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Scripta Nova |
AVALIAÇÃO DAS ÁREAS VERDES
Carlos Roberto Loboda
Doutorando em Geografia pela Faculdade de Ciência e Tecnologia/UNESP de Presidente Prudente/SP.
E-mail: crloboda@yahoo.com.br
Bruno Luiz Domingos De Angelis
Professor Dr. do Departamento de Agronomia, dos Programas de Pós-Graduação em Agronomia e Geografia Universidade Estadual de Maringá/PR.
Generoso De
Angelis Neto
Professor Dr. do
Departamento de Engenharia Civil e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da
Universidade Estadual de Maringá/PR.
Eraldo Schunk da
Silva
Professor Doutorando
do Departamento de Estatística da UEM - Maringá/PR.
Avaliação das áreas verdes em espaços públicos no município de Guarapuava/PR (Resumo)
Palavras-chaves: Espaços públicos, áreas verdes, arborização urbana,
Guarapuava.
Green areas evaluation in public spaces of Guarapuava/
PR (Abstract)
One presents in this article a proposal metodologic to evaluate the performance of the public green
areas of the City of Guarapuava/PR, more specifically
its arborization of road accompaniment of its central
area. Guarapuava is a city that counts approximately
on
Word-keys: Public spaces, green
areas, urban arborization, Guarapuava.
A arborização de cidades é uma prática relativamente
nova no Brasil: tem pouco mais de 100 anos. Desde então vem sendo realizada sem
planejamento, por causa da carência de contribuições técnicas e literatura
especializada. Trazer uma espécie de mata para as condições adversas da malha
urbana, por si só, já é uma decisão polêmica. Porém, tudo deve ser feito para a
melhoria da qualidade de vida nas grandes aglomerações humanas,
justificando-se, portanto, o plantio de árvores em ruas e avenidas. Por outro
lado, o Homem necessita do gás, do telefone, do esgoto, da água, da energia
elétrica, que são instalados nas vias públicas. Urge, no entanto,
compatibilizar a arborização urbana com os equipamentos utilizados pelas
empresas prestadoras de serviços de utilidade pública. Esta compatibilização é
possível desde que utilizemos espécies vegetais adequadas nos locais adequados.
Com isso, estaremos preservando árvores e equipamentos públicos. O uso
inadequado da arborização acarreta vários prejuízos, além dos riscos de
acidentes à população beneficiada, pois exige que os órgãos prestadores de
serviços públicos realizem podas periódicas, cortes drásticos e até mesmo a
eliminação da vegetação existente.
De acordo com Milano e Dalcin (2000), atualmente, a arborização de
acompanhamento viário é estratégica, quer como resposta às condições ambientais
adversas, quer como elemento estético da paisagem urbana; esta busca sua
compatibilização com projetos de renovação do tecido urbano. É a partir de
razões como estas que se justifica a necessidade da arborização viária na malha
urbana. No entanto, faz-se necessária uma avaliação e análise da arborização de
ruas, de modo a ter o adequado embasamento para futuro planejamento por meio da
implantação de um plano diretor. Tais estudos também contribuem,
significativamente, para a ordenação de manejo ou recuperação da arborização
existente.
Tendo em vista a complexidade que envolve o
planejamento da arborização urbana e os problemas que o norteiam, este trabalho
limitar-se-á a caracterizar, por meio da análise exploratória de dados:
· A distribuição espacial das espécies; cadastramento;
· Levantar os principais aspectos no que se refere às
características de composição, porte e situação de plantio da arborização
viária na área central de Guarapuava.
· Estes aspectos estão diretamente atrelados à análise
do espaço que se destina ao elemento árvore no meio urbano. O presente
levantamento tem como objetivo caracterizar o parque arbóreo da referida área,
levantando os possíveis problemas decorrentes da relação desigual entre o
natural e o construído associado às questões de planejamento.
Procedimentos Metodológicos
Desenvolvimento da pesquisa de campo
A partir do contato com a problemática estabelecida,
busca-se atingir sua compreensão, ao mesmo tempo em que se faz uma interpretação
da relação existente entre a arborização viária e o espaço que lhe é destinado
na área central da Cidade de Guarapuava. O instrumental básico utilizado no
estudo proposto consistiu em duas partes principais:
· Um levantamento da quantidade, localização e
distribuição da arborização no local de estudo;
·
Aplicação do sistema
amostral para levantamento quantitativo da arborização de acompanhamento viário
da área central da cidade.
