOMEP – Rio, Rio de Janeiro, Palestra efetuada no CEFET/RJ, em 2009. Texto ainda inédito cedido pela DINFO/UERJ.

[29] Mais detalhes sobre a topologia de rede em anel, consultar artigo citado anteriormente na nota 23.

[30] Segundo Márcio Albuquerque, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), esta rede, no Rio de Janeiro, deverá ser a maior América Latina, com cerca de 140 Gbps de capacidade total e mais de 200 km de extensão: In: <http://www.rnp.br/noticias/2008/not-080604.html>. Esta mesma afirmação foi também formulada no artigo de Peter Knight “RNP, Redecomep e Eletronet”, publicado na revista Banco Hoje, em setembro de 2008, pp. 16-17. In:<http://www.tedbr.com/publicacoes/bancohoje2008/bancohoje09-08.htm> [27 de Janeiro de 2010].

 

Bibliografia

CARVALHO, Marcelo Sávio Revoredo Menezes de. A trajetória da Internet no Brasil: do surgimento das redes de computadores à instituição dos mecanismos de governança. [Em linha]. Rio de Janeiro: Dissertação de Mestrado apresentada no Programa: Engenharia de Sistemas e Computação da COPPE/UFRJ, 2006, 259 f. <http://www.nethistory.info/Resources/Internet-BR-Dissertacao-Mestrado-MSavio-v1.2.pdf>. [27 de Janeiro de 2010].

CARVALHO JÚNIOR, Ronaldo Pimenta de. Redes Acadêmicas e a Morfogênese do Ciberespaço Fluminense: a RedeRio de Computadores. Rio de Janeiro, [Em linha]. Rio de Janeiro:  Dissertação de Mestrado, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2006, 173 f. <http://www.cibergeo.org/artigos/Carvalho_Junior_dissertacao_mestrado_06092006.pdf> [27 de Janeiro de 2010].

COHEN EGLER, Tamara Tania (org.). Ciberpólis: redes no governo da cidade. Rio de Janeiro: 7letras, 2007.

GIRÃO, Cecília Silva. Porto Digital do Bairro do Recife: Uma Ilha de Riqueza em um Mar de Pobreza. [Em linha]. Rio de Janeiro: Dissertação de Mestrado, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2005, 356 f. <http://www.cibergeo.org/artigos/Cecilia_Girao_Dissertacao23082005.pdf>. [27 de Janeiro de 2010].

GRAHAM, Stephen. Towards Urban Cyberspace Planning: Grounding the Global through Urban Telematics Policy and Planning. In DOWNEY, John & MCGUIGAN, Jim. Technocities. London: Sage Publications Ltd, 1999, p. 9-33. Este artigo pode ser encontrado em <http://www.ncl.ac.uk/guru/assets/documents/ewp26.pdf>. [27 de Janeiro de 2010].

GRAHAM, Stephen. Planejando Lugares Cibernéticos: Cidades, Novas Tecnologias de Comunicação e o Futuro do Planejamento. In SCHIFFER, Sueli (org.). Globalização e Estrutura Urbana. São Paulo: FAPESP/Hucitec, 2004, p. 60-70.

KNIGHT, Peter Titcomb. RNP, Redecomep e Eletronet. Revista Banco Hoje, setembro de 2008, p. 16-17. [Em linha]. <http://www.tedbr.com/publicacoes/bancohoje2008/bancohoje09-08.htm>. [27 de Janeiro de 2010].

LEVY, Pierre. As tecnologias da Inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. 3ª Ed. São Paulo: Edições Loyola, 2000.

PIRES, Hindenburgo Francisco. Reflexões sobre o advento da cibergeografia ou o surgimento da geografia política do ciberespaço: contribuição a crítica à geografia crítica. [Em linha]. São Paulo: II Encontro Nacional de História do Pensamento Geográfico, 2009. <http://enhpgii.files.wordpress.com/2009/10/hindenburgo-pires.pdf>. [21 de Novembro de 2010].

PIRES, Hindenburgo Francisco. Digital migration and regulation of the virtual structures of accumulation in Brazil. In MCDONOUGH, Terrence; REICH, Michael; KOTZ, David M. and GONZALEZ-PEREZ, Maria-Alejandra (eds.). Growth and Crisis: Social Structure of Accumulation Theory and and Analysis. [Em linha]. Galway: University of Ireland,  2-4 November 2006. <http://www.nuigalway.ie/ssrc/documents/SSA_Conference_E-Book.pdf> [27 de Janeiro de 2010].

PIRES, Hindenburgo Francisco. A produção morfológica do ciberespaço e a apropriação dos fluxos informacionais no Brasil. Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. [Em linha]. Barcelona: Universidad de Barcelona, 1 de agosto de 2005, vol. IX, núm. 194 (19). <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-194-19.htm>. [27 de Janeiro de 2010].

PIRES, Hindenburgo Francisco. Geografia, Gestão Urbana e Tecnologia da Informação (Os bastidores do Uso da TI no Recife). Recife: UFPE, Mestrado de Geografia. In Políticas Territoriais e Gestão Metropolitana no Norte e Nordeste. [Em linha]. Anais, Vol.1, 1988, p.170-196. <http://www.cibergeo.org/artigos/seminario_gestao_hindenburgo_1988.pdf> [27 de Janeiro de 2010].

SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. São Paulo: Editora HUCITEC, 1995.

STANTON, Michael A. NonCommercial Networking in Brasil, Proceedings do Inet'93. San Francisco, 1993. <http://www.inf.puc-rio.br/~michael/pubs/inet93.ps>.

STANTON, Michael A. A Evolução das Redes Acadêmicas no Brasil: Parte 1 - da BITNET à Internet. Boletim NewsGeneration/RNP, 10 de julho de 1998, vol. 2, nº 6. <http://www.rnp.br/newsgen/9806/inter-br.html>. [27 de Janeiro de 2010].

STANTON, Michael A. e ABELÉM, Antônio J. G. Uma Rede Metropolitana para Belém do Pará: Estudo de viabilidade (A metro network for Belém: feasilibility study). Technical Report RNP/DI/04-01. [Em linha]. <http://www.ic.uff.br/~michael/pubs/MetroBel-viabilidade.pdf>. [27 de Janeiro de 2010]

STANTON, Michael A.; RIBEIRO FILHO, José Luiz & SILVA, Nelson Simões da. Building optical networks for the higher education and research community in Brazil. Broadband Networks, 2005, vol. 2, p. 1.499-1.505. <http://ieeexplore.ieee.org/>.

STANTON, Michael A.; RIBEIRO FILHO, José Luiz; MACEDO, Vanessa. Redes Comunitárias de Educação e Pesquisa (Redecomep). Revista PoliTICs/Nupesf/Rits, março de 2009, p. 9-15. <http://www.politics.org.br/edicao_03/downloads/poliTICS_n3_MichaelStanton-JoseRibeiro-VanessaMacedo.pdf>. [27 de Janeiro de 2010].

 

© Copyright Hindenburgo Francisco Pires, 2010. 
© Copyright Scripta Nova, 2010.

 

Ficha bibliográfica:

PIRES, Hindenburgo Francisco. Planejamento Urbano do Ciberespaço: A formação territorial de redes comunitárias acadêmicas no Brasil. Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. [En línea]. Barcelona: Universidad de Barcelona, 1 de agosto de 2010, vol. XIV, nº 331 (19). <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-331/sn-331-19.htm>. [ISSN: 1138-9788].

Volver al índice de Scripta Nova número 331
Índice de Scripta Nova