Sendo um estudo de caso específico, o método desenvolvido
foi adequado para as características locais, seja na adequação dos formulários,
avaliação, análise e interpretação. Considerando que a pesquisa estaria
alicerçada em um levantamento que focalizasse dois aspectos quantitativos da
arborização viária, procedeu-se à adequação de um formulário que fosse ao
encontro do proposto. Esse formulário passou a ser denominado de ficha de
campo, e permitiu o levantamento das seguintes informações:
· Identificação da espécie arbórea.
· Porte (altura total e altura da primeira
bifurcação).
· Diâmetro (diâmetro de copa; diâmetro longitudinal –
paralelo à calçada; raio em direção a rua – transversal à calçada; e, raio em
direção ao muro ou construção – transversal à calçada).
· Qualidade - condição geral da árvore atribuindo-se
nota dentro de uma escala numérica de
1 – árvore boa: vigorosa, que não apresenta sinais de danos mecânicos;
2 – árvore satisfatória:
apresenta condição e vigor médios para o local, pode apresentar pequenos
problemas de danos físicos;
3 – árvore ruim: apresenta estado geral de declínio e pode apresentar severos danos físicos.
1 – raiz totalmente de forma subterrânea;
2 – raiz de forma superficial só na área de crescimento da árvore;
3 – raiz de forma superficial, ultrapassando a área de crescimento da árvore, provocando significativas rachaduras nas calçadas.
Elegeu-se como população alvo o conjunto
de indivíduos arbóreos de acompanhamento viário que se encontram na região
central da Cidade de Guarapuava. A opção por
trabalhar com a área em curso teve suas justificativas em diversos fatores,
como: as características da cidade, tamanho, freqüência de arborização viária,
extensão de calçadas arborizadas, custo e tempo necessário para execução da
pesquisa. Tais razões influenciaram diretamente a delimitação de nosso objeto
de estudo. Outro ponto importante que determinou a área de estudo foi o fato de
que, segundo o Centro de Planejamento Urbano de Guarapuava – CEPLUG, aquela
área é o local melhor dotado de infra-estrutura. A área em questão corresponde
a 2,02 km² ou aproximadamente 3% dos 68,27 km² do perímetro urbano,
compreendendo o quadrilátero central, com limites definidos por duas principais
avenidas e duas ruas: Av. Manuel Ribas/Av. Prefeito Moacir Julho Silvestre e
Rua Professor Becker/ Rua Tiradentes.
Em função das características da área,
foi determinado o método para inventário, considerando a coleta de dados,
instrumentos e definição da população amostrável. Para diagnóstico da situação
atual da arborização, foram considerados os aspectos de ordem técnica do
“elemento árvore”, obtidos por meio de um sistemático levantamento pelo sistema
de amostragem, tendo em vista que tal método de conhecimento de todo o universo
estatístico traz considerável economia de tempo e custos. De acordo com
Coutinho e Lima (1997) o sistema de “amostragem sistemática” oferece vantagens
como facilidade na execução, baixo custo e apresenta boa adaptação aos mapas
dos locais estudados. “A amostragem sistemática possibilita uma melhor
distribuição das unidades amostrais em relação à amostragem simples”.
Considerando-se que o número de indivíduos (N = 1.168) da população alvo era
extremamente elevado, levantar individualmente todas as medidas de interesse
envolvidas no estudo revelou-se operacionalmente impossível. Assim, optou-se
por coletar os dados de interesse utilizando-se de um Plano Amostral em duas
etapas: Amostragem Estratificada e Amostragem Sistemática. Nessa fase do
trabalho, contamos com o auxilio do Projeto de Estatística Aplicada -
Des/proesta - do Departamento de Estatística da Universidade Estadual de
Maringá.
O primeiro método de amostragem consiste em dividir
a população em subgrupos (estratos) os mais homogêneos possíveis, sem estarem,
necessariamente, fisicamente próximos uns dos outros. Quanto maior a semelhança
entre os itens dentro de cada estrato, menor será a amostra a ser coletada. A
amostragem sistemática é uma variação da Amostragem Aleatória Simples (AAS).
Este tipo de amostragem consiste em retirar periodicamente amostras, a partir
de um determinado elemento ou ponto de partida. Para a aplicação do método,
exige-se uma listagem com os itens da população a serem amostrados. Geralmente,
a amostragem sistemática é utilizada quando podemos ordenar os elementos da
população. Nesse sentido, efetuou-se um inventário quantitativo total da
arborização viária do local no sentido de obter informações como: número de
espécies; e, sua distribuição na área de estudo.
Na primeira etapa, tomando como referencial a
distribuição de freqüências das espécies arbóreas encontradas, elegeram-se
quatro (4) estratos. Uma vez que aproximadamente 90% da arborização da área
estudada está concentrada em três espécies (Ligustrum
lucidum, Lagerstroemia indica e Tipuana tipu), poucas das demais espécies
entraram no levantamento amostral. Considerando que seria importante
diagnosticar a situação dessas, criou-se um novo grupo, denominado grupo
especial ou residual, onde se buscou cada uma das demais espécies na área de
estudo. Somou-se um total de 40 indivíduos de diferentes espécies. Na segunda
etapa, foi aplicada uma Fração Amostral de 20%, utilizando-se “ziguezigue” como
critério de varredura do campo.
Coleta de dados
A situação da arborização foi obtida por meio das:
· características de sua composição;
· porte das árvores;
·
situação de plantio.
Tais procedimentos tiveram o propósito de verificar
a compatibilização das árvores em sua interação com o espaço construído. Assim,
para cada uma das áreas amostradas, os dados foram coletados em formulário específico.
Banco de dados
O banco de dados foi, inicialmente, criado
utilizando-se o software Excel.
Elegeu-se o Excel por causa de sua compatibilidade com outros softwares, principalmente com “Pacote Estatístico”:
Statistical Software Analysis (SAS), que foi o software utilizado para o cruzamento dos dados. O cálculo da área
verde total, média e per capita
disponível, na região central da cidade de Guarapuava, foi realizado com base
nas áreas verdes individuais produzidas pelas 8 espécies de árvores mais
freqüentes na região de estudo. Foi considerado um efetivo total de 6.283
residentes de direito (habitantes) e 1.142 unidades de observação (árvores). A
área verde individual foi calculada a partir do raio médio (r) de cada unidade
de observação (árvore). O cálculo do raio médio foi realizado com uso da
seguinte expressão:
|
r = ¼ (Long + Rr
+ Rc) |
Onde:
Long
Þ diâmetro
longitudinal – paralelo à calçada;
Rr Þ raio em
direção a rua – transversal à calçada;
Rc
Þ raio em
direção ao muro ou construção – transversal à calçada.
A área verde (AV) para cada unidade de observação
foi calculada pela seguinte expressão:
|
AV = п . r2 |
De acordo com a restituição
aerofotogramétrica de 1996, existe um total de 6.181 árvores distribuídas
isoladamente na área central da cidade, isso considerando o verde público e
privado. No levantamento quantitativo da arborização viária da área central,
foram identificadas 19 espécies arbóreas (tabela Nº 1). Para efeito de análise,
foram consideradas as 8 espécies com maior freqüência e de maior interesse,
totalizando 113 exemplares (tabela Nº 2). Verificou-se a presença praticamente
homogênea e concentrada de poucas espécies em toda a área de estudo,
apresentando também descontinuidade com locais bem dotados de árvores em
contraste com outros totalmente desprovidos dessas.
Quadro Nº 1
Espécies
Arbóreas Utilizadas Nas Calçadas Da Área Central De Guarapuava, Número De
Árvores Por Espécies Plantadas (Nº) E Freqüência Percentual Real De Plantio
(F.R. %)
|
CÓDIGO |
NOME CIENTÍFICO
|
NOME POPULAR |
Nº |
F. R. (%) |
|
1 |
Ligustrum
lucidum |
Ligustro |
447 |
38,27 |
|
2 |
Lagerstroemia indica |
Estremosa |
318 |
27,23 |
|
3 |
Tipuana tipu |
Tipuana |
301 |
25,77 |
|
4 |
Grevillea robusta |
Grevílea |
30 |
2,57 |
|
5 |
Schinus molle |
Aroeira-salsa |
14 |
1,20 |
|
6 |
Melia azedarach |
Cinamomo |
12 |
1,03 |
|
7 |
Tibouchina granulosa |
Quaresmeira |
11 |
0,94 |
|
8 |
Tabebuia chrysotricha |
Ipê-amarelo |
9 |
0,77 |
|
9 |
Peltophorum dubium |
Canafístula |
5 |
0,43 |
|
10 |
Cassia speciosa |
Manduirana |
5 |
0,43 |
|
11 |
Eugenia uniflora |
Pitangueira |
4 |
0,34 |
|
12 |
Schinus terebenthifolium |
Aroeira |
4 |
0,34 |
|
13 |
Citrus sp |
Limoeiro |
2 |
0,17 |
|
14 |
Acer negundo |
Ácer |
1 |
0,09 |
|
15 |
Citrus aurantium var. Sinensis |
Laranjeira |
1 |
0,09 |
|
16 |
Eryobotrya japonica |
Ameixeira |
1 |
0,09 |
|
17 |
Jacaranda mimosefolia |
Jacarandá-mimoso |
1 |
0,09 |
|
18 |
Parapiptadenia rigida |
Angico |
1 |
0,09 |
|
19 |
Prunus pérsica |
Pessegueiro |
1 |
0,09 |
|
TOTAL |
|
|
1.168 |
100,00 |
A espécie mais plantada, ligustro (Ligustrum lucidum,) representa 38,27%
do total existente, enquanto a sexta mais plantada, cinamomo (Melia azedarach), representa 1,03%, divergindo da faixa dos
Quadro
Nº 2
Composição Final Da Amostra E Características Dos Estratos
|
Estratos |
Área total (m2) |
Espécies
mais freqüentes |
Amostra |
|
|
Nº |
% |
|||
|
I |
116.016,97 |
Lagerstroemia
indica; Ligustrum lucidum |
18 |
15,93 |
|
II |
190.078,76 |
Ligustrum lucidum; Lagerstroemia indica; Tipuana tipu |
25 |
12,22 |
|
III |
85.590,83 |
Tipuana tipu; Ligustrum
lucidum; Lagerstroemia
indica; Tabebuia chrysotricha |
18 |
15,93 |
|
IV |
102.127,05 |
Ligustrum lucidum; Tipuana tipu |
12 |
10,62 |
|
V |
Residual* |
Grevillea robusta;
Schinus molle; Tibouchina granulosa; Melia azedarach |
40 |
35,40 |
|
Total |
493.811 |
|
113 |
100,00 |
Obs: O grupo residual foi formado pelas espécies que não foram contempladas nos estratos amostrais.
A escala de classificação das categorias
das condições em que se encontra a arborização da área central da cidade variou
de 1 - árvore boa - a 3 - árvore ruim em estado geral de declínio,
verificando-se nessa avaliação a seguinte situação: 30,9% foram consideradas
como boas; 55,7% das árvores como satisfatórias; e, 14,16% que apresentaram
estado de declínio com sérios danos físicos. A variação da condição média da
arborização na unidade amostral foi de 1,9 com uma variação maior entre boa e
satisfatória em torno de 80%. Comparando essa condição com valores de outras
cidades paranaenses, verificou-se que foi semelhante ou menor que os
encontrados em Apucarana/PR e Cascavel/PR (Nunes, 1995), apresentando,
respectivamente, uma condição média de 1,4 e 1,9; Curitiba apresentou valores
iguais a Cascavel (Milano, 1984); em Maringá/PR (Milano, 1988), a condição
média das árvores foi melhor, com 1,6, apesar de que, em todos os locais, a
variação ficou entre boa e satisfatória.
As condições apresentadas pela arborização
em Guarapuava foram analisadas levando em consideração as características das
espécies existentes, pelas mudas utilizadas e pelos danos físicos sofridos pela
arborização. As condições menores para a Cidade de Guarapuava em comparado com
as cidades citadas acima estão relacionadas principalmente à questão da poda,
pois se verificou que os danos físicos sofridos pela arborização são, em sua
maioria, resultantes da falta de critérios específicos na execução dos
trabalhos de poda. Observou-se em campo situações em que a própria população
executa a poda da arborização e, o que é pior, sem materiais e conhecimento
técnico adequado para tal. Nesse caso, no sentido de diminuir os danos
generalizados e a necessidade constante de reparos na arborização, seria necessário
estabelecer critérios de rodízio na época de poda pelo órgão responsável,
acompanhado de critérios técnicos e programas de educação e conscientização
sobre os benefícios advindos desse bem comum à população.
De acordo com Sirkis (1999), as obras públicas,
a construção civil e outras atividades econômicas são ameaças constantes à
arborização. A falta e o excesso de água, as condições do solo e,
principalmente, a falta de cuidado da população, são ameaças que somam para a
crescente falta de arborização, cujas conseqüências fatalmente serão sentidas
pela população citadina.
Levando em consideração as espécies mais
plantadas na área central da cidade, aquelas que apresentaram as melhores
condições e indicadas para arborização foram: o ipê-amarelo (Tabebuia chrysotricha),
seguido da aroeira-salsa (Schinus molle),
tipuana (Tipuana tipu) e estremosa (Lagerstroemia indica), apesar de esta
última apresentar restritas possibilidades de contribuição para a melhoria
climática e ter seu uso justificado apenas pelas finalidades estéticas. No que
diz respeito às duas primeiras, considerando-se, entretanto a baixa
relatividade e a pouca idade dos indivíduos, são recomenda-se o contínuo
monitoramento em suas fases de desenvolvimento.
Esses resultados vêm corroborar estudo realizado por
Myszka (2001) com o intuito de levantar as principais espécies utilizadas na
arborização de acompanhamento viário de Guarapuava, e destacar aquelas que
apresentam características favoráveis às condições locais, onde dentre elas estão
presentes aroeira-salsa (Schinus molle), ipê-amarelo (Tabebuia chrysotricha) e tipuana (Tipuana tipu).
Porte das árvores
O estudo do porte das arvores baseou-se em duas
características principais: altura total e altura da bifurcação do primeiro
galho.
Dentre as árvores que apresentaram as maiores
alturas médias tem-se: Tipuana tipu (
Altura da bifurcação do primeiro galho
Para Nunes (1995: 49), um dos aspectos
fundamentais na tentativa de garantir uma melhor condição das árvores é a
qualidade das mudas a serem utilizadas. “Estas devem apresentar os seguintes
valores: altura mínima de bifurcação entre 1,8 e
De acordo com os dados apresentados na tabela Nº
Quadro
Nº 3
Média (X) E Desvio Padrão (S) Da Altura (H) E Bifurcação Do Primeiro Galho (Hb) Da Arborização
ESPÉCIES
|
ALTURA |
ALTURA DA BIFURCAÇÃO |
||
|
X (m) |
S |
X (m) |
S |
|
|
Ligustrum
lucidum |
6,30 |
1,78 |
1,33 |
0,42 |
|
Lagerstroemia indica |
3,07 |
0,97 |
1,41 |
0,44 |
|
Tipuana tipu |
9,23 |
2,58 |
1,84 |
0,59 |
|
Grevillea robusta |
8,57 |
2,62 |
2,11 |
0,95 |
|
Schinus molle |
3,61 |
0,82 |
0,96 |
0,38 |
|
Melia azedarach |
5,45 |
3,17 |
1,86 |
0,55 |
|
Tibouchina granulosa |
5,30 |
1,86 |
1,45 |
0,69 |
|
Tabebuia chrysotricha |
5,29 |
1,32 |
1,72 |
0,28 |
Diâmetro da copa
O estudo do diâmetro da copa permite uma análise do
espaço ocupado pelas árvores em sua interação com o espaço urbano construído.
Tais informações possibilitam a adequação do espaçamento que deva existir entre
as árvores, sua posição nas calçadas, além da informação quantitativa de área
verde em m² proporcionada pela arborização. As espécies que apresentam os
maiores diâmetros médios de copa foram: tipuana (Tipuana tipu) com
Distância do médio fio e construções
O valor médio de distância do meio fio
encontrado para a população amostrada foi de
Uma distância adequada do meio fio e das construções
é uma forma de garantir o livre trânsito de pedestres e evitar possíveis danos
físicos no tronco e nas porções inferiores da copa por veículos de grande porte
como ônibus e caminhões. A intensidade e distribuição da arborização viária na
malha urbana está diretamente relacionada com os aspectos morfológicos e a
tipologia das construções. O espaço destinado às árvores na área central da
Cidade de Guarapuava é reduzido, apresentando uma variação da largura da
calçada que vai de
Área livre para crescimento das árvores
A área
livre média, sem pavimentação, para o crescimento radicular das árvores, corresponde
a
De acordo com Sirkis (1999),
os casos em que em que as raízes quebram as calçadas, em geral, são ocasionados
por insuficiente espaço livre para penetração de água e ar. Este mesmo autor
sugere que para árvores com altura superior a seis metros, essa área livre deve
ter no mínimo
Arborização e
fiação aérea
Um dos principais problemas de compatibilização na
relação entre arborização e elementos construídos é a difícil relação entre
árvores e fiação elétrica e telefônica. A conseqüência, geralmente, é a poda
das árvores, via de regra de forma errada. Das oito espécies amostradas,
constatou-se que a maioria delas são de médio e grande porte, sendo que seis
dessas possuem altura média acima da altura média do primeiro, fio
Segundo Milano (1988), espécies de
pequeno porte sob fiação alta diminuem a necessidade de poda, enquanto aquelas
espécies de grande porte sob fiação baixa podem facilitar a poda de condução de
acordo com a posição da árvore em relação à projeção da fiação.
Da população amostrada na área central da
cidade, 51,33% está sob fiação elétrica. Pode-se dizer que todas se encontram a
uma distância coerente da projeção da fiação, tendo em vista que a distância
média foi de
A falta de acompanhamento técnico leva a práticas
inócuas, obsoletas, com podas contínuas e desnecessárias, chegando a serem
predatória muitas vezes; conseqüentemente, os resultados são a queda na
qualidade das poucas árvores que ainda resistem à pressão urbana e à falta de
planejamento.
Os estudos sobre arborização de acompanhamento
viário no Brasil ainda são recentes e desordenados. Por tratar-se de uma
prática relativamente nova, devido à grande carência de contribuições técnicas
e literatura especializada, têm sido intensas as buscas para a unificação de
uma política de áreas verdes urbanas. Pelo fato de ser considerado um problema
de menor importância no planejamento urbano, somente nas últimas décadas vem
integrando o instrumental legislativo de nossas cidades veiculado às questões
da percepção ambiental.
De forma sucinta, esse trabalho objetivou
apresentar os resultados mais significativos da pesquisa com o intuito de
provocar a reflexão, questionamento, ação do poder público municipal e da
população sobre a importância do patrimônio verde da cidade, instigando também
a produção de novos trabalhos.
No caso da vegetação
que compõe as calçadas da área central da cidade, identificou-se uma tendência
a homogeneidade de espécies, pois, as três espécies mais freqüentes ligustro (Ligustrum lucidum), estremosa (Lagerstroemia
indica) e tipuana (Tipuana tipu)
representam 91,37% do total. As freqüências relativas evidenciaram uma
distribuição irregular. Foram diagnosticadas 1.168 árvores e 58
palmáceas na área estudada, estando distribuídas nos
A expansão urbana acelerada e a falta de
controle dificultaram, quando do parcelamento do solo urbano, a reserva de
áreas com atributos naturais significativos para áreas verdes. Nesse sentido,
ressalta-se a necessidade de serem incentivados, nos novos projetos
paisagísticos, áreas verdes - corredores verdes, parques lineares, praças,
parques e arborização de acompanhamento viário -, pois alguns locais
considerados como praças públicas sequer apresentam uma espécie arbórea. Esses
locais devem ser priorizados, levando em consideração que ocorre uma
descontinuidade do verde público, pois a arborização viária é muito restrita,
as praças e parques se caracterizam como “ilhas verdes” em meio à “selva de
pedra” construída. A recomposição vegetal desses locais quando da reforma e/ou
adensamento de vegetação deve priorizar a utilização de espécies ocorrentes na
fisionomia de vegetação natural da região, favorecendo a biodiversidade local.
Bibliografía
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Pós-Graduação
COUTINHO, C. e LIMA, J. Métodos de amostragem para avaliação de
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© Copyright Carlos Roberto Loboda, Bruno Luiz
Domingos De Angelis, Generoso De Angelis Neto, Eraldo Schunk da Silva, 2005
© Copyright Scripta Nova, 2005
Ficha bibliográfica:
LOBODA, C.; ANGELIS, B.; ANGELIS, G.; SILVA,
E. Avaliação
das áreas verdes em espaços públicos no município de Guarapuava/PR. Scripta Nova.
Revista electrónica de geografía y ciencias sociales. Barcelona:
Universidad de Barcelona, 1 de agosto de 2005, vol. IX, núm. 194 (71).
<http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-194-71.htm> [ISSN: 1138-9788]
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número 194
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